Olá amantes de música. Estou aqui mais uma vez na busca de extrapolar a experiencia sonora que vai além da música. Nesse papo de hoje, trago um convite para refletirmos sobre como a vibração das ondas sonoras estão em nossa vida. Seu corpo emite e ressoa timbres vibracionais – seu pulso cardíaco, o ruído contínuo e baixo de sua geladeira, o avião que atravessa o céu de sua casa, até a vibração cotidiana de uma cidade inteira – tudo impacta nossa estrutura celular, equilíbrio emocional e saúde mental. Mas prometo que no fim disso tudo, a música está aí para nos amparar numa conduta de cura: Dieta Sonora.
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As ondas de vibração sonora te impactam também enquanto você estiver dormindo, de forma inconsciente à sua vontade. Não é porque você fecha os olhos e pega no sono, que a vibração da sua geladeira vai deixar de irradiar por toda a casa em silêncio. Ou o barulho de um motoqueiro fanfarrão passando em frente sua casa, deixará de invadir pela fresta da sua janela. Seu corpo ali, mesmo dormindo, está ressonante a todas as possibilidades de exposição vibracional.
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Como exemplo da partida, cito aqui uma amiga que atua como comissária de bordo e vive em cenários vibracionais com alto padrão de impacto. Ela me conta que quando está em seu apartamento próximo ao aeroporto de Congonhas, tem ciclos de sono irregulares e não tão profundos. Ao passo que, quando passa um tempo em nossa terra natal (Santos) e está em sua casa em local mais pacato e próximo à natureza, tem um ciclo de sono regulado, contínuo e tão profundo, que pode perder a hora por tamanho nível de relaxamento. Exemplo claro de como o ambiente interfere em cada um de nós.
O primeiro passo: som ou ruído
Tenho pesquisado o tema no livro “Som Saúde – Magnetismo e Força”, de Steven Halpern, um pesquisador atuante das formas do som e explora o poder terapêutico da sonoridade musical. Já dei dicas de playlist (Spotify) com suas produções musicais sensíveis aos nossos ouvidos e corpo, para influenciar positivamente nossa saúde física, emocional e mental. Halpern, pioneiro na música de cura, explica como as frequências sonoras interagem com o corpo humano e analisa como a música pode ser usada de forma complementar para tratamentos médicos, oferecendo uma abordagem holística para o bem-estar.
O capítulo “Medicina do Som” argumenta que o som não é apenas uma experiência auditiva, mas uma força vibracional capaz de impactar profundamente o corpo humano. Explica como as ondas sonoras interagem com nossas células, ajudando a restaurar o equilíbrio ou ainda bagunçar com nossa frequência de saúde física, emocional e mental.
Aponta o uso das frequências específicas, como os tons binaurais e as escalas pentatônicas (termos bem técnicos para esse cenário) e destaca a eficácia em aliviar problemas como insônia, ansiedade e dor crônica. Conecta o uso terapêutico do som às tradições ancestrais, como os cantos gregorianos, os mantras hindus e os tambores xamânicos, que foram usados ao longo dos séculos para alterar estados de consciência e facilitar a cura. O Ser Humano vive entre tons e sons desde sempre.
Halpern enfatiza a importância de escolher sons que ressoem com as necessidades individuais, destacando que cada pessoa possui uma “assinatura sonora” única, influenciada por fatores como estado emocional e condições de saúde. Oferece orientações sobre como integrar o som como parte de uma rotina de saúde, desde ouvir músicas específicas para relaxamento até usar o silêncio como uma forma poderosa de equilíbrio energético.
No capítulo “Poluição Sonora”, explica de forma clara e simples, dois conceitos essenciais: som e ruído. Enquanto o som é definido como uma vibração ordenada, que pode promover harmonia e bem-estar, o ruído é caracterizado como uma vibração desordenada e caótica, capaz de causar desconforto e prejudicar a saúde. Explica que o impacto do som ou do ruído no corpo humano depende da sua frequência, intensidade e duração – aqui cabe o exemplo de minha amiga aeronauta em dois cenários distintos, um de ruído intenso e outro de sons harmônicos.
O autor aborda o crescente aumento do ruído ambiental na sociedade moderna, destacando como sons cotidianos, como os gerados pelo trânsito, obras, eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos, se acumulam e impactam negativamente a saúde física e mental. Não à toa, quem vive em grandes cidades, buscam diminuir seus níveis de estresse, buscando refúgio em locais com baixo nível de ruído involuntário, como praias ou áreas de campo.
Todos esses ruídos ignorados por nossa parte consciente, são registrados pelo corpo e o sistema nervoso, que é particularmente vulnerável a essa exposição constante. Isso nos leva então ao aumento dos níveis de cortisol, à tensão muscular e a distúrbios do sono. Viramos bombas emocionais e por sua vez, cidadãos problemáticos (essa última frase é minha e não posso associar a sensatez de Halpern).
