Conheça as diferenças entre as cinco principais vacinas contra a Covid-19

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Covid-19

A pandemia pelo novo coronavírus trouxe à comunidade científica mundial muitos desafios, tensões e um trabalho árduo e focado na busca por soluções para o controle da Covid-19. 

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Num esforço coletivo prioritário, muitos laboratórios e centros de pesquisa espalhados pelo mundo concentraram suas atividades, tempo e energia para o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o Sars-CoV-2. Além disso, o tempo gasto com burocracias das agências reguladoras e com recrutamento de voluntários para cada um dos três estágios exigidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) foi significativamente encurtado pela urgência trazida pelo cenário mundial, sem, no entanto, comprometer a segurança e confiabilidade do processo. O resultado foi o surgimento, em tempo recorde (pouco mais de 10 meses), de diferentes vacinas potenciais para o controle dessa pandemia, que insiste em não dar trégua.

Hoje, no Brasil, temos apenas duas dessas aprovadas pela Anvisa e já sendo usadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) em todo o território nacional. Ambas foram desenvolvidas no exterior e serão produzidas, em parceria, por instituições brasileiras: a CoronaVac, pelo Instituto Butantan, após parceria com a chinesa Sinovac; e a ChAdOx1 nCoV-2019, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a americana Universidade de Oxford junto do laboratório britânico AstraZeneca. E ainda há a expectativa da aprovação em uso emergencial de outras vacinas já em uso em outros países. 

Diante de tantas possibilidades, é natural que surjam muitas dúvidas sobre cada uma delas. E é por isso que vim aqui trazer para vocês as diferenças mais significativas entre as cinco principais vacinas que já estão sendo utilizadas na população mundial.

  • CoronaVac – Sinovac/Butantan

Esta foi a primeira vacina contra a Covid-19, junto com a da Oxford, a ser autorizada pela Anvisa para uso emergencial no Brasil, no dia 17 de janeiro deste 2021. Foi desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e está sendo produzida no Brasil pelo Instituto Butantan-SP. A expectativa é que consigamos produzir 1 milhão de doses da vacina por dia. 

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No texto anterior, apresentei as diferentes formas de produzir uma vacina. A CoronaVac utiliza a técnica com vírus inativado (“morto”); uma técnica já muito bem estabelecida e reconhecida para a produção segura de vacinas.

Uma das questões que gerou bastante dúvidas e incertezas em relação à CoronaVac foi a sua eficácia. A eficácia geral apresentada por este imunizante, nos testes realizados com brasileiros, foi de 50,38%, ou seja, as pessoas vacinadas têm 50,38% menos risco de adoecer. E, mesmo que fiquem doentes, têm 78% de chances de terem apenas sintomas leves, sem necessidade de internação, e 100% de proteção contra sintomas graves e morte. 

Os estudos clínicos da CoronaVac aqui começaram em julho de 2020, em oitos estados brasileiros, envolvendo no total 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde, frequentemente expostos ao vírus. Ela deve ser armazenada em geladeiras comuns, em temperatura entre 2°C e 8°C, e, em condições normais, pode permanecer estável por até três anos.

  • Oxford/AstraZeneca Oxford/AstraZeneca/Fiocruz 

Oficialmente denominada ChAdOx1 nCoV-19, foi desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. Através de uma parceria com o Brasil e um acordo de transferência de tecnologia, esta vacina está sendo produzida pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. A expectativa é que a instituição brasileira consiga produzir mais de 1 milhão de doses por dia.

A vacina da Oxford/AstraZeneca utiliza a técnica com vetor viral não replicante, tendo um adenovírus (um vírus já muito bem conhecido por causar doenças respiratórias e do trato intestinal) como vetor. Ele é modificado por engenharia genética para não se multiplicar e receber um pedaço do material genético do coronavírus responsável pela indução da nossa resposta imune.

Dois resultados diferentes de eficácia desta vacina foram apresentados: 90% quando aplicada meia dose seguida de outra dose completa; e 62% quando aplicada duas doses completas. A eficácia média ficou então em 70% aproximados. O Brasil também participou dos testes clínicos através de 10 mil voluntários brasileiros distribuídos em cinco estados. 

Assim como a CoronaVac, esta vacina pode ser armazenada em geladeiras comuns, em temperatura entre 2°C e 8°C.

  • Pfizer/BioNTech

Denominada oficialmente BNT162b2, foi desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer em parceria com a BioNTech, uma empresa de biotecnologia alemã.

