Olá, meus leitores quarentões! Aproveitando que estamos perto do Halloween, hoje vamos falar sobre um clássico do cinema que certamente marcou várias gerações, e, para muitos, continua sendo uma das experiências mais assustadoras e intrigantes da sétima arte. Estou me referindo a O Iluminado (1980), dirigido por ninguém menos que Stanley Kubrick. Ah, como esquecer aquelas cenas do triciclo, o labirinto de arbustos e, claro, Jack Nicholson com aquele sorriso ameaçador? O filme é mais do que apenas um conto de horror; ele é um estudo profundo da psique humana, com um toque sobrenatural para deixar qualquer um sem dormir por dias.
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Kubrick, conhecido por sua obsessão por perfeição, construiu um filme que nos faz questionar não só a sanidade dos personagens, mas também a nossa própria. Afinal, se você já se viu perdido em um lugar estranho, com a sensação de que algo não está certo, talvez entenda o que estou falando.
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Agora, vamos destrinchar um pouco o que faz O Iluminado ser tão bom… e tão assustador.
Atmosfera e estética
A primeira coisa que chama a atenção em O Iluminado é a atmosfera. Kubrick soube criar um ambiente que, mesmo nos momentos de silêncio, faz o espectador sentir que algo terrível está prestes a acontecer. O uso de planos simétricos e enquadramentos amplos, especialmente nas cenas que mostram os corredores intermináveis do hotel Overlook, provoca um senso de isolamento que cresce a cada minuto. O hotel parece vivo, mas não de uma forma aconchegante ou acolhedora. É como se os próprios corredores observassem cada passo dos personagens, esperando o momento certo para revelar o terror.
A trilha sonora também desempenha um papel crucial. Kubrick escolheu sons dissonantes e perturbadores, que aumentam a tensão de forma quase insuportável. Mesmo nas cenas onde nada de “aterrorizante” está acontecendo, a música faz o público antecipar o pior. Esse desconforto constante é o que torna o filme tão eficaz. Não é um terror de sustos baratos, mas de uma construção gradual de pavor.
A espiral da loucura
Jack Torrance, o personagem principal, é interpretado de forma brilhante por Jack Nicholson. Desde o início, vemos que Jack é um homem com problemas, mas o que realmente assusta é a maneira como ele se deteriora ao longo do filme. O isolamento no hotel, combinado com seus próprios demônios pessoais, o empurra lentamente para a loucura. E a beleza da direção de Kubrick é que essa transição é sutil. Não há um momento claro em que Jack “perde a cabeça”; é um processo gradual, e é isso que torna o filme emocionalmente claustrofóbico.
O hotel Overlook parece exercer uma influência sombria sobre Jack, mas ao contrário do livro de Stephen King, Kubrick opta por deixar essa influência mais ambígua. Será que o hotel é realmente assombrado, ou toda a loucura vem de dentro de Jack? Essa é uma das grandes questões do filme, e Kubrick sabiamente nunca nos dá uma resposta definitiva. Ao invés disso, ele nos faz questionar o que estamos vendo e, mais importante, o que os personagens estão experimentando.
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As diferenças entre o livro e o filme
Se você leu o livro O Iluminado, de Stephen King, talvez tenha notado que o filme toma algumas liberdades significativas. No romance, o hotel tem uma presença sobrenatural muito mais clara, quase como se fosse um personagem por si só. A corrupção de Jack é mais diretamente atribuída a essa influência maligna. O filme, no entanto, opta por uma abordagem mais sutil. Kubrick está mais interessado em explorar as falhas humanas do que em oferecer uma explicação fácil sobre fantasmas ou demônios.
Essa mudança de foco deixa a história mais psicológica do que puramente sobrenatural. Jack não é apenas uma vítima do hotel; ele já chega ao Overlook com seus próprios problemas, e o isolamento apenas exacerba esses conflitos internos. A ambiguidade da transformação de Jack é o que torna o filme tão assustador, porque nos faz questionar até que ponto somos responsáveis por nossas próprias descidas ao abismo.
E o final? Ah, o final! Enquanto o livro de King nos oferece um encerramento mais tradicional, com a destruição do hotel, o filme termina de forma enigmática, com uma fotografia que levanta mais perguntas do que respostas. Quem não se lembra daquela foto antiga com Jack no centro, sugerindo que ele sempre esteve ligado ao hotel de alguma forma?
As atuações
Um dos maiores trunfos de O Iluminado está nas atuações. Jack Nicholson, como Jack Torrance, é simplesmente magistral. Desde o começo, sentimos que há algo errado com ele, e à medida que o filme avança, Nicholson vai aumentando a intensidade de sua performance até chegar àquele famoso momento em que Jack arromba a porta com um machado e grita: “Here’s Johnny!”. Essa cena, por sinal, foi improvisada por Nicholson e se tornou uma das mais icônicas da história do cinema.
Shelley Duvall, que interpreta Wendy, também merece destaque. Muito se fala sobre como Kubrick a pressionou durante as filmagens, forçando-a a repetir cenas inúmeras vezes até que estivesse emocionalmente exausta. O resultado é uma performance visceral. Wendy é uma personagem que passa de uma calma aparente para um estado de puro terror, e Duvall transmite essa transição de maneira impressionante.
Por fim, temos Danny Lloyd, que interpretou o pequeno Danny Torrance. Mesmo sendo apenas uma criança, sua atuação é incrivelmente madura. As cenas em que ele usa seu “dom” para se comunicar com Tony, seu amigo imaginário, são assustadoras, mas sem cair no melodrama. Danny parece entender, em um nível profundo, o perigo que sua família corre, o que só aumenta o suspense.
Kubrick e sua visão singular
Stanley Kubrick não é conhecido por ser um diretor fácil de trabalhar, e O Iluminado talvez seja um dos melhores exemplos de sua meticulosidade. Kubrick era famoso por exigir inúmeras tomadas de uma mesma cena, muitas vezes exaustando seus atores até o limite. Isso não era por crueldade, mas porque ele acreditava que era necessário para capturar a verdade emocional do momento. E, no caso de O Iluminado, essa obsessão por detalhes resultou em um filme que continua a assombrar gerações.
Kubrick também inovou tecnicamente com o uso da Steadicam, uma ferramenta que permitiu filmar aquelas longas e fluidas cenas de Danny andando de triciclo pelos corredores do hotel. Essas cenas, aparentemente simples, são fundamentais para criar a sensação de perseguição iminente. A câmera segue Danny como se algo estivesse sempre atrás dele, pronto para atacá-lo. E, por mais que saibamos que o perigo ainda não chegou, a tensão é palpável.
O Iluminado não é apenas um filme de terror; é uma obra de arte que explora a fragilidade da mente humana. A combinação da direção magistral de Kubrick, as atuações inesquecíveis de Nicholson e Duvall, e a atmosfera opressiva do hotel Overlook cria uma experiência cinematográfica que fica com você muito tempo depois dos créditos finais.
Se você tem outra interpretação para o final enigmático, deixe nos comentários. Vamos debater! E, claro, se gostou do texto, curta, porque isso ajuda muito a continuar com essas análises semanais.
Até a próxima!
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