Honoratón

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Honoratón

Buenossss.

Honoratón era uma pessoa diferenciada. De boa voz, segura, sempre convicto de suas ideias que defendia fervorosamente. Companheiro de cais do porto, era do time master, a gente apelidava esses caras mais antigos, mais espertos e mais experientes de ‘grandes mulas’. O ano era 1982/83. Nas incertezas da carreira musical, comecei num outro serviço, ainda inseguro com a rotina, nunca gostei de rotina, tentando entender e aprender. Fiquei um ano nessa condição, mas não deu, até que em 1984 parti de volta à Música, integrando uma banda de nome ‘Jornal do Brasil’, que se apresentava direto num bar de nome ‘Torto’, ali no Canal 4. Foram seis anos nesse ‘trem de doido’, até que as coisas começaram a se complicar e precisei retornar, por volta de 1990, aos navios. Foi quando comecei a conviver mais de perto com o Honoratón.

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Podemos dizer que eu e Honoratón fomos ‘amor à primeira vista’. Nos identificamos imediatamente, ele me deu algumas dicas importantes sobre a profissão, conversávamos muito sobre diversos assuntos, não tínhamos a mesma opinião, principalmente em política, mas sempre estávamos bem. Nunca brigamos, eu e Honoratón.  

Eu estava desiludido com a Música e voltei pros navios basicamente por questões financeiras e de certa forma porque queria mesmo me afastar dos palcos, praticamente desistir da carreira de músico.

Interessante então que comecei a viver aquele dia-a-dia do cais: navios, cargas, atracações, desatracações, ‘gringos’, cheiro de maresia, manhãs, tardes, noites e madrugadas em portalós e conveses, proas e popas, bombordos e borestes, porões. E eu, o ‘gostosão’, o ‘sabe-tudo’, me achava ‘O’ malandro. Foi quando percebi que o buraco, meu camarada, não era mais embaixo, ele era subterrâneo, companheiro.

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Pois é.

Mas também comecei a viver a vida social desse ambiente portuário: torneios de futebol, festas comemorativas, jantares, almoços, churrascadas. A barraca de praia, ali no Canal 5, o Grêmio Recreativo. O Sindicato. E o Sindicato era ali na Rua Almeida de Moraes, entre a Avenida Conselheiro Nébias e a Rua da Constituição e, na esquina da Constituição com a Rua Xavier Pinheiro, tínhamos o que? O Restaurante do Paco, o famoso restaurante do Paco. Ali sentávamos por tardes e tardes para muitos e muitos bate-papos e litros e litros de cerveja. Quantas histórias incríveis. Quantas risadas.

E foi num desses tantos encontros sociais, num churrasco, que conheci, apresentado por Honoratón, um irmão mais novo dele, o incrível percussionista Cláudio Honorato. E fizemos muitos, muitos sons. Eu e o irmão Claudião. Que legal, cara.

E daí comecei a retornar, paulatinamente e mais uma vez, à Música.

Ou seja, Honoratón foi um dos responsáveis pela minha volta aos palcos. Obrigado, negrón.

Aliás, Honoratón batia um violãozinho bacana e cantava, afinadaço, canções do rei Roberto Carlos, de quem era muito fã, e ‘otras cositas más’, boleros, sambas, e por aí vai. Teve um grupo, ‘Os Falcões’, se apresentaram na TV, até. E o ‘Sala de Espera’ com os irmãos e o cunhado. Ah, e ele compunha, visse, nunca esqueço da canção que fez para Santos, a cidade natal que tanto amava. Acho que foi isso tudo o que nos aproximou. 

E então conheci toda a família Honorato, a Shirley, o Clóvis, a Célia, o Tiosse, o ‘Cabeça’, a Maria Helena (que não está mais entre nós), a Ana, a molecada – hoje todo(a)s adulto(a)s e com filho(a)s – enfim. As festas, os encontros, que maravilha. Eu os tenho como minha família, também. Agradeço a oportunidade de poder ter conhecido essas pessoas especiais.

E de ter conhecido Honoratón. 

Ou Carlos Correa Honorato.

Não poderia nunca, jamais, deixar de prestar esta pequena homenagem a esse irmão que nos deixou recentemente.

Caracas, como foi difícil escrever essas palavras, mas acho que consegui.

Valeu, negrón.

Inté.

Besos a todo(a)s.

 
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Compositor, cantor, violonista e contrabaixista, Luiz Cláudio de Santos nasceu em Santos/SP. Está na estrada há mais de 40 anos, trazendo mais de 200 composições próprias na bagagem. Pisou no palco pela primeira vez aos nove anos de idade e aos quatorze compôs sua primeira canção. Fez parte de diversas bandas, como “Copos & Bocas”, “Cooperativa Afrodyzziaka”, “Jornal do Brasil”, entre outras, se apresentando em bares, SESCs, clubes, TVs e rádios de Santos e região, da capital e outros estados. Participou da gravação de um compacto simples da banda “Jornal do Brasil” em 1986. No final da década de 90, fez temporadas no Japão e Espanha, retornando ao Brasil em 2000. Lançou seu primeiro disco solo em 2012, idealizado por ele e com a maioria das composições de sua autoria. Seu disco “Luiz Cláudio de Santos” é uma mostra de anos e anos do ofício de compor. Suas letras falam das mazelas, algumas alegrias, algumas histórias de um brasileiro e seu Brasil, que vive numa cidade de praia-porto, cantadas nos mais diversos ritmos, brasileiros ou não, afoxé, funk, rock, samba e até tango. Para saber mais, conhecer e ouvir Luiz Claudio, acesse: https://www.facebook.com/luizclaudio.desantos http://www.youtube.com/user/luizclaudiodesantos?feature=watch

1 Comentário

  1. Barbara23 de abril de 2022

    Falou e falou bonito, como sempre 🙂
    sinto muito pela sua perda
    mas nada como as lembranças boas!

    Responder

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