Diferentemente das vacinas anteriores que precisam do cultivo do vírus em laboratório, a da Pfizer/BioNTech utiliza a tecnologia do RNA mensageiro (RNAm). A grande vantagem é que o processo é mais rápido e mais barato. Como explicado no nosso último artigo, o fragmento de RNA contendo as informações para a produção da proteína específica do Sars-CoV-2 que estimula nosso sistema imune é, por engenharia genética, isolado para fazer parte da vacina.

As empresas Pfizer e BioNTech anunciaram uma eficácia de 95%. O Brasil participou dos testes clínicos através de 2 mil voluntários divididos entre São Paulo e Bahia. Aprovada e já utilizada em vários países, o Brasil e a Pfizer ainda não fecharam um acordo para o fornecimento da vacina aqui.

Talvez o principal desafio em relação ao imunizante da Pfizer seja o seu armazenamento, o que afeta diretamente na logística de entrega do produto.  A vacina precisa ser estocada a temperaturas ultrafrias como 70ºC negativos. A empresa tenta minimizar o problema utilizando contêineres com gelo seco, os quais podem conservar a vacina por até 15 dias.

  • Moderna (mRNA-1273)

A vacina mRNA-1273 foi desenvolvida pela farmacêutica americana Moderna e foi a segunda vacina anticovid-19 a ser aprovada para uso emergencial nos Estados Unidos.

Assim como a da Pfizer, a vacina da Moderna também utiliza a tecnologia de RNAm e apresentou uma eficácia de 94,1% na prevenção à Covid. O Brasil não participou dos ensaios clínicos da Moderna e não há, por enquanto, um acordo de fornecimento das vacinas para o país.

Apesar de semelhante à vacina da Pfizer, a da Moderna precisa ser armazenada a uma temperatura a -20ºC e se mantém estável por até 30 dias na geladeira, com temperaturas de 2 a 8ºC.

  • Sputnik V – Instituto Gamaleya

Desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia, na Rússia, a Sputnik V foi a primeira vacina anticovid-19, no mundo, a ser aprovada para uso emergencial.

Assim como a da Oxford, a Sputnik V também é uma vacina de vetor viral, utilizando um adenovírus. A diferença é que a empresa russa utilizou dois tipos de adenovírus humanos, sendo um em cada dose da vacina; e apresentou uma eficácia de 91,6% contra a Covid-19.

O Brasil não participou dos ensaios clínicos da Sputnik V, mas se mantém em negociação com o Instituto Gamaleya para o fornecimento das vacinas para o país assim que a Anvisa autorizar o seu uso emergencial. A indústria farmacêutica União Química espera conseguir produzir a vacina russa aqui em solo brasileiro.

A Sputnik deve ser armazenada a -18ºC, mas a forma liofilizada (desidratada) pode ser mantida entre 2ºC e 8ºC, temperaturas normais de geladeira.

Todas as vacinas aqui citadas precisam de uma segunda dose de reforço para gerar a melhor resposta. E é importante enfatizar a necessidade de se tomar essa segunda dose da vacina e, que, uma vez tomada a primeira dose de um fabricante, a segunda também deve ser dessa mesma empresa. Os efeitos colaterais possíveis são, na sua maioria, esperados para muitas outras vacinas também. 

E para facilitar o entendimento de tanta informação, coloquei de forma simples em um quadro comparativo.

Vacina Tecnologia Eficácia Armazenamento Doses
CoronaVac (Sinovac) Vírus inativado 50,38% e 78% para sintomas leves  2 a 8ºC 2
Oxford/AstraZeneca Vetor viral 70,4% 2 a 8ºC 2
Pfizer/BioNTech RNAm 95% -70ºC 2
Moderna RNAm 94,1% -20ºC 2
SputnikV (Gamaleya) Vetor viral 91,6% -18ºC ou 2 a 8ºC (liofilizada) 2

A nossa melhor ferramenta é a informação, e eu espero ter contribuído um pouquinho para que as principais dúvidas sobre as vacinas contra o novo coronavírus tenham sido esclarecidas. São seguras e eficazes.

Com consciência e vacinação, teremos os abraços apertados de volta.

 
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4 Comentários

  1. Célia Regina Braga Chaves19 de fevereiro de 2021

    Parabéns pelo texto!! Me ajudou muito a entender que a vacina elimina o risco dos sintomas graves, e este é o maior incômodo mundial. E a vacina trás a esperança de voltar a uma vida normal. No passado uma gripe matava, então precisamos manter a calma e entender a necessidade da medicação. Gratidão!!

    Responder
    1. Erika20 de fevereiro de 2021

      Obrigada, Celia

      Responder
  2. Fabiana Honorato Ferreira19 de fevereiro de 2021

    Por mais textos na imprensa com essa objetividade e esse didatismo! Adorei

    Responder
    1. Erika20 de fevereiro de 2021

      Obrigada 🙂

      Responder

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