Olá, meus leitores quarentões! Vocês que cresceram assistindo clássicos no cinema ou na TV aberta devem estar, assim como eu, se perguntando: por que Hollywood insiste em fazer remakes de tudo e mexer no que já estava pronto? A razão de estarmos aqui hoje (além de vocês me aturarem por uns minutos) é um misto de análise e terapia. Confesso, escrevo movido por rancor. Um rancor recente, ainda em chamas, graças a Gladiador 2, que conseguiu fazer Russell Crowe girar no túmulo do figurativo, enquanto Ridley Scott pareceu descer direto ao submundo, mas não como o épico original nos ensinou. Essa abominação abriu uma ferida que só consigo tratar falando sobre uma tendência que há tempos degrada a sétima arte: os remakes e reboots e sequências que ninguém pediu.
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Vamos por partes. O conceito de remake não é novo; na verdade, ele é quase tão velho quanto o próprio cinema. Nos primórdios, os estúdios refaziam filmes com frequência, seja por limitações tecnológicas ou para adaptar histórias a novas audiências. Isso era compreensível. Mas, hoje, vivemos em um mundo onde o original está a um clique no streaming, e mesmo assim, parece que as ideias recicladas não têm fim. O problema? Nem toda reciclagem resulta em algo sustentável. Muitas vezes, é só lixo disfarçado de ouro.
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Por que remakes continuam sendo feitos?
Dinheiro, meus caros. A indústria do entretenimento, como qualquer outra, busca maximizar lucros. Criar histórias originais é arriscado. E, na lógica dos grandes estúdios, é mais fácil apostar em algo que já deu certo. Afinal, títulos conhecidos têm um apelo intrínseco. Quem não quer ver sua obra favorita ganhar uma nova vida? O problema é que dar nova vida frequentemente significa tirar a alma e substituí-la por efeitos especiais brilhantes e narrativas vazias.
Por exemplo, vejamos O Rei Leão (2019). O original de 1994 marcou gerações, com suas músicas emocionantes, animação vibrante e personagens carismáticos. O remake prometia “realismo”, mas o que entregou foi um desfile de animais inexpressivos e um roteiro que já conhecíamos, mas sem a magia de antes. Aquele Simba digital não tinha emoção nem nos momentos mais trágicos. E por falar em tragédias, vamos dar um passo para Ben-Hur (2016). Esse remake conseguiu fazer o épico de 1959 parecer uma obra indie, de tão fraco que foi.
O que dá errado nos remakes?
Os problemas se acumulam como os boletos no final do mês. Muitos desses filmes falham por três motivos principais:
- A falta de propósito: Quando o remake não traz algo novo à mesa, ele se torna um exercício de inutilidade. Psicose (1998) foi um exemplo disso. Quem achou que copiar cena por cena o original de Hitchcock seria uma boa ideia? Se eu quisesse assistir ao Psicose, assistiria ao Psicose. Não preciso de uma cópia genérica. Continua após a publicidade
- A descaracterização do original: Outra armadilha comum é tentar modernizar a história, mas acabando por destruir o que a tornava especial. Em Quarteto Fantástico (2015), os personagens foram tão desfigurados que nem mesmo os fãs da HQ reconheciam aquela tragédia. Era como assistir a uma apresentação de escola onde ninguém entendeu o tema.
- A obsessão com tecnologia: Hollywood parece achar que gráficos modernos compensam narrativas fracas. Isso é uma ilusão. Tomemos O Vingador do Futuro (2012). O original de 1990, com Arnold Schwarzenegger, tinha seu charme, um humor ácido e efeitos práticos que envelheceram melhor do que a proposta genérica e plastificada do remake.
Exemplos de fracassos que doem na alma
Para ilustrar meu ponto, aqui vai um breve desfile de horrores:
- “A Hora do Pesadelo” (2010) tentou reviver Freddy Krueger, mas deixou para trás tudo o que tornava o personagem icônico, resultando em um vilão entediante.
- “Conan, o Bárbaro” (2011) tentou dar um tom sério e sombrio ao herói, mas Jason Momoa parecia estar mais entediado do que em uma fila de banco.
- “Oldboy” (2013), um remake do filme sul-coreano, ignorou o espírito da obra original e adicionou uma pitada de “o que diabos estou assistindo?”
Esses filmes não apenas fracassaram, mas também geraram a pergunta: será que ninguém no estúdio se deu conta de que não precisávamos disso?
Quando um remake funciona?
Nem tudo está perdido, é claro. Existem remakes que conseguem superar ou ao menos fazer jus aos originais. Scarface (1983) tomou um filme de 1932 e reinventou completamente sua narrativa, contexto e personagens, tornando-se um clássico moderno. O mesmo vale para Bravura Indômita (2010), que trouxe uma nova leitura à história sem perder o respeito pelo original. A chave aqui é: adicionar algo genuíno e significativo. Mas falarei sobre isso no próximo artigo. Aguardem!
Por que os remakes mexem tanto com nosso emocional?
Nostalgia é um sentimento poderoso. Quando mexem em filmes que amamos, não estão apenas alterando histórias, mas também cutucando memórias preciosas. É como ver alguém tentar “melhorar” uma receita da sua avó; raramente dá certo, e quase sempre acaba com você pensando: Por que não deixaram do jeito que estava?
Mas nem tudo é saudade. Muitos dos remakes são ruins porque simplesmente não têm a qualidade ou o cuidado dos originais. O que era feito com paixão e autenticidade, hoje é tratado como mais um item na linha de produção de Hollywood.
O que podemos esperar?
Se depender dos estúdios, esse ciclo não vai parar tão cedo. Com streaming em alta e a busca incessante por conteúdo, os remakes continuarão sendo a galinha dos ovos de ouro — pelo menos até o público se cansar de verdade. Mas será que um dia nos cansaremos de verdade? Afinal, há algo em nós que sempre quer dar uma chance à nostalgia.
E é isso, caros leitores quarentões e também os jovens curiosos que passaram por aqui. (Aliás, Marcio, quando vamos por em prática todas as mudanças?) Meu desabafo termina aqui, mas a conversa pode continuar. Se você ainda tem alguma dúvida ou quer me lembrar de outros remakes que te deixaram irritado, use os comentários. E, por favor, deixe sua curtida no texto. Ajuda muito este colunista que ainda está digerindo o fiasco que foi Gladiador 2. Até a próxima!
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