A música enquanto vibração sonora é algo imaterial para nós. Mas, quando pensamos quanto ao formato deste arquivo que nos dá o acesso a experiência de ouvir música, temos critérios complexos quanto a fidelidade da audição – como, onde e em qual potência será aplicada essa música e o tamanho do público que estará nessa audição. Tudo partirá do nível de experiência que será proposto a esse público: seja uma sala de concerto, uma moderna casa noturna, ou mesmo a sala de espera do seu dentista.
Aproveite descontos exclusivos em cursos, mentorias, eventos, festas e muito mais assinando o Clube 40EMAIS agora! Além disso, ganhe descontos em lojas, restaurantes e serviços selecionados. Não perca tempo, junte-se ao nosso clube!
Vamos agora, simular mentalmente, você numa caminhada até o supermercado, ouvindo o álbum novo de seu artista preferido. A diferença de ser num fone de ouvido última geração ou de ser num fone que você comprou na loja de conveniência, a sua maturidade musical que irá medir a experiência sonora. O que também nos ensina, que ouvir música é algo muito sério.
|
|
A variante nos modelos de mídias disponíveis que existem e que já existiriam, também forma uma linha histórica de toda a obsessão humana por produzir música e promover formas de ouvir essas tantas produções disponíveis no acervo da humanidade – quero lembrar que músicas arquivadas em cilindros de cera, atravessaram o tempo graças as transformações tecnológicas e hoje continuam acessíveis a nós. Lembro do meu orgulho, lá nos anos 90, em ter um CD de cantos de baleias; que hoje está disponível em quase todas as plataformas de stream, junto com cantos de golfinhos, cantos de pássaros, sons de chuva, mar, riachos e pasmem, sons de fogueira.
A produção musical não para de acumular arquivos sonoros-musicais, além de que existem várias diferenças entre ouvir música por streaming e ouvir música em formatos físicos como CD, LP e fita cassete. Fiz uma pesquisa sobre algumas das principais diferenças nestas opções, se comparado com o stream (o formato mais atual), para percebermos como isso pode formar a trilha sonora de nosso cotidiano.
Qualidade de áudio:
Streaming: A qualidade do áudio pode variar dependendo do serviço de streaming e da conexão à internet. Geralmente, os serviços de streaming oferecem diferentes opções de qualidade, como padrão, alta e, em alguns casos, até qualidade de alta resolução.
CD, LP e fita cassete: Esses formatos físicos geralmente oferecem uma qualidade de áudio mais consistente e de alta fidelidade, especialmente os LPs (discos de vinil), que são conhecidos por seu som quente e rico.
Experiência tátil e visual:
Streaming: A experiência de ouvir música por streaming é predominantemente digital, com interfaces de usuário em telas de dispositivos eletrônicos. Dá acesso a uma ficha do artista e suas redes sociais, as letras das músicas, acesso ao merchandising do artista (camisetas, canecas, bonés, caixa de discos edição comemorativa ou mesmo, calendário de datas de apresentações dos artistas e link para comprar o ingresso destes shows).
Outra condição de experiência no stream é a sensação de poder dar play em quase todo o acervo musical do mundo, com essa simples atitude de clicks e barras de rolagem – me sinto um DJ do Mundo, tamanha essa janela que se abre para a cena musical global. Se um artista lança seu trabalho novo, no segundo seguinte nós seus fãs, podemos já dar play e curtir essa vibe se espalhando pelas redes sociais.
CD, LP e fita cassete: Esses formatos físicos proporcionam uma experiência mais tátil e visual. Os CDs têm capas e encartes que muitas vezes incluem letras das músicas e informações adicionais – ou até carregar uma dedicatória daquele artista. Os LPs geralmente vêm com capas de álbuns artisticamente projetadas e os vinis em si podem ser colecionáveis. As fitas cassete também podem ter arte de capa e por seu apelo retrô, hoje o mercado volta a disponibilizar novo acesso a esse formato musical com tocadores de fitas sendo reeditados.
Posse física:
Streaming: A música é armazenada na nuvem e acessada por meio de dispositivos eletrônicos conectados à internet. Os usuários não possuem uma cópia física da música, bem como, dependendo da assinatura com essa plataforma, você perderá acesso a todo esse acervo, caso deixe de pagar o seu pacote contratado. Mas desde de que, você tenha acesso a rede de dados e tenha uma assinatura paga, provavelmente teremos à nossa disposição, um acervo incrível de trabalhos musicais, e por que não, arquivos de áudios (podcast, documentário, audiolivro, poemas, entre outros).
CD, LP e fita cassete: Esses formatos físicos permitem que os ouvintes possuam uma cópia tangível da música, o que pode ser mais gratificante para alguns colecionadores e entusiastas da música. Mas não podemos esquecer a usabilidade de ouvir esse conteúdo, que por vezes exige paciência para poder aproveitar essa experiência livre de uma conexão digital. Tenho cerca de dois mil CDs, algo como 100 DVDs, três LPs e duas fitas cassetes, que gosto de pensar que são minha garantia numa hecatombe da Internet ou mesmo uma falência do Spotify ou do SoundCloud (vai quê acontece, teremos música nem que seja por pilhas, baterias ou na manivela mesmo).
Compatibilidade e portabilidade:
Streaming: A música pode ser acessada em qualquer lugar com conexão à internet e em uma variedade de dispositivos, como smartphones, tablets, computadores e smart TVs. A maioria dos pacotes pagos, também permitem você fazer download de uma quantidade de arquivos musicais, para você ouvir offline (como dentro do metrô, numa longa viagem de avião, numa viagem por estradas sem acesso à rede de internet ou naquele detox social que faremos num sítio afastado da civilização).
