Rock’n roll o ano inteiro

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Jimmy Hendrix

As datas comemorativas, as famosas efemérides, servem para lembrar de fatos que marcaram um acontecimento histórico. O 13 de julho, por exemplo, é a referência para o rock. Nada contra e acho legal, mesmo porque incute o estilo no imaginário popular, que seja por míseras 24 horas. Agora, o bom mesmo é saboreá-lo 365 dias do ano.

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Com sua raiz blues, o rock procriou e gerou vertentes, multifacetadas, sem uma centralidade que o limitasse num espaço sonoro. Dos primórdios à la Elvis e Chuck Berry, nos anos 1950, passou pelo processo darwiniano da evolução, como que acompanhando tendências sociais e as mudanças que ocorriam pelo mundo. De simples diversão, para alegrar bailinhos e aventuras, escalou etapas mais incisivas, de contestação, alcançando o patamar político com acordes desafiadores.

O Festival de Woodstock, entre 15 e 17 de agosto de 1969, talvez tenha sido o ponto de partida para que o rock se fizesse ouvir não apenas como uma música para jovens da época. Já se respirava a epopeia hippie, com suas palavras de ordem de amor livre, drogas e, claro, rock’n roll. Mas o mundo, anárquico como ele só, inspirava o desassossego: havia se passado pouco mais de um ano do Maio de 1968, quando eclodiram em Paris os protestos que chamavam a atenção para as causas sociais.

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Woodstock
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Woodstock, ao contrário das efervescentes ruas parisienses, era para ter uma outra atmosfera, mesmo que embalado pelo “Paz e Amor” da contracultura. Uma releitura estética dos padrões culturais vigentes, embora já se vivesse e ouvisse Beatles e Stones. A Guerra do Vietnã deixaria de encarnar o patriotismo enquanto apenas brados do ufanismo intervencionista dos Estados Unidos. O festival, por assim dizer, elevou à enésima potência o som das balas de canhão e do calor dilacerante do napalm nas aldeias asiáticas. As guitarras deram peso aos vocais que gritavam contra o poder bélico do imperialismo e expandiram a rebeldia para além dos lares, escolas e instituições sociais.[ls_content_block id=”12227″]

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Janis Joplin

Joan Baez subiu ao palco grávida de seis meses de seu marido, o também ativista David Harris, que estava preso por se recusar a lutar no Vietnã. Janis Joplin ampliou o coro ao buscar o protagonismo feminino nas searas blues e rock, entre outras manifestações incisivas que extrapolaram o universo musical. E nada mais potente do que Jimmi Hendrix, negro num país que ainda vivia o racismo em alto grau, executando The Star-Spangled Banner, o hino nacional dos EUA, na sua cultuada e exclusiva forma de tocar guitarra.

Embora a rebeldia tenha sido seu ponto nevrálgico, e até levando-se em conta a crítica que exerceu sobre o ocidente capitalista, o próprio rock não escapou de virar um valioso objeto de consumo, como captou o intelectual britânico Eric Hobsbawm em seu livro ‘Era dos Extremos – O breve século XX (1914-1991)’: “A indústria de discos, que fez fortunas com o rock, não o criou, e muito menos planejou, mas tomou-o de amadores e pequenos executantes de esquina que o descobriram. Não há dúvida de que o rock se corrompeu nesse processo.”

Passada a efervescência do festival, o rock continuou seu processo de evolução. Atravessou os anos 1970 com vertentes até certo ponto limitadas, com a pegada hard e o nascente e vigoroso heavy metal, com Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin à frente. A partir 1976, o ciclone punk, comandado pelos Ramones, nos EUA, e Sex Pistols, na Inglaterra, arrombou as portas para sacudir o estilo que parecia estar caminhando para mais do mesmo, na brisa progressiva. A fenda aberta permitiu a multiplicação dos estilos, como a new wave, mas fez outras vertentes acordarem de um sono quase profundo.

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Sex Pistols

O Brasil também teve seus protagonistas neste palco. Mutantes, a teimosa Made in Brazil, dos irmãos Vecchione, Golpe de Estado, O Terço e outras que ainda são referência para muita gente. É isso. O rock não morre e sempre haverá quem o guie para novos experimentos e conceituações. Ou não. Estão aí os que apostam no old school, setentista, oitentista ou o que o valha. E neste processo, cada um o interpreta a sua maneira. Eu tenho a minha, e a manifesto como um estilo de vida, mas desobrigado a obedecer convenções e, principalmente, modas. Como dizem os Stones, It’s only rock’n roll, but I like it.

 
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Mario Jorge

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Mário Jorge de Oliveira é jornalista formado em 1988, pós-graduado em Comunicação e Didática, todos pela Universidade Católica de Santos (UniSantos). Trabalhou por 32 anos e dois meses no jornal A Tribuna, entre 1989 e 2021. Foi repórter, pauteiro, editorialista, subeditor e editor da Primeira Página por 18 anos e sete meses. Palmeirense e fanático por rock’n roll. Atualmente é assessor de imprensa do Sindedif (empregados em edifícios de Santos) e pós-graduando de Relações Internacionais e Diplomacia na Unisinos, de Porto Alegre/RS.

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