6 Filmes sobre censura e opressão


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Estamos vivendo tempos sombrios. Desde o dia 30 de outubro, quando se confirmou o resultado das eleições, até hoje, há notícias de pessoas que são caladas sumariamente pelo TSE, sob a alegação de ” atrapalhar o processo eleitoral”. Ora, mas se já faz duas semanas que acabaram as eleições, qual o sentido disso? Simples: censura não tem limites. Uma vez que quem censura toma gosto pelo ato, não tem mais volta.

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A ideia inicial era escrever sobre O Poderoso Chefão, que em 2022 celebra 50 anos de lançamento, mas diante das circunstâncias, e para relembrar na cabeça de quem por ventura, esteja aplaudindo isso, o quão ruim é viver sem liberdade, eu separei uma lista de 6 filmes sobre a vida na opressão. Mas ao menos o último é uma comédia.

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Tentei não ser óbvio na escolha, então filmes como Fahrenheit 451, que é um clássico absoluto, ficaram de fora. Também não estou entrando em muitos detalhes dos filmes, mas sim, convido o leitor a analisar os cenários onde as tramas se passam e a refletir sobre para onde podemos ir se continuarmos a seguir esse caminho. Divirtam-se.

O Encouraçado Potemkim (1925)

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Começando por dois clássicos: um clássico do cinema, e um clássico da opressão. Para quem não sabe, a Rússia, em toda a sua história milenar, nunca viveu um período democrático. Mais opressivo que isso, acho difícil.

O filme é um dos maiores clássicos do cinema, dirigido pelo grande cineasta russo Sergei Eisenstein. Um marco na construção narrativa do cinema.

O filme retrata a época das grandes insatisfações vividas na Rússia Czarista, como o Domingo Sangrento, e a Guerra Russo-japonesa, em que a população do país foi submetida a grandes dificuldades, que culminaram com a queda da monarquia e o início do regime comunista.

O filme conta com inúmeras cenas magistrais, mas deixo, para quem não conhece, a famosa passagem na escadaria de Odessa, tão famosa quanto homenageada. Filme obrigatório.


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O Processo (1962)

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Aqui é coisa fina. Orson Welles adapta um romance de Franz Kafka. E quando falamos que as coisas no Brasil são kafkianas, estamos nos referindo justamente a essa história.

Na trama, um homem descobre que está preso, mas não sabe o motivo. Ele consulta um advogado, a justiça, o estado, mas, mesmo sabendo que a pena para o seu crime é a morte, ele não consegue descobrir a razão de sua condenação.

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Orson Welles dirige essa joia, que nos intriga e nos angustia quanto mais o tempo passa. Com uma fotografia magistral, o filme nos leva por um labirinto burocrático desesperador, que prende a nossa atenção e nos mostra o quão perigosa a opressão burocrática do estado pode ser, sobretudo quando pessoas são presas sem processo e sem ter acesso ao próprio inquérito.

Categoria de filme, e livro, obrigatórios.

Equilíbrium (2003)

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O final dos anos 1990 foi marcado por um evento chamado Matrix, que influenciou boa parte das obras que vieram posteriormente, seja em tom, estilo ou efeitos visuais. E no meio de tantas cópias, esse Equilíbrium passou batido para muita gente na época. Mas não é que o filme é muito interessante.

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Na trama, a raça humana foi quase destruída, e o governo criou uma droga obrigatória, que inibe as emoções. A partir disso, tudo que desperta emoções nas pessoas é suprimido pelo governo, sejam músicas, filmes, livros etc. Até mesmo as relações familiares são frias e distantes, com filhos enxergando nos pais nada mais do que provedores.

No entanto, como em toda sociedade distopia, um grupo de pessoas resiste a usar a droga. Um grupo de oficiais de elite, altamente treinado, é encarregado de perseguir essas pessoas. Até que um deles passa a questionar as normas sociais vigentes.

