Desaparecida na ilha

Gostei

.

COMENTAR(0) Compartilhar

ilha

Podia ter escolhido qualquer uma. Afinal, eram todas iguais. Escolhi a mais fina e comprida. Esbelta. Com a classe imperial das palmeiras. E uma ligeira inclinação para a direita, vista de frente, da areia para o mar… ilha

Aproveite descontos exclusivos em cursos, mentorias, eventos, festas e muito mais assinando o Clube 40EMAIS agora! Além disso, ganhe descontos em lojas, restaurantes e serviços selecionados. Não perca tempo, junte-se ao nosso clube!

Era ela a minha árvore. A escolhida. Sabe se lá porque cismei de adotar aquela árvore, que para mim se destacava no meio da Ilha Urubuqueçaba, um relicário da natureza no disputado pedaço do litoral. Era confortável olhar para a ilha e saber que a minha árvore estava lá. Esguia e altiva. Toda vez que eu passava de carro, com a urgência urbana de quem corre sem grandes motivos. Ou quando simplesmente caminhava pela areia e a avistava de pertinho. A minha árvore! Firme, forte, verdinha…

Um dia de maré baixa, cheguei ao pé da ilha. Bati com as mãos nas pedras como quem conquista um continente… e olhei para o alto! Nunca a tinha visto assim. Ângulo diferente. Ar de grandeza. Já estava adulta. Temi pela sua soberba, mas logo pude ver nas jovens folhinhas, a mesma ternura e inclinação. Humildade e gratidão. Continuava minha… 

Mas como tudo que é mortal, o tempo traz, o tempo leva… Foi numa segunda-feira. Olhei para o alto da ilha e a minha árvore não estava mais lá. Procurei com os olhos aflitos e o coração apertado. Mas, não. Havia uma fenda em seu lugar. Uma grande fenda no topo da ilha. Muitas árvores devem ter sucumbido lá. Raios? Humanos? Erosão? Fúria de Zeus? 

Continua após a publicidade

Só sei que a minha árvore partiu. Como tantas outras que me encantaram… o meu limão cravo, a árvore de kinkan e até o chapéu do sol que o vizinho, imperdoável, derrubou…. Ela se foi. Deixando saudades…

Agora se junta a terra de onde veio e simplesmente semeia outras árvores que vão surgir, iguaizinhas… ou melhor, parecidas. A minha árvore era única. A escolhida! 

Ninguém sabia que era minha. Eu sabia.

 
inteligência musical

Inteligência Musical – a música nos convida ao movimento e a relação interpessoal

povos indígenas

Povos Indígenas e o Turismo Sustentável

conceito

O conceito indispensável para o seu sucesso nas vendas

futuro da empresa

Empreendedor: qual o futuro da empresa?

cropped cabecalho - 40EMAIS

Mais nessa Coluna

Ines Bari

Conheça a Coluna de Ines Bari
Sou Inês Bari, formada na Faculdade de Comunicação de Santos. Escritora, radialista, compositora, publicitária, roteirista e sonhadora na maior parte do tempo. Coordenei a Rádio Tribuna de Santos por 28 anos (1985 a 2013). Fui integrante do Grupo Picaré de Poesia Independente no período Acadêmico. Em 82 lancei o livro de poesias Sol da Noite que me levou à Bienal de São Paulo em 84. Em 2015, escrevi o primeiro livro de crônicas do cotidiano, o Inesplicando Vol.1, lançado pela Chiado Books, editora para qual faço resenhas. A partir de 2018, realizei a palestra Do Rádio ao Blog no Sesc Santos, Centro Histórico de São Vicente, Livraria Cultura em São Paulo, entre outras. Em 2020, lancei o segundo livro de crônicas, o Inesplicando Vol2, pela Chiado e participei da Bienal Internacional do Rio de Janeiro. Atualmente, além de dar continuidade ao blog de crônicas Inesplicando.blogspot.com, dedico-me ao projeto literário-musical “Vem que Trem Poesia!” Por tudo isso, são tantas histórias pra contar e espero poder compartilhar com você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

cinco − 5 =

Scroll to top