Boa noite, meus leitores quarentões. Conforme prometido, vamos mergulhar de cabeça em uma das minhas trilogias favoritas, O Senhor dos Anéis. Ainda bem que agora não tivemos feriados, nem ficou calor excessivo, nem é natal, então serei obrigado a cumprir a minha promessa. Então, na próxima semana, falarei de As Duas Torres, e finalizarei com O Retorno do Rei, conforme expliquei no meu texto anterior. Mas hoje, vamos começar com o pé no acelerador com A Sociedade do Anel. Vamos?
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Existem poucos precedentes para filmes tão bons quanto a trilogia O Senhor dos Anéis. Durante três finais de ano seguidos, de 2001 a 2003, nós tivemos a oportunidade de mergulhar no universo fantástico criado por J.R.R. Tolkien. E que experiência marcante. Ouso dizer que nunca antes, e nem depois, nós tivemos filmes tão imersivos, tão antecipados, e tão satisfatórios de assistir.
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Observação: Acho que já está claro que este artigo é escrito por um fanboy (mais fã que boy) da série. Mas teremos observações pontuais sobre um ou outro problema que pode ter nos filmes. Tentarei ser imparcial.
A Sociedade do Anel, por ser o primeiro filme da trilogia, tinha a obrigação de conquistar corações e mentes de imediato para a franquia, ou os outros filmes, que estavam sendo finalizados enquanto o primeiro estreava, já seriam lançados na esteira do fracasso do primeiro. Isso é empreendedorismo de risco de primeira categoria.
E que começo sensacional. Logo nos primeiros segundos de filme, nós somos catapultados para dentro da Terra-Média, em que podemos acompanhar milênios de história do legendarium de Tolkien numa introdução de cerca de sete minutos, com a narração da sempre maravilhosa Cate Blanchett. Nesse momento, o filme já nos deixa totalmente encantados com os personagens, as situações, as batalhas nunca antes vistas, e os perigos daquele mundo. É m=uma verdadeira aula sobre como começar a contar uma história.
É interessante notar que essa introdução não está nos livros. Mas foi a maneira (brilhante) que os roteiristas Peter Jackson, Philippa Boyens e Fran Walsh encontraram de familiarizar o espectador que não conhecia a obra original com todas as informações mínimas que eles precisariam para poder entender o enredo da trama. Somente a introdução do primeiro O Poderoso Chefão é tão boa como essa!
A partir daí, já conquistados, somos levados pela saga do Hobbit Frodo Bolseiro, que, ao herdar o Um Anel de seu tio Bilbo Bolseiro, acaba sendo obrigado a sair da segurança e conforto do Condado para destruir o artefato e combater Sauron, o Senhor do Escuro.
Ao assumir a direção (além da produção e do roteiro), o diretor Peter Jackson tomou para si uma responsabilidade abissal, do ponto de vista comercial e artístico. Afinal, como mencionei, os filmes foram feitos de uma vez, e se o primeiro falhasse, os próximos também não teriam êxito. E isso levaria o estúdio a New Line Cinema, à falência. E, por óbvio, acabaria com a carreira de Jackson e da equipe. Olha o risco.
Mas Jackson entrega um filme magistral. Ciente de que a adaptação de uma obra deve se encaixar na mídia em que será adaptada, o diretor e roteiristas conseguem criar uma obra ágil, energética, e que não se distancia muito do material original. Sim, não temos Tom Bombadil. E não é Frodo, mas Gandalf, quem descobre a entrada para Mória. Mas tirando um ou outro desvio, a história dos livros é a mesma do filme. Mas, mais importante: o espírito da obra está traduzido com perfeição para os filmes. Jackson se abstém de incluir sua visão política para entregar uma adaptação fiel da obra clássica. Algo que, infelizmente,a série da Amazon falhou em entregar.
E como cineasta, a visão de Jackson surpreende: ciente de que está lidando com um épico de enorme escala, o cineasta não se furta a fazer grandes panorâmicas, que exploram os cenários naturais da Nova Zelândia, as construções em miniaturas desenvolvidas para o filme e os efeitos visuais de primeira linha. Reparem em como o cineasta desenvolve a troca de feitiços entre Gandalf, na montanha, e Saruman em sua torre, e note como ele estabeleceu um combate de dois seres que estão a quilômetros de distância de forma direta, completamente clara para o espectador, e com maestria.
Note também como o cineasta consegue captar a beleza das construções, sempre permitindo ao espectador se encantar com a descoberta de cada mundo, desde a cidade dos anões, até a altivez da floresta de Lothlórien. Jackson, sem abusar da correria, permite um tempo de respiro e apreciação que a obra necessita.
Isso ajuda o espectador a entender a complexidade daquele mundo como um todo, e a particularidade de cada cultura presente na obra, desde o mundo feito em pedra dos anões, até a beleza e delicadeza dos elfos.
A parte técnica do filme, apesar de já ter 23 anos, ainda está tinindo: repare na construção de cada figurino, é como se ajustam perfeitamente a cada personagem: dos tecidos nobres que os elfos utilizam, passando pelo figurino que denota praticidade de Aragorn, que vive na floresta e, portanto, precisa estar sempre pronto para se locomover. Repare nas roupas surradas e cinzas de Gandalf, e como parece que o mago usa as vestes à milênios. A preocupação com os detalhes é absurda, o que contribui ainda mais com a experiência imersiva da obra.
São esses pequenos e grandes detalhes que diferenciam um filme de uma obra-prima.
A trilha sonora de Howard Shore é um desbunde à parte, trazendo temas que também se encaixam perfeitamente na proposta de cada cultura vista ao longo do filme. Apesar disso, acredito que exista um excesso de música em alguns momentos da obra. Jackson e Shore parecem tentar conduzir a narrativa através da música, mas se esquecem de que em alguns momentos, o silêncio também nos ajuda a desfrutar da obra. Um pequeno lapso numa obra tão magnífica.
Mas são os efeitos visuais, inéditos até então, que roubam a cena: das grandes cenas de batalha com milhares de figurantes digitais (algo que abordarei no meu texto Premium da obra) até as criaturas completamente digitais, como o Troll das Cavernas e o Balrog, por exemplo, a equipe da Weta Digital entregou algo inédito até então, e não por acaso, hoje é uma das maiores empresas de efeitos visuais do mundo, competindo em pé de igualdade com a ILM de George Lucas.
O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, é uma obra que já se tornou clássica, iniciando com dois pés (de hobbit) direitos uma trilogia que mudaria para sempre a história do cinema. É a prova de que, com o espírito e intenções certas, é possível criar um ótimo filme. Agora, assim como na época do lançamento dos filmes, vocês devem aguardar duas semanas para ler sobre a parte dois, As Duas Torres. E eu vou correr para assistir ao filme novamente. Até a próxima!
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