A poluição sonora pode causar ou agravar problemas como hipertensão, fadiga, perda de audição, irritabilidade e dificuldade de concentração. O ruído ambiental também interfere na capacidade do corpo de relaxar e se regenerar, afetando o sistema imunológico e contribuindo para o surgimento de doenças psicossomáticas. Halpern enfatiza que, em muitos casos, as pessoas se tornam insensíveis à poluição sonora, mas continuam a sofrer seus efeitos fisiológicos e psicológicos.
Nos propõe práticas simples para reduzir a exposição ao ruído, como o uso de protetores auriculares em ambientes barulhentos, a criação de espaços mais silenciosos em casa e no trabalho, e a adoção de “pausas acústicas” para permitir ao corpo e à mente um descanso restaurador. Destacando a importância de conscientizar-se sobre os sons que escolhemos ou permitimos em nosso ambiente, incentivando a busca por uma “higiene sonora” que favoreça a saúde e o bem-estar. Uma responsabilidade individual à essa exposição predatória que todo Ser que é Humano pode vivenciar.
Dieta Sonora
Trata-se de um conceito que associa o consumo de sons à mesma função e valor da nutrição. Propõe que, assim como escolhemos os alimentos que ingerimos para manter nosso corpo saudável, devemos ser igualmente seletivos com os sons que permitimos em nosso ambiente: “Dieta Sonora”.
Aponta os efeitos cumulativos da poluição sonora e que para contrabalançar esses efeitos, recomenda a inclusão de sons terapêuticos de forma consciente – músicas com acordes harmônicos, frequências relaxantes e os sons da natureza – reequilibrando o sistema nervoso através de sessões de “banho de música” num estado de serenidade. Halpern sugere que cada pessoa crie uma rotina sonora personalizada, experimentando diferentes gêneros e frequências para descobrir o que mais ressoa com suas necessidades individuais.
Discute a importância do silêncio como parte essencial da dieta sonora, afirmando que momentos de quietude podem oferecer uma pausa para o sistema auditivo e mental, restaurando nosso equilíbrio interno. O que chamaremos aqui de sessões de “detox sonoro”, onde você desligará aparelhos eletrônicos por períodos programados e se reconectando com sons naturais ou simplesmente com o silêncio (nessa hora você perceberá o valor da acústica da sua casa).
Tome um banho de música.
No livro, há uma constante menção ao trabalho produzido por Halpern chamado “Spectrum Suite”, dando foco ao novo termo chamado de música anti-frenético (anti-frantic). O conceito central do álbum está na utilização de sons suaves e contínuos, sem a estrutura tradicional de melodia e ritmo que caracteriza a música popular. Em 1975, Halpern criou paisagens sonoras etéreas utilizando acordes prolongados e ressonâncias que refletem princípios de harmonia universal. Essas composições foram projetadas para alinhar os centros de energia do corpo (chakras) e facilitar estados meditativos profundos. Acesse um dos links abaixo:
# Spectrum Suite (Youtube) / # Spectrum Suite (Spotify) / # Spectrum Suite (SoundCloud)
A partir da trilha de Spectrum Suite, tente essa experiência pessoal dos sentidos, proposta por Steven Halpern no livro, onde ele chama de “banho de música”.
Coloque a música;
Fique numa posição de relaxamento, respire fundo e exale qualquer tensão que possa existir no seu corpo;
Pode deitar-se com a sola dos pés de frente para os alto falantes. Mantenha os joelhos um pouco erguidos por uma pequena almofada e com uma toalha dobrada apoiando o pescoço;
Deixe que o som da música o envolva como se fosse água corrente, tirando de você toda a poluição sonora bombardeada durante o dia todo;
Quanto mais relaxado estiver, mais prazer irá sentir com a música. Respire algumas vezes lenta e profundamente, para expelir qualquer resto de tensão;
Para uma experiencia mais profunda, você pode ouvir essa música com fones de ouvido. De olhos fechados, focalize a imagem sonora que se forma passa entre um ouvido e o outro, ou entre a parte anterior e posterior da cabeça;
Vivencie essa ‘massagem vibracional sonora’, feita pelos diferentes instrumentos e as texturas sonoras que aparecem na orquestração. Mergulhe completamente no som por vinte minutos (ou mais);
Após esse tempo só seu, perceba a elevação no estado de humor e a redução nos níveis de irritabilidade gerados após cada ‘banho sonoro’.
Para encerrar nossa conversa de hoje, deixo a provocação: quais sons estão compondo a trilha sonora da sua vida? A prática consciente da Dieta Sonora não é apenas um convite, mas uma necessidade de autocuidado nos tempos modernos. Experimente seu banho de música, dedique-se ao silêncio restaurador e descubra a leveza que um ambiente sonoro bem escolhido pode trazer. Afinal, enquanto a música cura e nos eleva, o silêncio, às vezes, nos devolve a nós mesmos.
Vida longa ao som bom (em um bom som).
Leollo Lanzone
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