Depois de 34 anos na podologia, tendo cuidado de milhares de pés, tenho ainda mais certeza de que tão importante quanto o resultado final do atendimento é o cuidado que devemos ter com os instrumentos utilizados nos pés dos clientes.
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Podemos dizer que os preparativos para um atendimento em podologia requer tanta atenção, dedicação e seriedade quanto na hora em que o cliente senta na cadeira e exibe os pés para serem tratados.
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São os bastidores da podologia, aquelas atividades que o cliente não vê mas que fazem parte da rotina dos profissionais dessa área e são extremamente importantes, como a afiação dos instrumentos. Sim, porque como nós, podólogos, trabalhamos com bisturis (projetados para podologia ), e não a tradicional espátula e o famoso pauzinho de laranjeira das manicures.
Para falar a verdade, nada contra as manicures e o trabalho que exercem, desde que elas fiquem apenas no campo da estética e não invadam o campo da saúde, que é do podólogo. E para confirmar que valorizo o trabalho dessas profissionais, aqui na minha clínica eu tenho uma manicure, que cuida das mãos de nossas clientes com maestria e com todo o protocolo de esterilização de um podólogo.
Mas, voltando ao assunto da afiação de instrumentos, vejo muitos vídeos na internet que me dão calafrios, com podólogos usando bisturis cirúrgicos, ou seja, projetados para outra finalidade, pelo simples fato de que são lâminas descartáveis e os mesmos não têm necessidade de afiar.
Na minha humilde opinião, isso é um crime dentro da podologia e a margem de erro desses profissionais aumenta demais, pois o corpo humano tem formas arredondadas e esses tais bisturís cirúrgicos são extremamente retos. Percebam que linhas arredondadas e linhas retas são totalmente diferentes, evidentemente, por isso para uma podologia de qualidade, que atua com as formas arredondadas dos pés requer instrumentos também arredondados, bisturis.
A afiação de alicates acontece da forma mais tradicional e que todos conhecem, com os afiadores de faca e alicates, que em Santos existem vários. Mas com os bisturis, um podólogo de “ valor” sabe afiar e manter todos os seus instrumentos, afinal de contas, para mim o bisturi é a extensão dos meus dedos. Dentro da Clinivan todos precisam saber afiar e manter cada um dos instrumentos.
Existem também coisas curiosas envolvendo esse tema. Por exemplo: se o profissional estiver nervoso ou estressado, é melhor nem tentar afiar, pois o mesmo não irá conseguir. Afinal de contas, não é um corte normal, é um corte extremamente forte mesmo, do nível de uma navalha, quando se está estressado o profissional não consegue ser preciso na afiação.
Ao contrário do que muitos pensam, com um corte muito poderoso o cliente não corre mais risco e, sim, o contrário, porque quando o profissional trabalha com o bisturi cego ele é obrigado a imprimir mais força, e com isso está sujeito ao erro. Porém, quando o instrumento está afiado, o profissional imprime apenas o mínimo de pressão na ponta do bisturi, conseguindo remover o problema suavemente.
Também tem a questão da temperatura e, neste caso, acabo caindo um pouco nos conceitos de ciência. O metal tem a capacidade de expandir e contrair, por exemplo: com calor, ele expande e com frio, contrai. É claro que isso é imperceptível a olho nú, mas na hora de afiar isso fica muito claro, portanto o ideal é afiar sempre em dias frescos ou no ar condicionado. Aí, sim, o instrumento ficará nos trinques, pois é necessário que o mesmo esteja contraído, compactado e não dilatado, como acontece no calor!
Bom, já me empolguei um pouco. Fato é que o podólogo pode até optar por usar o bisturi cirúrgico (adaptado), mas ele tem a obrigação de saber afiar seus instrumentos pois, como eu disse, eles são a extensão dos dedos de um profissional da podologia!
Ah, faço um adendo de que na Clinivan todos os profissionais usam apenas os instrumentos que foram projetados para essa maravilhosa profissão.
Um forte abraço!
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Nossa , como esse podólogo é um gato ! Kkkkkk ( brincadeira )