Nunca fez tanto sentido aquele trecho do hino simoniano do Natal brasileiro que diz “… e o que você fez, o ano termina e nasce outra vez”. Porque, se por um lado, foi um ano em que pouco ou quase nada se fez do que estava programado, muito foi feito do que vinha sendo adiado.
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Saímos do piloto automático e tivemos que assumir o comando desse voo turbulento que foi 2020. Ainda vamos aterrissar em um 2021 nebuloso, mas agora trazemos a luz da resiliência e os passos firmes, ainda que bambeiem por vezes.
Foi um ano de perdas irreparáveis, sim – vidas ceifadas, empresas quebradas e sonhos cancelados, mas também foi o ano em que ganhamos algo precioso: tempo.
Pra olhar pra dentro, porque não podíamos estar lá fora.
Pra arrumar a casa e dar um jeito na desordem da vida.
Pra descobrir prazeres e acumular saberes.
Pra, enfim, descobrirmos como somos boas companhias pra nós mesmos.
Ou descobrir que somos péssimas companhias e cuidar disso.
Pra entender que o amor de verdade sobrevive a ausência física.
Pra praticar a difícil arte da empatia.
Ganhamos tempo neste ano em que o tempo parecia não passar. Para quem perdeu amores, só o tempo pra amenizar a dor; para quem perdeu o trabalho, o tempo ajuda a reconquistar; para quem perdeu abraços, o mesmo tempo vai compensar.
Mas quem não aproveitou todos esses meses para se redescobrir, se fortalecer, se admirar, se conectar com o sagrado e praticar a empatia, perdeu, sim, algo precioso, que não se recupera. Perdeu tempo! Perdeu muito tempo.
Desejo que todo o tempo do mundo que tivemos em 2020 ajude a transformar o mundo em um novo tempo em 2021.
E você? Neste ano eterno, o que você fez?
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