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brazuca beat

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Desde o encontro de DJ Patife e DJ Marky com Fernanda Porto, nas faixas Só Tinha de Ser Com Você e Sambassim (Cool Steps – Drum´n´Bass Grooves / 2001) a MPB passa de vez a incorporar raciocínio de uma nova batida. O que vou chamar aqui de MPPB – Música PPular Brasileira* chegava mais acelerada, mais ritmada e com grande influência de sonoridades (barulhos e timbres) que não eram associados de imediato ao Brasil. Essa convergência de ideias de ritmos “da gringa”, já vinha sendo associado à clássicos brasileiros de uma forma embrionária do acid jazz – como no disruptivo álbum Revisted Classics (1998), do grupo Bossacucanova que faz releituras da bossa nova – mas é com o álbum de Patife, que o cenário mundial da música eletrônica entende (e aceita) que o Brasil tem muito a contribuir. (Brazuca beat)

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*Regendo toda essa animação, o discotecário da era disco, ensaiava uma mudança de status. Dom Pepe, o DJ residente, já havia tocado em outras boates, mas foi sim na Dancin´Days que ganhou tratamento de artista.

Dom Pepe fazia uma saladona musical que funcionava muito bem na pista. Perfilava hits internacionais da época, como Sylvester, Tavares e Donna Summer, e música brasileira dançante de qualquer espécie, o que mais tarde cunhou como Música PráPular Brasileira, uma MPB acelerada que tinha como rainha a cantora Rita Lee.

– trecho livro: Todo DJ Já Sambou – a história do disc-jóquei no Brasil de Claudia Assef (2003)

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A banda de Recife Mundo Livre S/A, que sou fã, teve a ousadia de misturar a sua força da comunicação discursiva, o lirismo do chorinho, a energia de pandeiros e guitarras, com a densidade do eletrônico por toda sua obra, sendo o grande exemplo do movimento manguebeat. Belchior também deixou um trabalho com influências da linguagem do beat eletrônico, no curioso resultado sonoro do álbum Auto Retrato (1999), onde os clássicos do cantor recebem uma roupagem futurista sobre as melodias ancestrais do artista – parcerias de Rogério Duprat e André Abujamra – onde destaco a reedição da música A Palo Seco, que ganhou uma dose de tecnologia na batida marcada.

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O álbum Na pista, Etc de Djavan (2006) também foi uma ótima reinterpretação de hits brazucas com formato dançante do eletrônico. A partir do olhar dele mesmo para essa nova linguagem, Djavan volta ao estúdio e modifica sua maneira de cantar, para caber perfeitamente com a batida de pista – não foi algo remixado, foram músicos em estúdio, sob a batuta do produtor Liminha, que criaram um estilo dançante para 10 sucessos do alagoano – algo experimental para aquela época. Marina Lima tem algumas experiências parecidas, em faixas soltas e que me parecem boa química musical eletrônica com o acervo desta cantora que admiro muito.

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Mas claro, tenho de registrar também o álbum Carnaval Eletrônico (2004), de Daniela Mercury, onde o ritmo energético carnaval de trio associa-se a pulsante cadência do drum´n´bass, formando o que podemos chamar de trio eletrônico.

Todas essas experimentações de artistas brasileiros com a pitada do eletrônico, moldaram uma caminhada que torna possível hoje, termos uma melhor percepção da brasilidade em sintonia mundial. Não tem mais volta, a música brazuca ganha um beat à mais para brindar nossos ouvidos e pés.

O Brasil abre espaço no cenário mundial

A influência do Brasil na difusão do eletrônico é latente. Esse estilo de produzir música com DNA brasuca tem ganhado espaço nas pistas dos clubs pelo mundo. Personalidades do cenário como o DJ/Produtor africano Black Coffee, passou a tocar música produzida por brasileiros em seus sets em Ibiza (onde tem residência) e mundo afora por onde passa. Não à toa DJs como Vintage Culture, Maz (BR), Antdot, a dupla Bruce Leroys, Edu K, Bruno Pedrosa, Mochakk, os irmãos DubDogs (a lista não para aqui) estão abrindo espaço na cena da música eletrônica mundial. Mais uma indicativa da capacidade do brasileiro em entender como interferir no ritmo mundial – a tal busca da batida perfeita tem nossa assinatura.

