É provável que você já tenha ouvido falar de K-pop e dorama ou tenha usado um produto de beleza importado da Coreia do Sul, mas você sabe o que é hallyu?
O sucesso comercial dos sul coreanos é conhecido por Hallyu. Essa palavra vem da junção de Han, coreano, e ryu, que significa fluxo. A onda coreana é formada por quatro pilares: artísticos, culinários, culturais e produtos de cuidado pessoal.
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Mas como isso afeta a Coréia ? Primeiro precisamos entender um pouco sobre a história da região.
Contexto histórico da Coréia
O século XX marcado por guerras na Coréia. O país ficou dominado pelo Japão durante 35 anos (1910-1945), perdeu a Segunda Guerra Mundial e passou por um conflito que resultou na separação do país em duas Coréias. A Coreia do Sul, ficou financeiramente quebrada e passou um longo período do século se estabilizando no mundo como uma potência socioeconômica.
Para realizar esse crescimento, o governo criou o projeto “Milagre do Rio Han”, que visava priorizar todo e qualquer tipo de produto nacional. Os cinemas e canais de televisão precisavam exibir apenas filmes e programas coreanos, para restaurar o patriotismo perdido do povo, assim como diversas empresas receberam incentivos para produzir, constituindo assim uma economia autossuficiente. O resultado dessa política pode ser visto hoje através de algumas empresas como a Samsung, Hyundai e KIA que se tornaram companhias bilionárias de extrema importância global. Mas esse sucesso não para por aí.
Marcas
Apenas no final da década de 1980 que a Coréia do sul abriu as portas para o mercado estrangeiro. Nessa época alguns estúdios de cinema como, por exemplo, Twentieth Century Fox, Warner Brothers e Disney abriram sedes no país. Contudo, a nação já havia recuperado o seu orgulho nacional, e por isso essa abertura não atrapalhou as produções nacionais.
Durante os anos 1990 o país entrou em uma crise de manufaturados. Isso acabou forçando o governo e as empresas coreanas a investirem no entretenimento. Esse movimento de “soft power”, ou seja, demonstrar o poder de um país sem apelar para poderes econômicos e bélicos usando apenas a cultura e entretenimento tornou a Coréia como a conhecemos hoje, a décima maior economia do mundo, uma das nações mais influentes e a maior produtora de entretenimento da Ásia.
HALLYU
Entre os anos de 1997 e 1998 o Ministério da Cultura criou inúmeros departamentos de artes em universidades com o aumento do orçamento. Nesse período as emissoras de televisão começaram a investir em programas e séries mais elaborados.
Os doramas se tornaram uma parte importante da onda coreana, mas foi com a música que o país atingiu o seu ápice.
A empresa SM Entertainment, fundada em 1989, foi a principal investidora do K-pop. O grupo masculino HOT esgotou, em 2000, um show em Pequim, a solista BoA vendeu em 2002, um milhão de cópias do álbum “Listen To My Heart” no Japão.
Em 2019, foram investidos mais de R$ 6 bilhões pelo Departamento de K-pop. Em comparação, no mesmo período, o Brasil utilizou R$ 1, 98 bilhões do orçamento destinado para cultura, segundo o Portal de Transparência.
Comparando as populações, a Coréia do Sul tem 51, 78 milhões de habitantes, enquanto o Brasil tem 212, 6 milhões.
O retorno para a Coréia do Sul é de mais de R$ 26 bilhões ao ano, apenas com o K-pop. Em 2019, mais da metade dos turistas estrangeiros visitaram o país por causa da Hallyu, segundo uma pesquisa realizada pela Organização de Turismo da Coréia do Sul.
Ainda que as vantagens para o desenvolvimento econômico da Coreia do Sul sejam claras, um “efeito colateral” tem impactado positivamente a cultura global e a percepção de muitos países ocidentais sobre a cultura asiática.
Infelizmente ainda podemos encontrar ignorância em relação a alguns aspectos da cultura asiática como um todo, como não saber diferenciar japoneses de chineses e coreanos. Também é possível sentir uma certa resistência a produções que não são norte-americanas, mas podemos ver que os produtos e produções sul-coreanas estão sendo introduzidos cada vez mais na vida do brasileiro.
A Netflix investiu U$ 500 milhões em produções de doramas e o Brasil é o terceiro país que mais consumiu as produções no streaming em 2020.
Round 6 ultrapassou a série Bridgertown e liderou do Top 10 em todos os 90 países com o serviço, e se tornou a produção original da Netflix mais assistida na plataforma, com 111 milhões de acesso.
