Rafael Motta: Independência: no fim, todos entendem

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Todos vivemos de símbolos e somos afetados por eles, até mesmo a ponto de fugir a qualquer tentativa de nos associarmos ao que simbolizam. Achou este começo complicado? Então, vamos melhorar, com um exemplo que vem a calhar para mais um Dia da Independência, que está aí perto: a bandeira do Brasil.

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Até a metade da década passada, o uso da Bandeira Nacional causava emoções positivas. Era associado a grandes acontecimentos políticos (a retomada das eleições diretas para presidente, a queda de Fernando Collor) e esportivos (vitórias brasileiras na fórmula 1 ou a Seleção Brasileira de futebol, especialmente em copas do Mundo). Tudo ficava verde, amarelo, azul e branco.

Agora, se torce o nariz para a bandeira. Não é culpa desse retângulo colorido que contém uma tarja branca com os dizeres “ordem e progresso”, nem mesmo de quem idealizou esse símbolo. Mas, claro, da apropriação da grandeza que o pavilhão representa por grupos que defendem a ditadura, a morte, a baderna, a transformação de adversários em inimigos que devem ser eliminados.

Brasileiros que poderiam ter reagido ao mau comportamento de outros brasileiros desnorteados por um presidente de grande língua e ações baixas também têm culpa em fazer do uso da bandeira um motivo de desconfiança. Parte desses cidadãos é liderada por grupos que destacam seus próprios símbolos, em geral vermelhos, e erraram na estratégia ao deixar as cores nacionais de lado.

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Em resumo: o Brasil ‘perdeu’ sua bandeira. Ela “não será vermelha” — exceto, talvez, quando tingida do sangue de tantos mortos por maldade ou incompetência dos poderes públicos —, mas ficou neutra, como que numa zona cinzenta e tomando para si essa cor. Quem critica o Governo torce o nariz ao ver uma bandeirinha numa janela, pensando: “Ih, esse aí defende aquele lá”.

Simbolicamente, o resgate da Bandeira Nacional ocorrerá à medida que atos de defesa do Brasil voltarem a se valer dela. Que tipos de ato? Certamente, não os de possíveis arruaceiros que acham que vão fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional no dia 7 (até porque é feriado, e nem em dia útil se acha todo mundo por ali). Mas, sim, os de defesa da Independência.

O significado principal de independência é o de liberdade. Liberdade não é fazer o que se quer, mas o que é preciso em benefício da coletividade. Ser independente para ajudar os outros, para contestar ordens esdrúxulas, para enfrentar pacificamente quem quer o mal do povo, negando-lhe seu voto na próxima oportunidade ou, dentro da lei, se organizando pela troca antecipada de governantes.

Quando dom Pedro I, imperador do Brasil, estimulado pelo santista José Bonifácio de Andrada e Silva, proclamou a Independência em relação ao Portugal, deu fim ao período em que esta nação era uma colônia. Novo sistema de governo, novas ideias, passos para a frente. Quase dois séculos depois, é tempo de fazer baixar esse espírito de novo, para sermos independentes dos tiranos.

Claro que não estamos sob ditadura, mas há a tirania da perversidade, do desprezo pela vida, do pensamento do fuzil no lugar do feijão, do Centrão que só quer dinheiro para obras e reeleição, de ministros para os quais pobres e deficientes são um estorvo — toda essa tirania precisa ser eliminada. Ela vai contra a Pátria. Vai contra Deus (você que se diz cristão já leu o Evangelho?). 

O fim dos tiranos não será já, no feriado da próxima terça-feira. Mas a Independência terá sua vez de novo, mesmo que aos poucos, porque, como diz uma gíria que já não faz sentido para os mais novos, a ficha está caindo. E, afinal, como escreveu a poetisa Cecília Meireles, liberdade é “palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.

**Este texto não, necessariamente, reflete a opinião do 40EMAIS.

Fotos colunistas rafael motta - 40EMAIS Rafael Motta, nascido em Santos e jornalista formado em 2000, trabalha desde 1993, aos 14 anos, em veículos de comunicação da Baixada Santista e de alcance nacional (portanto, já está nos 40 e mais). É editor assistente de Cidades do jornal A Tribuna e autor dos livros ‘Tarquínio – Começar de Novo’ (Editora Leopoldianum, 2012, biografia) e ‘Catorze – A Via-Sacra de Erasmo Cupertino’ (Edição do Autor, 2020, ficção). Acredita que o exercício da política pode melhorar a democracia, pois está ao alcance de todos: não é preciso ter mandato para agir politicamente. E pensa que os políticos pagos com o nosso dinheiro devem satisfações à sociedade. Quando não nos dão explicações, devemos buscá-las. Um caminho é analisar o que fazem, para entender seus objetivos.

 

 
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1 Comentário

  1. Selma3 de setembro de 2021

    Mais uma vez Rafael Motta nos brinda com um de seus textos incríveis, leve com muita informação importante, que nos faz pensar e refletir em tudo que está acontecendo em nosso país e o caminho da reflexão, com as informações pertinentes, sem ideologia partidária ou fanatismo político é que vai nos levar a provocar e exigir mudanças de rumo para o nosso país. E nos perguntando: Que país nós queremos daqui pra frente?.

    Responder

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