O filme é interessante para esse momento justamente pela forma como aquela sociedade está organizada: em uma sociedade em que ninguém possui emoções, todos são facilmente controláveis. E não questionam nada. Bem propício para um momento em que questionar qualquer coisa vale um banimento social.

Adeus, Lenin! (2003)

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Nunca entendi se Adeus, Lenin! é um filme pró ou anticomunismo. Mas como cada um interpreta como quiser a obra que assistiu, na minha opinião é contra. Explico:

Adeus, Lenin se passa na Alemanha oriental pós queda do muro de Berlim. A trama gira em torno da Sra. kerner, que, ao ver o filho em um protesto, passa mal e entra em coma. Comunista ferrenha, ela desperta depois que o comunismo já deixou a Alemanha. Temendo que saber da notícia possa abalar a sua saúde, o filho Alexander (Daniel Brül) resolve construir um cenário fictício, onde o comunismo ainda vigora no país, para que a mãe não tenha maiores sobressaltos.

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As peripécias dos personagens para blindar a mãe da realidade são o ponto alto do filme, que é uma pequena joia do cinema europeu e merece ser visto e revisto.

Fico pensando, no entanto, no estado de alma de alguém que, mesmo oprimida por um regime brutal, ainda o defende com unhas e dentes. Às vezes, os regimes mais autocráticos não precisam de força para nos manter no cabresto. Fica a dica.

Zuzu Angel (2006)

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Esse é para aquelas pessoas que estão pedindo por intervenção militar. Gente, militares também não resolvem o problema. A solução é termos instituições fortes e íntegras, que mantenham o jogo limpo.

Zuzu Angel traz a história da estilista de mesmo nome que, no auge da fama, tem a vida interrompida pelo sumiço do filho Stuart, nas mãos do regime militar. A partir daí, o filme narra a luta de Zuzu por encontrar os culpados e fazer justiça.

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Apesar de não ser fã dos filmes nacionais, em especial a sua estética meio chinfrim e direção pouco inspirada de Sérgio Rezende, o filme traz uma atuação fortíssima de Patrícia Pillar no papel principal. Vale a pena conferir.

A Morte de Stalin (2017)

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Imagine viver em um ambiente tão opressor, que até mesmo aqueles que são responsáveis por oprimir o povo, se sentem oprimidos. Essa é a realidade dos personagens do excelente A Morte de Stalin.

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Passado no caos após a morte do ditador comunista, o filme retrata não apenas como era a vida no governo soviético, onde ninguém ousava desafiar nem mesmo a mínima decisão de Stalin, desde ficar e assistir a um filme na casa do ditador. A cena que mostra Nikita Kruschev anotando as piadas que fez na presença do ditador, separando-as entre as que Stalin riu, e as que ele não gostou, para não as repetir novamente, nos mostra o quão terrível e opressor era ser membro do politburo soviético.

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Mas a surpresa de tudo é que o filme é uma comédia!

A partir da morte do ditador, acompanhamos aquele grupo de pessoas correndo e lutando umas contra as outras para ver quem vai tomar o poder. Todos os menores detalhes importam, desde conquistar o apoio da filha favorita de Stalin (em uma cena hilária) até eliminar quaisquer vestígios deixados para trás. A cena em que um soldado elimina outro que acabou de carregar os funcionários de Stalin num comboio é sensacional. E o mais impressionante disso é que, apesar das liberdades poéticas, muito do que é visto ali é factual.

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Uma comédia ácida, que consegue o inusitado: nos fazer rir de uma situação digna de choro.

É isso. Espero que o portal 40emais não seja censurado, nem que semana que vem eu precise escrever uma receita de pudim. Pensem nisso.

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Ricardo Reis

Olá. Meu nome é Ricardo Reis, empresário, ex-professor e (ainda) entusiasta de cinema.

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1 Comentário

  1. Marcio Cabral12 de novembro de 2022

    Tá maluco, mermão? Se o Xandão ver isso, vai dar ruim…kkkkkk

    Responder

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