Da Pequena Sereia a Cleópatra: lá vamos nos de novo.


pequena Sereia
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Olá, queridos leitores quarentões. Hoje, nós vamos entender o motivo de eu, mesmo tendo trabalhado por muito tempo e amar o cinema, não pagar para assistir as porcarias que lançam nas salas hoje em dia, preferindo ficar com os filmes antigos mesmo. Pequena sereia

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De vez em quando, na vida, a gente precisa fazer sacrifícios, e levar os sobrinhos ao cinema certamente é um deles. Admito, eu estava curioso para ver o novo A Pequena Sereia, apenas para satisfazer algumas curiosidades. Mas não ia me sujeitar a ir ao cinema ver. Ia esperar sair no torren..quer dizer, na plataforma Disney Plus. Mas eis que as crianças escolheram, e tivemos uma agradável tarde de comer porcaria e ver um filme ruim.

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Halle Bailey em A Pequena Sereia (2023) | Divulgação

E bota ruim nisso. Ao sair da sessão, eu resolvi pesquisar o que andam falando desse filme, já sabendo a resposta. E não deu outra: metade defende ardorosamente o filme, sem entender o motivo, e a outra está em pé de guerra com ele. Mas e o filme?

Bom. O filme não é bom. A produção segue a tendência (péssima) dos live actions da Disney, de recriar os filmes animados, agora com mensagens woke exageradas, caracterizações ruins e com mais de uma hora a mais do que o necessário. É uma perda de tempo, de dinheiro, e, pelo visto, de investimento. Mas esse artigo não é uma crítica ao filme, até porque não sou crítico. Mas sim uma análise de mercado. Gente: o que está acontecendo com o cinema atual?

Vamos usar esse filme e a produção (essa ainda pior) da Netflix, o “documentário” Rainha Cleópatra, para destrinchar uma tendência de mercado tão ruim, mas tão ruim, que, eu acho, pode prejudicar a indústria de maneira incontornável. 

Primeiro: pra que mudar a etnia da pequena sereia? 

Do ponto de vista exclusivamente mercadológico, isso não faz o menor sentido. Vejam queridos, a única estratégia da empresa em relançar os seus filmes mais famosos em versão live actions, é apostar na nostalgia de quem, lá atrás, se afeiçoou ao original, e quer reviver a experiência, agora mais velho, de assistir à história que marcou a sua infância. Nesse caso, uma mudança drástica como essa só pode resultar em rejeição automática por parte desse público, e, automaticamente, em perda de receita. Fazer um produto (e sim, filmes são produtos), que vai gerar esse grau de divisão na público-alvo, é dar um tiro no pé. E a Disney vem se tornando especialista em atirar no próprio pé já faz algum tempo. 

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Melissa McCarthy em A Pequena Sereia (2023) | © 2023 Disney Enterprises, Inc.

Mas você pode alegar: Mas Ricardo, é importante ter representação de minorias no cinema, para ter igualdade e blá blá blá…

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E a resposta é sim! Como representante de uma minoria, eu acredito que seja importante representar todo tipo de pessoa nas telas. Mas se, ao fazer essa tentativa, você cause um racha na audiência, a quem você representou?

E qual a qualidade dessa representação? Veja, a menina que faz o filme é uma gracinha, embora eu tenha assistido dublado, acredito que ela tenha carisma para levar a produção. Mas o que essa história tem de representação? Quando eu vi que iam trocar a etnia da pequena sereia, imaginei que, ao visitar o reino do príncipe, um país europeu, automaticamente a Ariel ia enfrentar algum tipo de preconceito, justamente por não se encaixar naquela sociedade. Mesmo sendo um filme infantil, é possível criar esses subtextos para os adultos (gente, olha o que a antiga Poder entregava, meu Deus). Mas não. Eles refizeram o país do príncipe Eric, que agora tem características europeias, mas parece ser uma espécie de Caribe, e a rainha é negra! Nem quero entrar no mérito de que essa sociedade não existiu historicamente. Mas olha que preguiça de roteiro, gente. Ao invés de criar um conflito que poderia tornar o filme mais interessante, eles só passaram por cima. Então qual a lógica? Qual o motivo? E mais importante, qual a representatividade presente na obra?

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Noma Dumezweni como Rainha Selina | Disney

Nenhuma. Colocar a princesa como negra apenas por colocar é ofensivo. É inútil. Será que é apenas para que os produtores se sintam bem? Pode ser que também. Mas o real pulo do gato vem agora.