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Também aprendi muito ouvindo DJ Meme, Vizcaya, DJ Magal, Mau Mau, Paulo Boghosiam, entre tantos outros, que começaram a produzir material a partir da geleia geral que só nasce de artistas brasileiros. É interessante perceber que o DJ, tempos atrás, era considerado um propagador de cultura brasileira, justamente porque se apropriava de material 100% brasileiro, repaginava tudo com beat mais acelerado e a influência de sintetizador no meio da música e fazia muito mais gente entrar em sintonia com a mesma música.

Com toda essa energia sonora pipocando pelo nosso país, a cena eletrônica ganha espaço no nosso cotidiano. Assim, podemos entender, que essa experimentação já vem de longa data. E o que temos hoje, é o resultado desses tantos profissionais “brincando de aprender” como construir uma sonoridade com a digital brasileira: o Brazuca Beat – nome que dei para minha playlist que agrupo músicas que trazem tanto palavras em português, quanto instrumentais verdadeiramente pensados para o efeito cativante do eletrônico.

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Uma outra ação importante para meu aprendizado sobre essa batida brazuca, foi ouvindo apresentações do DJ Wagner Parra, meu conterrâneo em Santos (SP). Frequentava um antigo bar/restaurante na orla santista, em que Parra assinava as noites de terça feira, com o tema: Jerimum com Pop Corn – onde ele brincava com essa mistureba de timbres brasileiros e a batida marcada do eletrônico. Foi com ele que escutei a primeira vez Sambassim, já comentada no início desse texto. Como uma maneira de homenageá-lo, fiz a playlist Jerimum c/ Pop Corn (uma ode a Wagner Parra) que penso ser, a reunião de músicas que eu gostaria de tocar para ele – falecido em 2012, vítima de parada cardíaca, enquanto atuava com sua Vitrolada, no Bar do Torto em Santos.

Penso que, algo muito importante para a música mundial, foi o encontro de Frank Sinatra com Tom Jobim (1967), onde temos a união da sofisticação que os americanos sempre trouxeram com as big bands, com a simplicidade da bossa nova e a sensibilidade do samba. Esse encontro criou um ponto de ramificação para o que a música poderia ser (digo isso da minha cabeça, pois é assim que eu sinto esse encontro) e faço disso um contraponto da importante participação de artistas brasileiros na construção da música no mundo tooodooo.

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Misturar chiclete com banana é de nós. Brincar com a experimentação de sonoridades está em nosso histórico identitário. Temos então, um prato cheio de oportunidades de ouvir nossa brazuca beat, se aprendermos que a cadência nasce em nossa juventude, está no nosso carnaval, no nosso São João e no maracatu e parece que essa contribuição brasileira está sendo reconhecida por muita gente.

Vida longa ao som bom (em um bom som).

Até a próxima sexta feira.

 
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Leollo Lanzone é o alter ego de Mauro Galasso, que é de verdade, mas não cabia numa persona só. Leollo tem olhar objetivo e sensível, tem o hábito de montar playlists, adora dançar eletrônico, sabe cozinhar, falar de amizade e tem opinião sobre quase tuuudo. Trabalha com educação corporativa e comunicação institucional.

3 Comentários

  1. Giba Ataide27 de janeiro de 2024

    Adorei as playlist e o conteúdo babadeira.

    Até a próxima semana.

    Responder
  2. Mônica Freire28 de janeiro de 2024

    Quem ganhamos somos nós ouvintes de boa música e que adoora mexer o esqueleto.
    Longa vida ao som bom.

    Responder
  3. Rosa Lúcia2 de fevereiro de 2024

    Sempre eloquente nas palavras, assim como sua persona!
    Adorei…

    Responder

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