Outro dia de chuva forte dei uma carona para uma jovem que havia acabado de conhecer numa loja. Eu havia comprado uma peça da qual havia gostado muito e ela havia comprado várias peças entre elas algumas repetidas, o que achei estranho. Mas enfim cada um sabe de suas necessidades e dentro do carro enquanto falávamos das lindas peças da coleção ela me saiu com um lamento, dizia que não sabia como entrar em casa com aquelas sacolas sem que o marido visse. comprar
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Acabou me contando que costumava comprar muito quase sempre coisas desnecessárias e o marido estava implicando e ela também estava atolada em dívidas. Sem querer ser, mas sendo psicóloga alertei-a para a possibilidade de isso ser uma doença emocional: compulsão por compras.
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Refletir sobre isso, nunca é demais, na medida em que somos estimulados o tempo todo a comprar e desejar algo, lembrando que em todas as situações de nossa vida exige um mínimo de autoconhecimento e controle, sem dúvida.
Não podemos deixar de comentar também o quanto o consumismo, ou seja, o gasto excessivo em produtos supérfluos é um comportamento típico das pessoas na sociedade capitalista, que associa o consumo ao prazer, ao status e à felicidade.
O dinheiro não traz felicidade, mas gastá-lo serve quase como uma terapia para muitos consumistas. No caso de pessoas viciadas em compras, ação que de um modo torto faz baixar a ansiedade é sempre desencadeada por uma força de desejo mal canalizada.
O vazio interno, a angústia e as desilusões amorosas, e tantas outras frustrações irremediavelmente impostas pela vida real acabam sendo aliviadas no momento da compra.
Os consumidores compulsivos compram por prazer e, diferentemente das pessoas que compram por necessidade, são afetados por uma série de emoções associadas às compras, tais como: ansiedade, euforia, prazer, gratificação, culpa, arrependimento e vergonha. Quando são impedidos de comprar, podem sentir angústia, frustração e irritabilidade.
Além de viver uma vida paralela, onde esconder as compras da família ou do parceiro se faz mister; mentem quanto aos gastos; compram quando estão tristes ou deprimidos; sentem euforia ou ansiedade durante as compras e depois sentem culpa e vergonha após compras, por não suportar que o prazer nem sempre é total e contínuo, iludem-se alucinando uma realidade para experimentar prazer pleno.
Isso acaba trazendo grandes prejuízos financeiros pela falta de controle emocional, pois não conseguem dar às compras um verdadeiro significado, mas utilizá-las apenas como uma descarga de tensão emocional.
Evitando o contato com uma realidade de renúncias e frustrações fazendo com que ela seja sempre prazerosa, não existe nenhuma possibilidade de desenvolvimento, porque o desenvolvimento vem da possibilidade de lidar com o real, com seus altos e baixos, assim sendo o pensamento se desenvolve através da tolerância e frustração é que se passa a pensar e entender melhor a realidade que nos rodeia.
“Onde não há jardim, as flores nascem de um secreto investimento em formas improváveis.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Marcia Atik
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