Ao mudar a etnia da personagem, os produtores sabem que a militância vai defender com unhas e dentes, ao passo que os anti militância, e os nostálgicos vai atacar com a mesma intensidade. E o que isso gera? Relevância, especialmente online. O seu produto estará sempre nos trending topics da vida, vai ter matéria em todos os sites (inclusive os que são bem pagos pela empresa). Isso é uma típica estratégia de departamento de marketing, que é sempre o pior tipo de pessoa. Não entendem nada da arte, nem do ofício, e ficam o dia todo enfiados em pesquisas e números frios. O resultado dessa estratégia é claro: Star Wars perdeu valor de mercado. Os filmes da Pixar perderam valor de mercado. Os filmes da Disney perderam valor de mercado.

A estratégia de agradar aos Woke (ou lacradores em português) não tem consistência. Não funciona no longo prazo. Por que essa turminha representa muito pouca gente. Você desagrada uma fatia de mercado muito maior do que a que você agrada. É suicídio, people!

Além disso, os filmes Woke tendem a ser mais mal escritos que a maioria, pois falta sutileza a quem os escreve. Por exemplo: em A Bela e a Fera, original, fica claro, apenas pela canção, que a Bela é uma moça diferente das outras da vila, ela lê e estuda, enquanto as outras se arrastam pelo Gaston. Sutil maneira de dizer que a Bela é empoderada. Mas aí os que eles fazem no remake? A Bela constrói uma máquina de lavar parar ajudar a combater a opressão das mulheres. Sutil como o coice do burro. E isso se repete em todos os filmes. É beijo gay em filme de criança ( que fracassa), é personagem masculino que não tem relevância, o que prejudica a dinâmica entre os personagens. Enfim. Quando a sua atenção como artista é maior na política que na obra que você está criando, você não vai entregar um bom filme. E é a mesma coisa aqui. Claro, as crianças vão adorar. Tem cor, movimento. Eles não precisam de mais nada. Mas quem leva ao cinema, meus caros amiguinhos, são os pais das crianças. Fiquem atentos.

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Adele James em Rainha Cleópatra (2023) | Netflix

Pior que isso, é quando a obra muda a etnia de personagens históricos. E aqui chegamos ao perigoso Rainha Cleópatra. A mesma estratégia, só que pior: eles afirmam, categoricamente, que a famosa rainha do Egito era uma mulher negra. E em um documentário. Ou seja, uma baita desonestidade. Não tem nem o que dizer: Cleópatra era de origem egípcia . A controvérsia foi tanta, que o Egito resolveu processar a Netflix. E Além de tudo isso, a produção é bem capenga, com cara de carnaval barato de cidade do interior. Não percam tempo. Eu não passei do primeiro episódio.

O que eu quero dizer é que, para que exista a tal representatividade, você precisa ligar a etnia do personagem aos reais problemas que essas pessoas passaram. Por exemplo: apesar de ser um filme bobo, O Pantera Negra faz um grande trabalho nessa questão: tanto o personagem é verdadeiramente africano, como o vilão traz questionamentos sobre racismo e a condição das pessoas negras no ocidente. Michael B. Jordan rouba o filme, com um personagem muito bem escrito e interpretado. Em um filme infantil. Ou seja, dá pra fazer. 

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Michael B. Jordan e Chadwick Boseman em Pantera Negra (2018) | © 2017 – Disney/Marvel Studios

Não gosto de política. Nem de lacração. Mas quando você apenas muda a etnia do personagem do filme para fazer uma falsa representação, você está obrigando um ator negro a viver uma história branca, que não representa ninguém, a não ser a sua própria hipocrisia. Se você quer politizar uma produção, o que eu não concordo, mas é direito do produtor, ao menos faça com inteligência. Assim como A Mulher Rei, esse filme é ofensivo a todo mundo que ele se propôs a representar. 

Para finalizar. Disney. Existem uma série de lugares na África que dariam histórias incríveis. Existem histórias nos Estados Unidos que dariam filmes igualmente interessantes. Na América Latina, também. Parem de refazer, de forma pior, os seus grandes filmes, e passe a criar personagens baseados em pessoas reais. Assim, você vai representar uma boa parcela da sociedade que até hoje você não se preocupou em atender. E todo mundo vai gostar. E mais importante: o cofre vai voltar a encher. 

Semana que vem, vamos voltar aos clássicos. Pelo amor de Deus. Um beijo, e até breve.

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Ricardo Reis

Olá. Meu nome é Ricardo Reis, empresário, ex-professor e (ainda) entusiasta de cinema.

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