Por vezes quando acordo eu “meto o loco” e aí quero escutar só as obras de um artista e a extensão de sua obra. E quando isso acontece, eu não descanso até reunir o melhor daquele som numa playlist e deixá-la no repeat o dia todo. Esse “blend sonoro” se torna a trilha de fundo do meu dia e me vejo imerso na sensação de ser aquele artista, com momentos de reflexão sobre cada letra ou melodia criada.
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Compartilho aqui seis dessas seleções que são parte da minha série de coleções musicais chamadas “Acordei um outro alguém”. Com títulos como “Acordei Belchior” ou “Acordei George Michael”, me transporto para dentro da obra (pele) daquele artista que admiro muito. Cada playlist reflete o que me fascina nesses artistas e espero que, ao escutá-las, você também descubra o porquê dessa admiração. Espero que curtam essa minha proposta de viagem sonora.
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Acordei Belchior (Spotify) – a primeira playlist desta série, ela representa a verdadeira função de acordar outra pessoa. Belchior é um artista que acompanho desde pequenino, escutando fitas K7 emprestadas e ouvindo LPs de parentes. Com a chegada do streaming me joguei dentro de sua extensa obra. Suas letras impactantes e sua forma peculiar de cantar sempre me fizeram um ouvinte atento. Reúno canções clássicas que mais me envolveram na trajetória deste cantor, compositor e artista plástico (sim ele também transitava pelas artes visuais). Busquei versões mais modernas destes clássicos, já que suas primeiras gravações mantém uma qualidade de áudio deficitária. Passado um tempo percebi que outros artistas também encarnam esse mestre da música em suas performances reinventadas e decidi adicionar nessa playlist intérpretes como Ana Cañas, Titi Music, Daira e a eterna Elis Regina.
Acordei Marina Lima (Spotify) – essa playlist existia como “best of Marina Lima”, mas a transformei para essa série Acordei. Sou apaixonado pela versatilidade musical que Marina construiu, além de sua clara elegância sobre melodias que misturam rock, jazz, pop e um tantinho de eletrônico. Sempre acompanhada de músicos fora de série, escutar Marina Lima é ter a certeza de que vou flutuar entre o lirismo poético e a sempre moderna estética do rock e do jazz. Sou suspeito, já que por vezes, optei em colocar álbuns inteiros nessa playlist, já que fica difícil para filtrar o que não gosto. Adicionei também algumas poucas versões e parcerias dela com outros artistas.
Acordei Luiz Melodia (Spotify) – esse é verdadeiramente meu Rei da Música Brasileira. Esse ébano musical me faz entender o que a ginga sonora que ele criou, mantém-se original e eterna em swing e técnica vocal. A maioria de seus trabalhos aprendi a ouvir sem receios ou tentar eleger minhas preferidas, já que o que mais gosto dele é sua maneira de interpretar cada letra com uma original malícia vocal. Nosso eterno Negro Gato, assume em toda sua carreira uma característica de misturar samba, soul, MPB e blues. Suas letras poéticas e sua voz única ajudaram a construir um estilo distinto. Melodia passou por diversos gêneros musicais, sempre preservando sua essência carioca e boêmia, tornando-se um artista de referência para gerações posteriores. O carinho por ele se consolidou, quando em meados dos anos 90, tive a grata oportunidade de trocar minutos de conversa com ele numa tarde após seu show, onde ele autografou meu CD e pode mostrar como sua simpatia transpassa sua obra. Luiz Melodia para mim é memorável.
Acordei Engenheiros do Hawaii (Spotify) – na época que se investia dinheiro na compra de mídia física, era comum me vangloriar de que era a banda que tinha toooodos os CDs. Já na era do streaming, isso passou para outro patamar, já que poderia também reunir versões e parcerias desta extinta banda gaúcha. Misturando influências do rock progressivo, new wave, reggae e música brasileira, a banda rapidamente se destacou com letras filosóficas, pontos de vista inteligentes sobre o mundo, profundas críticas sociais e tudo regado por melodias marcantes. A banda passou por diversas formações ao longo dos anos, mas Humberto Gessinger permaneceu como o membro constante, responsável por grande parte das composições e lançando álbuns totalmente autorias. Busquei aqui reunir essa obra que atravessa o tempo, conectando diferentes gerações.
Acordei George Michael (Spotify) – Ao longo de sua carreira ele foi admirado tanto por sua técnica vocal poderosa quanto por sua habilidade de compor canções profundas e emocionalmente carregadas. Suas letras refletem uma autenticidade rara no pop, abordando questões sociais e pessoais, como a aceitação da sexualidade e a luta por liberdade. Vivi sua trajetória mutante, já que seu estilo musical variou entre pop, R&B, soul, funk e baladas. Abordava temas como amor, desejo, liberdade sexual, fé e introspecção pessoal. Ele frequentemente explorava sua identidade, sexualidade e conflitos internos, especialmente em álbuns como Older (1996) onde vemos seu apogeu musical – em elegância harmônica e sofisticação instrumental. Sua morte em 2016 foi uma grande perda para o mundo da música, mas seu legado continua vivo por meio de sua obra e influência musical.
Acordei Curol (Spotify) – nascida em Belo Horizonte, com o nome de Carolina Ribeiro, a DJ, produtora, violonista e fotógrafa, assume a identidade Curol na cena da música eletrônica mundial. Já reconhecida por suas produções que fundem o estilo house com instrumentos orgânicos e misturando elementos do afro e brasilidades. Quando a conheci em 2022, me vi cativo de suas produções autorais e as ricas parcerias que vem somando pelo mundo. Curol é uma brasileira emergente na cena da música eletrônica, com forte influência das culturas Afro House, Melodic House, e Techno, se unem as raízes afro-brasileiras e as batidas eletrônicas contemporâneas. Ouvir um set de Curol é sem dúvida uma experiência sonora que conecta o público a toda essa riqueza cultural.
Bem, cada uma dessas playlists representa um mergulho profundo na essência de artistas que marcaram minha vida. De Belchior, com suas letras poéticas e intensas, passando pela elegância sonora de Marina Lima e pela malícia vocal inconfundível de Luiz Melodia, até a profundidade filosófica dos Engenheiros do Hawaii. George Michael, com sua sofisticação pop e autenticidade emocional, e Curol, com suas fusões inovadoras de house e brasilidades, completam essa série. Cada uma dessas seleções é um convite para revisitar grandes trajetórias e se perder no talento e na arte desses mestres da música.
Vida longa ao som bom (em um bom som). Até a próxima.
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