Olá, meus leitores quarentões! E eles fizeram novamente. Vamos falar sobre mais uma continuação que ninguém pediu, e que como sempre, decepciona: “Os Fantasmas Ainda Se Divertem”, a não tão esperada continuação do clássico de 1988, dirigido por Tim Burton.
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O filme, que já chega com um peso significativo de expectativa, infelizmente, não consegue alcançar o mesmo nível de inspiração que seu predecessor. Para muitos, essa produção mais se assemelha a um remake ou uma reimaginação do que a uma verdadeira sequência que fizesse jus ao original.
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Quando se fala em “Os Fantasmas Ainda Se Divertem”, a primeira coisa que salta aos olhos é o roteiro, um emaranhado confuso de tramas paralelas que parecem não ter um propósito claro. Você pode estar se perguntando: “Quantas histórias precisam ser contadas em um único filme?” A resposta parece ser “muitas”, mas o resultado é um enredo que se perde em si mesmo, deixando o espectador sem saber o que está acontecendo a cada virada de cena.
A complexidade é um objetivo nobre, mas aqui se transforma em uma teia desnecessária de narrativas que não se concluem de forma satisfatória. Não é raro sentir que, enquanto os personagens tentam descobrir suas próprias histórias, nós, como espectadores, nos vemos igualmente perdidos.
E falando em personagens, vamos abordar a quantidade excessiva que aparece na tela. “Os Fantasmas Ainda Se Divertem” apresenta um elenco tão vasto que parece mais uma reunião de antigos colegas de classe do que um filme coerente. Um exemplo claro disso é a personagem da Mônica Bellucci. Sua presença no filme é tão curta e sem necessidade, que, honestamente, quando ela reaparece no final, eu tinha esquecido que ela estava no filme. Como uma figura que poderia ter adicionado muito ao enredo, a sua falta de substância é um retrato do que acontece quando se tem mais personagens do que espaço narrativo para desenvolvê-los. O mesmo pode ser dito do personagem de Willem Dafoe, que, apesar de divertido, poderia ter sido cortado do filme sem grandes prejuízos à narrativa.
Outro grande ponto de frustração é o uso da Wynona Ryder, que se torna um eco distante de sua personagem icônica do original. Para os fãs do filme de 88, é difícil não notar a falta de conexão entre a jovem que uma vez trouxe um toque de melancolia e rebeldia à tela e a mulher que agora parece perdida em uma história que não sabe como explorá-la. O que ficou no lugar de Lydia Deetz é uma versão de sua personagem de “Stranger Things”, sem o charme e a profundidade que uma narrativa sólida poderia proporcionar.
Catherine O’Hara, acaba exagerando em sua interpretação. Sua presença, que deveria trazer um ar nostálgico, acaba se transformando em uma caricatura. O fato de ela ter retornado a um papel que não tinha grande relevância no original levanta a questão: por que voltar se não há uma razão sólida para isso? A sensação é de que a única justificativa foi a tentativa de capitalizar sobre a nostalgia, mas isso não é o suficiente para trazer um novo frescor à história.
O filme também faz uma série de menções ao personagem de Jeffrey Jones, que não está presente. É uma situação estranha, considerando que o ator “decidiu” se afastar da vida pública devido a controvérsias pessoais. Para ser simpático, claro. A ausência dele se transforma em uma sombra que paira sobre o filme, fazendo com que a inclusão de referências a ele pareça mais uma tentativa de preencher o vazio deixado por sua ausência do que uma verdadeira homenagem ao personagem. E a animação que explica sua morte é bastante constrangedora, visto que eles querem mencionar o personagem, sem mencionar o ator, ou fazendo o máximo esforço pra não incluir o ator na trama. Então fica a pergunta: pra que? Pense numa história que não envolva o personagem!
Se já não bastasse isso, a direção de Tim Burton, que outrora era sinônimo de criatividade e originalidade, se torna um reflexo burocrático do que ele já foi. É como se Burton tivesse perdido a magia que caracterizava seus filmes. Cada cena, cada ângulo de câmera parece mecânico e sem vida. O diretor, que era a mente criativa por trás de obras icônicas, agora entrega um produto que parece mais uma obrigação do que uma paixão. É triste ver um cineasta tão talentoso se aventurando em um território que, em vez de inovação, oferece uma sensação de cansaço.
Além de tudo isso, o filme se permite exagerar em referências ao original. Algumas são tão forçadas que causam risos involuntários. Por exemplo, em uma cena específica, a música Banana Boat, da icônica cena do original, é performada por um coral no velório do personagem de Jeffrey Jones. Sim, você leu certo. A lógica dessa escolha é tão obscura que só podemos concluir que foi uma tentativa de inserir um toque de humor, mas acabou se tornando um momento constrangedor. Primeiro que a música não remete ao personagem falecido, mas sim, ao próprio Beetlejuice. Ou seja, o elemento sequer foi bem pensado. A ironia de uma trilha sonora que uma vez evocou um espírito de diversão agora ressoando em um funeral é algo que poderia facilmente ter sido evitado.
Por outro lado, existem alguns pontos positivos, e é preciso reconhecer isso. Michael Keaton retorna como Beetlejuice e, sinceramente, ele é a estrela que brilha nesse mar de confusão. Keaton traz de volta seu personagem com uma energia contagiante. O tempo parece não ter passado para ele, e suas atuações estão repletas de uma intensidade que faz com que todos os outros personagens ao seu redor pareçam apagados. Quando ele está em cena, a tela ganha vida, e é difícil não se deixar levar pela sua presença magnética. Se há algo que realmente vale a pena assistir neste filme, é a performance de Keaton, que consegue carregar todo o peso da nostalgia e ao mesmo tempo trazer algo novo a seu personagem.
Porém, mesmo com um desempenho tão bom, isso não é o suficiente para salvar o filme como um todo. O que poderia ter sido uma verdadeira celebração da criatividade se transformou em uma tentativa desajeitada de revisitar um clássico. É uma pena ver que os filmes de Tim Burton, que outrora eram conhecidos por suas narrativas inovadoras e visuais marcantes, agora se tornaram um compêndio de ideias que não se concretizam. Parece que o diretor ficou preso em um ciclo de repetições sem fim, onde o novo se torna apenas uma versão desgastada do que já foi.
Além disso, o filme deixa a sensação de que estamos diante de um trabalho feito por uma máquina, uma produção sem alma, como se cada elemento tivesse sido decidido em uma sala de reuniões, sem levar em consideração a essência do que fez o original tão especial. A falta de originalidade e a sensação de estar sempre revisitando o mesmo material se tornam um fardo para o espectador.
Para concluir, “Os Fantasmas Ainda Se Divertem” é uma obra que poderia ter sido muito mais. Com um roteiro confuso, personagens mal desenvolvidos e uma direção que parece perder a essência, o filme não chega nem perto do legado do original. Ao mesmo tempo, a presença de Michael Keaton e alguns momentos divertidos lembram-nos do que poderia ter sido. A nostalgia, por mais que esteja presente, não é suficiente para salvar o filme de seu destino previsível.
Se você quiser compartilhar sua própria opinião sobre o filme, não hesite em deixar um comentário. E, claro, se você gostou deste texto, não deixe de apertar o botão curtir, pois isso ajuda muito o colunista a continuar trazendo mais análises e reflexões.
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