A Mancha das Amoras

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amoras

As árvores não ficavam por perto. Tínhamos que cruzar ruas difíceis de paralelepípedo e asfalto malfeito. Cruzando um terreno alto para chegar na terra batida, seguindo por ruas tortas e meio escondidas. Era lá que as amoreiras ficavam, carregadas de frutas maduras. 

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Algumas delas, dentro das chácaras, debruçavam seus galhos sobre os muros, provocando ainda mais a nossa gula. Era temor e aventura subir nos troncos e nos ombros um do outro, para encher as mãos, os bonés e os saquinhos de papel com as amoras escuras… Depois, tingíamos a boca com o vermelho da fruta, borrando a língua, as gengivas e os lábios com a impressionista pintura! 

Minha mãe não deixava que eu fosse com a turma. O primo mais velho já tinha quinze anos. Mas eu insistia… Quem sabe um dia, ela dizia! Esse dia eu acabei escolhendo, escapando sem consentimento, numa manhã ensolarada e fria… 

Levantei junto com eles, disposta à travessura. Lembro do pijama de flanela, que deixei por dentro da calça azul, era clarinho e o tênis branco, de lacinho. 

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Saímos de fininho antes que todos acordassem e seguimos em disparada pela estrada. As árvores abarrotadas foram sendo rapidamente aparadas, enquanto nossas mãos e bocas cada vez mais arroxeadas. Às dez da manhã, decidimos voltar. Parei na última esquina e na torneira da vizinha lavei as mãos, a boca e todas as manchinhas para ninguém descobrir. Eu iria contar mais tarde… Sem muito alarde.

Mas ao chegar em casa, o olhar de mãe, sempre tão doce, rapidamente azedou. Quer dizer que a senhora foi colher amoras? A mancha escura no bolso da calça vermelhamente denunciava… 

Retirei as poucas amoras esquecidas e esmigalhadas no bolso da frente e disfarcei com ar contente… Estragou a surpresa, justo agora! Mãe… eu fui buscar pra senhora!      

 
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Ines Bari

Conheça a Coluna de Ines Bari
Sou Inês Bari, formada na Faculdade de Comunicação de Santos. Escritora, radialista, compositora, publicitária, roteirista e sonhadora na maior parte do tempo. Coordenei a Rádio Tribuna de Santos por 28 anos (1985 a 2013). Fui integrante do Grupo Picaré de Poesia Independente no período Acadêmico. Em 82 lancei o livro de poesias Sol da Noite que me levou à Bienal de São Paulo em 84. Em 2015, escrevi o primeiro livro de crônicas do cotidiano, o Inesplicando Vol.1, lançado pela Chiado Books, editora para qual faço resenhas. A partir de 2018, realizei a palestra Do Rádio ao Blog no Sesc Santos, Centro Histórico de São Vicente, Livraria Cultura em São Paulo, entre outras. Em 2020, lancei o segundo livro de crônicas, o Inesplicando Vol2, pela Chiado e participei da Bienal Internacional do Rio de Janeiro. Atualmente, além de dar continuidade ao blog de crônicas Inesplicando.blogspot.com, dedico-me ao projeto literário-musical “Vem que Trem Poesia!” Por tudo isso, são tantas histórias pra contar e espero poder compartilhar com você!

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