Vacina boa é a que está aplicada!

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A reação de desconfiança por parte de algumas pessoas em relação à eficácia das vacinas contra o novo coronavírus, produzidas em tempo recorde, até foi compreensível na época, muito até pela desinformação acerca de toda metodologia que envolve a produção e aprovação de uma vacina.

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E diante de diferentes imunizantes disponíveis hoje no mundo para o controle da Covid-19 é natural que ocorram comparações entre eles e especulações sobre qual seria o melhor. O fato é que não temos esta resposta. Avaliar um imunizante somente pelo critério de eficácia, definitivamente, não é o melhor caminho.

E é muito sério e preocupante, em um momento em que precisamos que estados e municípios avancem com o seu programa de vacinação, ter parte da população querendo escolher qual vacina tomar. Compromete o controle dessa pandemia e vou explicar o porquê.

O Brasil, hoje, possui 4 vacinas contra o Sars-CoV-2, autorizadas pela Anvisa, que fazem parte do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde: a CoronaVac (Butantan/Sinovac), Comirnaty (conhecida como Pfizer/BioNTech), Covishield (chamada de AstraZeneca/Oxford) e a Ad26.COV2.S (conhecida como Janssen/Johnson & Johnson).

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Estas vacinas, além de outras aprovadas em diferentes países do mundo, passaram por um processo de testes em laboratório e por 3 etapas em humanos, com rigorosos protocolos de testagem envolvendo milhares de voluntários; foram submetidas a análises criteriosas pela comunidade científica e avaliações minuciosas por agências reguladoras reconhecidas mundialmente. 

Todas elas foram consideradas seguras e eficazes para evitar casos brandos, graves, internações e mortes provocadas pela Covid-19, cumprindo com o que se propõem neste momento urgente.

Assim como o regime de aplicação, uma dose (a da Janssen) ou duas doses (CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer), o intervalo de aplicações para cada imunizante também foi determinado pelos estudos clínicos e as análises das condições que ofereciam a melhor resposta imunológica.

É verdade que notícias falsas que circulam nas redes sociais, as chamadas “fake news”, sobre a baixa eficácia de uma vacina ou a falta de segurança de outra, impulsionaram a desconfiança da população e o comportamento “sommelier de vacina”. E o antídoto é a informação, sempre!

No texto Conheça as diferenças entre as cinco principais vacinas contra a Covid-19, eu explico mais detalhadamente as diferenças entre as vacinas aqui aplicadas, mas vou relembrar de forma resumida.

É importante ressaltar que temos 3 tecnologias diferentes sendo utilizadas. A CoronaVac foi desenvolvida com uma tecnologia bem tradicional e conhecida há mais de 1 século: o vírus inativado. Nela, o vírus passa por processos de inativação que torna a partícula viral incapaz de se replicar dentro do nosso organismo e, consequentemente, de causar doença. Mas é suficiente para ser reconhecido pelo nosso sistema imunológico e induzir à produção de anticorpos.

Já a AstraZeneca e a Janssen utilizam a estratégia de vetores virais, em que um vírus geneticamente modificado (neste caso, um adenovírus) carrega o fragmento do material genético do Sars-CoV-2 que corresponde à proteína Spike, a principal proteína do coronavírus em induzir uma resposta do nosso sistema imunológico. Assim, quando dentro de nossas células, esta proteína é produzida e reconhecida pelo sistema imune, que produzirá anticorpos específicos à proteína viral.

A Pfizer utilizou uma tecnologia nova para produção de vacinas: a do RNA mensageiro (RNAm), código genético do vírus que é transportado envolto por uma microscópica bolha de gordura. Assim como nas vacinas de vetores virais, as nossas células utilizam essas informações contidas no RNAm para produzir proteínas específicas do vírus, que serão reconhecidas pelo nosso sistema imunológico e induzirão também à produção de anticorpos.