K-POP
O K-pop é dividido por fases, que representam os avanços culturais que cada uma
delas provocou.
O K-pop é responsável por grande parte do turismo na Coréia, com estimativa de mais de 800 mil pessoas por ano, sendo 20 mil apenas de brasileiros. Grupos como BIGBANG, 2NE1, EXO e BTS foram fundamentais para a popularização da música e da cultura coreana pelo mundo. Os boygroups da SM Entertainment, TVXQ e SHINee são os artistas que mais realizaram shows no Tokyo Dome, estádio na cidade de Tóquio, que tem capacidade para 55 mil pessoas.
Em 2020 o BTS bateu um recorde histórico e se tornou a primeira banda, desde os Beatles, a ter três álbuns no topo da Billboard em menos de um ano. Os integrantes também foram anunciados como embaixadores oficiais da Louis Vuitton. As roupas da grife usadas por eles no Grammy 2021 serão leiloadas por valores que podem chegar a R$ 276 mil.
BLACKPINK, a maior banda feminina de K-pop, bateu recorde de bilheteria com o filme “BLACKPINK: The Movie”, lançado em agosto de 2021, com um total arrecadado de US$ 4,8 milhões em 100 países.
A exportação de música é um ponto crucial da boa relação entre Coréia, Japão e China, países com históricos conflituosos entre si. A Tailândia também é grande consumidora de produtos coreanos, como a música e os produtos de skincare.
EXPORTAÇÃO
Os produtos de skincare ou K-beauty, fazem parte da onda coreana. Marcas como Amorepacific, LG Household & Health Care, ETUDE HOUSE e MISSHA são referências nesse setor.
Os K-dramas também se tornaram um sucesso no mundo todo. Sucessos comerciais como Boys Over Flowers, Descendants of the Sun, Pousando no Amor, Vicenzo e Round 6 dominaram as telas ao redor do mundo. Atores como Lee Minho, Gong Yoo, Song Kang e Song Joong-Ki são os mais famosos da atualidade.
As empresas ocidentais notaram esse consumo da cultura asiática e passaram a incorporar esse mundo em suas produções. O ator Park Seo-Joon, de O que há de errado com a secretária Kim e Itaewon Class, fará parte do elenco de Capitã Marvel 2, produção da Disney com a Marvel Studios.
Os doramas geram bilhões de visualizações em plataformas como Netflix, Rakuten Viki e fansubs. Esss sucesso despertou o interesse de outras empresas que começaram a produzir seus próprios dramas, como a Disney com Snowdrop, estrelado por Jung Hae-in e Kim Jisoo, integrante do grupo feminino Blackpink. O mesmo artista pode ser modelo, cantor e ator, ajudando a impulsionar a sua imagem.
Gastronomia
A comida coreana ganhou destaque negativo na mídia durante a Copa do Mundo de 2002 por ser relacionada ao consumo da carne de cachorro, mas as novas gerações já abandonaram a prática há algum tempo.
A culinária da Coreia do Sul cultiva o arroz há mais de 3.500 anos e esse é um dos principais ingredientes usados na culinária. A pimenta se tornou uma das especiarias mais usadas gastronômicas locais.
Os pratos típicos são considerados como saudáveis, porque se baseiam no uso de vegetais e as refeições são servidas em pequenas porções.
Em 2016, o jovem brasileiro com ascendência sul-coreana, Paulo Shin, abriu o restaurante Komah na Barra Funda, em São Paulo. O estabelecimento ganhou alguns prêmios como “Melhor restaurante asiático” (Folha de S. Paulo 2018) e “Chef revelação” (Veja Comer & Beber 2018/2019). Ainda em 2019, entrou para o Bib Gourmand do Guia Michelin, uma seleção de estabelecimentos com bom custo-benefício.
“Hoje as pessoas falam kimchi antes de falar cachorro”, disse Shin em uma entrevista para a Gazeta do Povo.
Um pedaço da Coréia do sul no Brasil
Em São Paulo, podemos encontrar uma grande comunidade de sul-coreanos no bairro do Bom Retiro. A imigração começou oficialmente em 1963, e hoje estima-se que mais de 50 mil coreanos e descendentes vivam no Brasil, principalmente em São Paulo.
No bairro podemos encontrar cafés, lojas, restaurantes e mercados que vendem comidas e diversas utilidades tradicionais coreanas. Essa diversidade étnica rendeu o título de bairro mais cool do Brasil pela revista inglesa Time Out.
Para conhecer um pouco mais sobre a história e cultura do país visite o Centro Cultural Hallyu, localizado na Av. Paulista, que promove diversas atividades, cursos e eventos.
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