Durante toda a nossa vida aprendemos que possuímos livre arbítrio, ou seja, somos detentores da possibilidade de decidir, de escolher racionalmente em função da nossa própria vontade.
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Será que somos realmente capazes de fazer todas as nossas escolhas durante a vida de forma racional? Antes de dar a resposta, convido você a refletir um pouco.
O cérebro é um órgão do nosso corpo capaz de pensar racionalmente de forma lógica, fazer cálculos, organizar tarefas e fazer escolhas assertivas. Isto nos é bastante claro desde que começamos o nosso aprendizado na infância. No entanto, conforme vamos ganhando idade e conhecimento, começamos a perceber que o cérebro parece ter vontade própria. Fazendo com que, muitas vezes, ele não siga as nossas vontades racionais. Com o intuito de esclarecer este fato, permita-me expor a você alguns exemplos.
Você decide que está de dieta e faz comprometimento de não comer doces. Essa é meramente uma escolha racional e cumpri-la seria poder usufruir do seu livre arbítrio. Contudo, alguém compra uma barra de chocolate e guarda a mesma no armário da cozinha. Simplesmente o seu chocolate predileto! Assim, você se pega pensando no chocolate, pensando na possibilidade de comer somente um pedaço. Mas, não! Seja forte! Você fez uma promessa e conseguirá cumpri-la!
Só que, quando você menos espera, o seu cérebro entende que chocolate gera satisfação, prazer (disponibilizando dopamina), entende que é uma fonte de energia e, portanto, irresistível. E, de repente, você se pega olhando uma, duas vezes o armário e acaba comendo o chocolate! Como eu não consegui conter o meu impulso? Você se pergunta.
Se prestarmos atenção nos eventos e escolhas do dia a dia que experimentamos ao longo da vida, ficará claro que as nossas escolhas não são totalmente racionais, como pensamos.
Outro exemplo: você decide ir a um shopping e se compromete em não comprar nada, pois está com o orçamento apertado ou não precisa de nada urgente. Ao se deparar com inúmeras promoções e ofertas, acaba comprando algo por impulso. Inclusive, muitas vezes se arrependendo depois.
E, por fim, um último exemplo: sei que a minha esposa me ama e me admira e, portanto, como ela mesma sempre afirma, eu sou o único homem que ela gostaria de ter ao lado. Sabendo disso, faço a escolha racional, na minha mente, de permitir que ela converse com outros homens em uma festa. Afinal, é um direito dela conversar com quem bem entender! De repente, eu a vejo conversando com um ex-namorado e acabo tendo uma crise de ciúmes.
O que todos esses exemplos têm em comum? Eles nos mostram que não necessariamente vamos agir da forma que decidimos racionalmente agir. Nos mostram que não temos nenhum controle das nossas escolhas.
Agora, você se pergunta mentalmente: Será que o escritor desse texto não exagerou ao afirmar que “não temos nenhum controle das nossas escolhas”? Isso não soa forte demais?
Antes de dar o desfecho a este texto, gostaria de lembrar de uma informação que eu ouvi muito na minha infância. A informação de que só utilizamos apenas 10% do nosso cérebro! Já, hoje em dia, muitos neurocientistas comprovam que essa informação era um mito criado no século XIX. E comprovam que nós utilizamos 100% do cérebro.
Entretanto, para mim, é um tanto claro que utilizamos algo por volta dos 7% a 12% do cérebro de forma cognitiva, racional (dependendo do quanto o exercitamos). E o restante corresponde ao inconsciente.
Vou explicar melhor. Quando estou conversando com alguém, a única função do meu cérebro racional é pensar no assunto que quero falar. Já a função do inconsciente é riquíssima! Escolhe as palavras de forma automática, pontua as frases, dá entonação adequada, cuida da minha respiração, da funcionalidade dos meus órgãos internos, cuida das minhas emoções, dos meus sentidos, sensores de presença, movimento, distância, luminosidade, etc.
