Por Helena Fraga
Tudo começou em outubro… sim, outubro. Fui contaminada pelo vírus. Foram quinze dias de cansaço e apreensão. Graças a Deus tive sintomas leves, mas o suficiente para olhar para tudo ao meu redor de outra maneira. Para terminar o isolamento, os azulejos da área de serviço desabaram – isso porque o prédio é relativamente novo e uma barata resolveu transformar definitivamente o final do ano…
Chorei… não sei se pelo excesso de estresse acumulado do ano ou pela intrusa que tenho medo ou se não foi apenas uma desculpa para virar o jogo.
O fato é que fiz contas, liguei para alguns fornecedores de serviço e resolvi manter a tradição de antigos natais… comecei uma luta pela melhoria de qualidade de vida dentro da minha casa.
Em tempos de pandemia tudo fica um pouco mais complicado, repleto de regras e com álcool gel e máscaras de proteção por todos os lados, mas nada disso tirou o foco. Eu tinha um prazo apertado. Modificar a cara da cozinha, fazer uma mega faxina nos armários e deixar de vez tralhas que vamos acumulando ao longo de nossa existência.
O Natal é um tempo mágico. O seu coração fica mais leve e o espírito que nos envolve exige luz. Como deixar que todo esse encanto não se perdesse em um ano tão difícil e com tantas perdas?
Faço parte da população que sempre enxerga o copo meio cheio e não seria agora que isso mudaria. Estamos vivos e aqueles que amamos muito e se foram estão com Deus, então um motivo a mais para enfeitar a casa com um pouco menos de glamour, mas com o dobro do amor.
Com certeza tudo será menor em 2020. Mas, a família precisa estar reunida; é ela que nos ampara todo tempo.
A ceia não terá peru, chester, uma dúzia de sobremesas e um montão de comida para se arrastar por uma semana e emendar na próxima festa, que é o Réveillon, mas haverá encontro. A pobreza do Menino-Deus, que nasceu numa manjedoura, pode nos trazer a simplicidade e a delicadeza que o momento exige…
As orações serão pelas pessoas que partiram e de agradecimento por aqueles que estão ao nosso lado. As músicas desse Natal encontrarão eco na alma mais afeita ao que, de fato, nos é importante. Esse, certamente, é o fim de ano mais próximo que poderemos ter com quem de fato somos.
Celebremos o Natal. Com nossa velha árvore, mas com desejos novos em cada enfeite. Montemos nosso presépio com a mesma simplicidade do momento. Que nossa guirlanda traga os mais sinceros desejos de paz, harmonia e saúde a toda humanidade e que os sinos toquem na Missa do Galo presencial ou virtual.
Feliz e abençoado Natal para todos!
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