Aquele fio branco

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fio brancoAcordou às oito e meia. Escovou os dentes, como sempre. Olhou no espelho, como sempre. E sorriu para ficar engraçadinha… fio branco

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Bastou encontrar um fio de cabelo branco e o seu mundo veio abaixo. Feito um casaco de chumbo grosso em suas costas. Justo no dia que completava trinta e cinco anos. Um cabelo branco! E uma ruga de expressão mais acentuada no canto da boca. Lembrou da dor na lombar da semana passada. E junto com o pacote, a carta do plano de saúde avisando do reajuste quântico, após os trinta e cinco anos. 

Imediatamente pensou no seu aniversário. E que, ao invés das cervejas, seria melhor congelar seus óvulos, caso quisesse engravidar depois dos quarenta… Saiu de casa com a adrenalina saltando pelos poros. Decidiu não chamar Uber, nem táxi. A pé, até o metrô, iria demorar mais tempo para seguir ruminando o acontecimento.     

No trem, as estações iam passando incrivelmente velozes. Como as estações do tempo. Da vida… Era tudo que não precisava. Ansiedade e envelhecimento precoce. Bem no dia do aniversário!    

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Olhava pelo vidro do metrô para ver se via o seu cabelo branco. Nem ela, nem ninguém via. Mas estava lá. Escondido e real. 

Chegou ao trabalho e deu de cara com o Marcos. Aquele que “podia ser que fosse algo mais”, mas nunca foi. Não era paixão, ela sabia. Mas era tanta parceria, tanta coisa em comum… Resolveu, então, pela primeira vez, dar um sorriso e um viés de esperança. 

No final da tarde, o bolo e a festinha de sempre. Com as piadas, de sempre.

Quando, enfim, em casa e exausta, tirou os sapatos e foi olhar novamente o seu cabelo branco no espelho. Agora mais serena olhou-o como um presente. E sorriu, para ficar engraçadinha…         

Antes de sair para festejar, pegou uma caneta preparando a lista! Matricular-se no curso de dança. Aprender a surfar nos finais de semana. Reclamar do plano de saúde. Dar mole pro Marcos. Usar mais o vestido azul que levanta os seios e a autoestima… 

E substituir nunca, por talvez, quem sabe um dia… Depois, esticou com carinho o recém descoberto cabelo branco, celebrando a bendita finitude. Que faz a gente andar… pra frente!!!

 
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Ines Bari

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Sou Inês Bari, formada na Faculdade de Comunicação de Santos. Escritora, radialista, compositora, publicitária, roteirista e sonhadora na maior parte do tempo. Coordenei a Rádio Tribuna de Santos por 28 anos (1985 a 2013). Fui integrante do Grupo Picaré de Poesia Independente no período Acadêmico. Em 82 lancei o livro de poesias Sol da Noite que me levou à Bienal de São Paulo em 84. Em 2015, escrevi o primeiro livro de crônicas do cotidiano, o Inesplicando Vol.1, lançado pela Chiado Books, editora para qual faço resenhas. A partir de 2018, realizei a palestra Do Rádio ao Blog no Sesc Santos, Centro Histórico de São Vicente, Livraria Cultura em São Paulo, entre outras. Em 2020, lancei o segundo livro de crônicas, o Inesplicando Vol2, pela Chiado e participei da Bienal Internacional do Rio de Janeiro. Atualmente, além de dar continuidade ao blog de crônicas Inesplicando.blogspot.com, dedico-me ao projeto literário-musical “Vem que Trem Poesia!” Por tudo isso, são tantas histórias pra contar e espero poder compartilhar com você!

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