O tempo médio para alcançar a proteção total estipulada para cada vacina é de 14 dias após a imunização completa. Por isso, a importância da segunda dose, como discutido neste texto aqui na coluna.

Cada imunizante teve uma taxa de eficácia diferente, de acordo com a estratégia de estudo utilizado, mas os critérios foram diferentes em vários aspectos: para os grupos de voluntários, seus riscos de infecção, o contexto epidemiológico de cada região e o perfil da população analisada, por exemplo. 

Esse é um dos motivos pelo qual não podemos comparar os percentuais resultantes dos estudos clínicos dessas vacinas. A Anvisa priorizou as vacinas que também estavam em testes no Brasil exatamente para diminuir essas diferenças no que se refere à população analisada. 

A CoronaVac, por exemplo, teve os seus estudos, aqui no Brasil, pautados em profissionais da saúde voluntários que estavam na linha de frente do tratamento de pacientes com Covid-19, o que aumenta em muito a exposição dessa população ao vírus e, consequentemente, a probabilidade desses voluntários adquirirem o vírus. Aconteceu, inclusive, de uma mesma vacina alcançar resultados percentuais diferentes nos países testados.

Não existe, portanto, uma vacina melhor do que a outra; existem características diferentes. A CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, tem a menor taxa de eficácia, mas utiliza de uma tecnologia muito bem conhecida e parece ser a que menos dá reações adversas; a AstraZeneca, também produzida no Brasil pela Fiocruz-RJ, apresenta uma maior eficácia, mas maiores relatos de reações adversas e restrições a gestantes; a Pfizer apresenta a maior taxa de eficácia, mas exige condições de armazenamento especiais (temperatura de -75ºC) que podem comprometer sua distribuição; e a Janssen que exige apenas 1 dose, mas também não pode ser aplicada em gestantes.

O importante e fundamental é que todas elas protegem e de forma segura. Escolher uma vacina específica pela sua eficácia ou pelas reações adversas causadas é uma atitude pouco inteligente e que ameaça a saúde individual e coletiva.

A tão popular “imunidade de rebanho” só é atingida com mais de 70% da população vacinada, tendo alguns especialistas falando em 80%-90%. Essa imunidade de rebanho, também chamada de imunidade de grupo ou imunidade coletiva, consiste em alcançar o ponto em que há um número suficiente de pessoas imunes ao vírus na população capaz de interromper a transmissão comunitária e a circulação viral. 

Isso significa que quanto maior o número de pessoas vacinadas, independentemente de qual imunizante for, menor será a transmissão do vírus entre a população. Condição fundamental também para restringir o surgimento de novas variantes. Quanto mais o vírus circula, mais ele se replica, aumentando a probabilidade do surgimento de mutações no seu material genético e originando as novas variantes.

Por todos esses motivos, se faz urgente vacinar o maior número de pessoas no menor espaço de tempo. E, considerando o número ainda limitado de vacinas disponíveis no país, não faz sentido escolher qual vacina anticovid-19 tomar.

Ficar desprotegido é aumentar as chances de (re)infecção pelo novo coronavírus, dada a ainda alta transmissão viral no país. Quando as pessoas decidem escolher um ou outro imunizante específico, como verdadeiros “sommeliers de vacina”, comprometem o avanço da vacinação no país, com prejuízos individuais e coletivos para a população. 

A vacinação é um ato de responsabilidade social: você contribui para o aumento da cobertura vacinal e, consequentemente, para a interrupção da circulação do vírus e controle da pandemia.

 
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Olá, eu sou a Érika Klann, bióloga Geneticista pela UFRJ, professora, com mestrado em Virologia pela Fiocruz-RJ, apaixonada pelo universo da ciência e pesquisa. Hoje, tenho uma empresa de decoração de festas, a Klann Festas e Eventos e estou iniciando um projeto de consultoria às escolas sobre Educação em Saúde. Nesta coluna, espero trazer informação detalhada e simplificada sobre os principais assuntos da ciência. Espero que você goste!

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