No fundo da gaveta

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gaveta

Eu procurava minha bandana. Lembro de ter guardado naquela gaveta. Não era original, mas parecia a da Janes Joplin, em Woodstock. E servia, com uma pitada de rebeldia, na minha fantasia…

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Mas, o achado mais devastador foi o interior daquela gaveta esquecida. Aquela do meio do armário. Que eu abria só até a metade. E à bem da verdade, eu via somente a parte da frente. Onde estavam as meias de seda que eu usava nos invernos gelados. Todas, com um fiozinho puxado. 

Fui abrindo a gaveta com cuidado e mãos meio frias. Parecia um movimento interno. Peristáltico. Uma espécie de bulimia. Trazendo de volta coisas não digeridas. Peças guardadas com datas vencidas. Muito bem escondidas… 

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Depois das meias, saltaram três sabonetes. Devem ter sido sachês perfumados. Ganhei do namorado. Seriam verdes ou azulados? Agora eram translúcidos, inodoros e amassados. 

 Mais no fundo, encontrei uma luva. Minúscula. Mal cabia em meu dedo mindinho. Devia ter uns cinco aninhos quando ganhei da minha tia. Estava lá. Com seus dedinhos de sono e incontáveis anos de abandono… 

No final, as lingeries. Duas cintas-ligas! Nunca usei. Uma violeta. Outra cinza! Os botões não fechavam. Tirei rapidamente da gaveta e estavam grudadas em um corpete. Bonito. De renda preta. Ainda na moda. Se eu usasse. Se eu soubesse que tinha. Se eu lembrasse da gaveta… 

Eu nem sabia mais o que procurava. Achei uma faixa azul bacana. Poderia servir, ao invés da bandana… Mas foi no fim da gaveta, a ironia. Uma peteca de penas coloridas. E na base almofadada, um bichinho sorrindo com a frase: bem-vinda!  

Era, atrás das fantasias, a minha criança, lá no fundo, escondida. 

 
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Ines Bari

Conheça a Coluna de Ines Bari
Sou Inês Bari, formada na Faculdade de Comunicação de Santos. Escritora, radialista, compositora, publicitária, roteirista e sonhadora na maior parte do tempo. Coordenei a Rádio Tribuna de Santos por 28 anos (1985 a 2013). Fui integrante do Grupo Picaré de Poesia Independente no período Acadêmico. Em 82 lancei o livro de poesias Sol da Noite que me levou à Bienal de São Paulo em 84. Em 2015, escrevi o primeiro livro de crônicas do cotidiano, o Inesplicando Vol.1, lançado pela Chiado Books, editora para qual faço resenhas. A partir de 2018, realizei a palestra Do Rádio ao Blog no Sesc Santos, Centro Histórico de São Vicente, Livraria Cultura em São Paulo, entre outras. Em 2020, lancei o segundo livro de crônicas, o Inesplicando Vol2, pela Chiado e participei da Bienal Internacional do Rio de Janeiro. Atualmente, além de dar continuidade ao blog de crônicas Inesplicando.blogspot.com, dedico-me ao projeto literário-musical “Vem que Trem Poesia!” Por tudo isso, são tantas histórias pra contar e espero poder compartilhar com você!

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