CD, LP e fita cassete: Esses formatos físicos exigem dispositivos específicos para reprodução. Embora os CDs sejam facilmente reproduzidos em muitos dispositivos modernos, como computadores e players de CD dedicados, os LPs exigem um toca-discos e as fitas cassete exigem um tocador de fitas, que por curiosidade, vem sendo relançados uma série de aparelhos vintage, para esse momento saudoso que o mercado vem declarando querer – não se sinta bobo(a) caso traga aquela certeza de que você realmente precisa de um toca disco novo.
Custo:
Streaming: Os serviços de streaming geralmente têm uma assinatura mensal ou oferecem uma opção gratuita com anúncios. O acesso à música é virtualmente ilimitado dentro das restrições do serviço que foi contratado, o que nos abre um leque quase infinito do que você poderá consumir entre títulos de álbuns oficiais disponíveis. Poderemos ampliar o conhecimento de cada artista/produtor de música, acessando conteúdos mais específicos como singles de seus trabalhos e uma grande variedade de versões demo, mashups e remixes sobre, que se fosse em versão física, chegaríamos a uma fortuna incalculável em compras para chegarmos aos 50% de tudo aquilo que temos acesso via stream.
CD, LP e fita cassete: A compra de CDs, LPs e fitas cassete geralmente envolve um custo por álbum ou faixa. Esses formatos também podem ser encontrados em lojas de discos usados, o que pode reduzir o custo, mas ainda assim, há um custo associado à posse física da música.
Em última análise, a escolha entre ouvir música por streaming ou em formatos físicos como CD, LP e fita cassete, dependerá das preferências individuais do ouvinte, considerando fatores como qualidade de áudio, experiência de posse, compatibilidade e portabilidade, entre outros.
O ponto de vista de quem utiliza plataformas de stream
A chegada das plataformas de streaming mudou significativamente o cenário da música em vários aspectos. Aqui pretendo reunir alguns pontos positivos e negativos dessa mudança e assim, refletirmos sobre os caminhos para o ato de “alugar música” e não comprar música.
Pontos positivos:
Acesso conveniente e amplo: As plataformas de streaming proporcionam fácil acesso a uma vasta biblioteca de músicas a qualquer momento e em qualquer lugar, desde que haja uma conexão com a internet. Isso ampliou a exposição a uma grande variedade de artistas e gêneros musicais.
Descoberta de novos artistas: Os algoritmos de recomendação das plataformas de streaming ajudam os usuários a descobrir novas músicas e artistas com base em seus gostos musicais anteriores. Isso tem sido benéfico para artistas emergentes que podem ganhar visibilidade mesmo sem o apoio de grandes gravadoras. O limite desta disponibilidade é quase infinita e basta você querer fazer uma busca rápida na plataforma. Isso sem contar aquelas dicas que seu amigo mais ligado em música, envia já com os links dos álbuns, vídeos ou sets gravados. Tudo podendo ser organizado em uma ordem de playlists pessoais.
Modelo de negócio sustentável para artistas independentes: Para muitos artistas independentes, as plataformas de streaming oferecem uma maneira de distribuir sua música globalmente sem depender de gravadoras tradicionais. Isso permite que eles retenham mais controle sobre sua música e recebam uma parcela maior da receita gerada por suas reproduções.
Redução da pirataria: O acesso fácil e acessível a músicas por meio de plataformas de streaming ajudou a reduzir a pirataria digital. Com uma oferta tão vasta e conveniente de músicas legais, há menos incentivo para os consumidores buscarem conteúdo ilegal na internet.
Pontos negativos:
Receita baixa para os artistas: Apesar de sua popularidade, as plataformas de streaming muitas vezes pagam uma quantia relativamente baixa aos artistas por reprodução de música, o que tem sido objeto de críticas. Muitos artistas afirmam que a receita gerada pelas reproduções de streaming é insuficiente para sustentar uma carreira musical.
Dominância de grandes gravadoras: As grandes gravadoras muitas vezes têm mais influência e poder de negociação com as plataformas de streaming, o que pode resultar em artistas independentes recebendo uma parcela menor da receita gerada pelas reproduções.
Desvalorização da música: Com a facilidade de acesso e a abundância de músicas disponíveis nas plataformas de streaming, alguns críticos argumentam que a música se tornou mais descartável e menos valorizada. Os usuários podem pular rapidamente de uma música para outra, sem realmente dedicar tempo para apreciar e absorver completamente cada faixa.
Desafios para a sustentabilidade financeira das plataformas: As plataformas de streaming enfrentam desafios para alcançar a lucratividade devido aos altos custos de licenciamento de conteúdo musical e à competição acirrada no mercado. Isso pode resultar em aumentos de preços para os assinantes ou mudanças nos modelos de negócios que afetam a experiência do usuário.
Conclusão deste colunista
Criando um olhar mais atento, iremos perceber que embora as plataformas de streaming tenham trazido muitos benefícios para quem distribui e para quem acessa música, também apresentam desafios significativos à indústria musical, que precisam ser abordados para garantir uma distribuição que seja justa e ao mesmo tempo sustentável quanto à receita para os artistas. Penso que se essa relação não for justa, acabamos com o incentivo ao artista que tanto amamos, em fazer mais produções que irão deliciar nossos sentidos. O futuro da música, dependerá do reconhecimento que entregamos hoje aos produtores de conteúdos sonoros-musicais.
Vida longa ao som bom (em um bom som).
Até a próxima sexta-feira.
MAIS NESSA COLUNA
Leia Também
|