Sendo assim, como eu poderia acreditar que o meu racional iria fazer todas as minhas escolhas e cumpri-las? Se o racional equivale a menor parte útil do meu cérebro e é uma função recente dentro da evolução da espécie?
Na verdade, o que ocorre é o contrário. Não é o racional que nos guia no dia a dia e, sim as nossas emoções! Temos a falsa ideia de estar escolhendo o tempo todo, quando na realidade, por um motivo de preservação, existe um mecanismo de defesa no cérebro que irá fazer todas as nossas escolhas e guiar nossas ações o tempo todo! E quem assume esse comando é o cérebro emocional!
Ou seja, o racional avalia ao que eu vou me expor, faz cálculos e escolhas mais assertivas utilizando a leitura dos meus sentidos e sensores. Uma vez que a escolha de agir está decidida, em milésimos de segundo, o meu cérebro emocional, através do inconsciente, acessa meu banco de memórias emocionais. Isto se dá para comparar ao que eu vou me expor agora, com as passagens da minha vida que são semelhantes a fim de me preservar.
Para elucidar, vou voltar ao exemplo da barra de chocolate. O meu cérebro racional decidiu não comer o chocolate em função da dieta. O meu inconsciente verifica em minhas memórias emocionais que todas as vezes que eu comi chocolate, tive prazer, me senti feliz e motivado. Por mais que possa fazer mal para a minha dieta comer o chocolate, vem um comando imediato e irresistível. Coma o chocolate! E para enfatizar esse “gatilho” imperativo, meu cérebro emocional aumenta a salivação, gera uma leve euforia no peito, gera vontade, para fazer com que eu não tenha escolha a não ser comer.
Eu só conseguirei vencer essa vontade se eu tiver outras memórias emocionais mais fortes para vencer esse gatilho imperativo. Como, por exemplo, ter que perder peso para ir a uma festa. O meu cérebro racional, nesse caso, reavalia as possibilidades de não comer em função da festa. Meu inconsciente lê memórias frustradas onde tive dificuldade para comprar roupas por estar acima do peso. Ou memórias onde me senti mal por estar acima do peso em algumas situações. E, para enfatizar o “gatilho” contrário: “não coma o chocolate!”, gera um “aperto no peito” e “um nó na garganta”, fazendo eu temer passar por essas situações novamente.
Porém, se após tudo isso, recebo a mensagem da minha esposa dizendo que comprou o meu chocolate predileto e que me ama. Pedindo para eu provar e lembrar dela. Pronto! O meu cérebro racional reavalia as possibilidades de comer o chocolate enquanto respondo à mensagem. Meu inconsciente lê as memórias afetivas minhas com a minha esposa. Gera um aperto no peito de saudade e uma vontade de reviver esses momentos. Vem um novo comando dizendo para eu comer o chocolate. Sendo que agora eu tenho somadas as memórias de prazer com o chocolate e as de afeto com a minha esposa.
Sim, não temos livre arbítrio! Todas as nossas escolhas racionais são comparadas e moderadas por tudo que vivemos e se encontra em nossa biblioteca de memórias emocionais. E isso ocorre o tempo todo! A cada ação, a cada nova escolha!
O seu cérebro sempre irá buscar o que gera prazer, felicidade, êxtase, mesmo que contra a sua vontade racional. E sempre irá evitar o que causou medo, insegurança, tristeza, frustração e culpas. E é exatamente por isso que quanto mais vivemos e geramos memórias emocionais, mais seremos guiados e comandados por essas experiências ao longo da vida.
Saiba na próxima semana como utilizar esse mecanismo de defesa para melhorar as escolhas e passar a controlar melhor o seu cérebro emocional e, portanto, o seu livre arbítrio!
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Parabéns!! Muito bom e nos faz refletir sobre algumas escolhas que fazemos e não entendemos o porque.
Selma, querida, muito obrigado! Agradeço sua atenção e carinho. Fico muito feliz por saber que gostou do texto. Serão 3 partes em sequência para dar um desfecho neste tema. Um fraterno abraço!