A cada edição da coluna “Explorando Sonoridades”, proponho um convite para você descobrir novos sons e conectar-se profundamente com musicalidades que indico destaque. Uma seleção que foi pensada para transmitir diferentes universos sonoros, com estilos variados e temas que refletem o atual cenário musical. De letras introspectivas a batidas envolventes, as faixas selecionadas são um verdadeiro reflexo da essência de cada obra.
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Nessa sexta edição, trouxe cinco artistas brasileiros que formam conexões entre um passado fantástico e um futuro promissor. Sobre cada um deles, o meu desafio é indicar uma faixa que melhor expresse a alma destas obras. Venha nesse jukebox que criei no Spotify para você clicar antes de ler o texto: Explorando Sonoridades 06 – 06.12.2024 – nessa playlist você poderá ouvir cada uma destas canções e serve como uma porta de entrada para os trabalhos de cada artista.
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Embarque nessa viagem sonora que proponho a seguir:
- Álbum: “Silvero Interpreta Belchior” (2024) – Silvero Pereira
Trata-se de um EP com cinco canções do meu (do nosso) magnânimo Antonio Carlos Belchior, que ganham a rica interpretação do também cearense Silvero Pereira. Esse conteúdo nasce naturalmente da elogiada turnê que Silvero fez pelo Brasil, cantando 18 pérolas do cancioneiro de Belchior. Com sua teatralidade dos palcos, Silvero absorve todas as influências do autor e imprime uma veracidade de vida sob cada palavra “belchiorana” (uma licença poética claro). Um trabalho que vem sendo lapidado nos palcos desde 2020, ganhou essa versão estúdio em julho deste ano, com as faixas: Divina Comédia Humana, Comentário a Respeito de John, Na Hora do Almoço, Paralelas e Princesa do Meu Lugar.
A faixa que trouxe como pontapé deste álbum é “Na Hora do Almoço”, onde Silvero calmamente insere sua voz bem diferente do autor, como um contraponto importante para percebermos essa letra familiar e unificante. Nessa melodia enriquecida com uma banda completa e que parece ser regida pela própria voz se Silvero, enquanto a música vai crescendo instrumento a instrumento. – “Deixemos de coisas, cuidemos da vida”
- Álbum: “Origem” (2024) – Djavan
Esse novo projeto lançado nessa semana, traz um grupo de composições e gravações do artista que nasceram antes do primeiro disco dele, e portanto, antes de Djavan ser reconhecido por gravadoras aqui no sudeste do país e ganhar a fama crescente de sua carreira. São arquivos sonoros raros e que passaram por um trabalho de remasterização e podem agora ser apreciados em formato digital.
Djavan sai de Alagoas, sua terra natal, e desembarca no Rio de Janeiro para atuar como crooner do conjunto do pianista Osmar Milito. Dali em diante teve uma oportunidade de ser reconhecido pelo público carioca e assim, passou a ser chamado para alguns trabalhos em projeto de coletâneas, álbuns de homenagens a grandes compositores e algumas gravações dedicadas as trilhas de novelas globais (como em Roque Santeiro – 1975).
A canção que escolhi para representar esse projeto e arquivos especiais de Djavan, a canção “Qual É”. Uma gravação do samba de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, para a trilha da novela Os Ossos Do Barão (Globo 1973 / 1974). Aqui podemos notar a capacidade vocal e de interpretação de Djavan num samba de breque ancestral e imerso na atmosfera carioca dos anos 70. Vale uma viagem pelo álbum onde verá também a versão original para “Fato Consumado” (1975), que tem impressa já uma intenção jazzista que passaria a permear a carreira deste artista aclamado – “Eu quero é viver em paz. Por favor me beija a boca”.
- Álbum: “Só Me Abrace” (2024) – Joow J.
Joow J. é o nome artístico de uma personalidade única: O Porquinho da Paulista (veja o perfil dele no Instagram). Assim como Djavan, Joow também começa como um crooner, mas dedicado à cultura pop global. Ele pode ser visto com sua energia solar, cantando pela região da Av. Paulista, onde arrasta seus carismáticos fãs (até Pablo Vittar já parou na Paulista para cantar junto dele).
Ele tem duas canções autorias e disponíveis em streaming, onde fui buscar a canção “Só Me Abrace”, lançada agora em 29.novembro. Na letra ele aborda a força do acolhimento, que pode apoiar aqueles que amamos e passam por momentos vulneráveis – “Lembramos que não somos inquebrantáveis / Creio que não somente eu / Que chora escondido, só quem vê é Deus… Vem me ver, me abrace”. Um talento assim, merece nosso apoio e aplauso.
- Álbum: “Se O Meu Peito Fosse O Mundo” (2024) – Jota.pê
Falar de um trabalho como esse deveria ser fácil, mas ele tem o peso de três Grammy Latino (melhor álbum de MPB/Música Afro Portuguesa Brasileira; melhor engenharia de som; e melhor canção em língua portuguesa por “Ouro Marron”) e por isso, não posso ser leviano ou simplista na intenção. Conheci o álbum justamente um dia antes do anúncio das premiações, então, pretendo aqui indicar as minhas impressões antes de todo o reconhecimento da mídia pós prêmios.
Fiquei bobo pela levada jazzista, que me remeteu à possibilidade de “um Djavan que tenha nascido em Osasco” (terra natal de Jota.pê), onde começou sua estrada com banda própria e dali se projetou no The Voice (2017). Teve singles lançados com participações de Gilsons, Xênia França e Bruna Black.
Suas letras cativam pela profundidade e as harmonias são um bálsamo para ouvidos calejados como os meus. Escolhi a faixa “A Ordem Natural Das Coisas”, que é uma reedição da canção do fantástico Emicida, que tenho grande admiração pela verborragia de palavras icônicas. Nessa versão Jota.pê nos faz djavaniar com ele, numa delícia de interpretação e swing dançante – O Sol, só vem depois / É o astro rei, ok, mas só vem depois”. O caminho dele é daqui prô futuro.
- Álbum: “Nelson 70” (2024) – Compilação com composições Nelson Motta
Ao completar 70 anos, o compositor, jornalista e comentarista de música Nelson Motta, tem o lançamento de um documentário sobre sua vida e carreira notável. Aqui temos o álbum que reúne uma riquíssima compilação de artistas renomados e novos expoentes de nosso país, interpretando as canções escritas por Nelson Motta e tão conhecidas nas vozes de seus parceiros originais como Lulu Santos, Guilherme Arantes e Rita Lee. Mas nesse trabalho, foram convidadas novas vozes para novos arranjos e o resultado é sem dúvida um presente para quem ouve. Tem Ed Motta, Lenine, Marisa Monte, Céu, Gaby Amarantos, Max de Castro, Maria Gadú, Fernanda Takai, entre outros.
Escolhi a faixa “Marina No Ar” na linda interpretação de Silva, que atualiza essa gravação de 1983 feita por Guilherme Arantes. Traz uma sequência de batidas futuristas, mas sem perder a harmonia sinuosa e o romantismo da canção original. Mas o álbum todo é repleto de boas surpresas como Marisa Monte cantando “Nós e o Tempo” (que não sabia que era parceria com Nelson), Max de Castro em “Areias Escaldantes” em versão roque anos 80 e Fernanda Takai em “De Onde Vens” (parceria de Nelson com Dori Caymmi). Li num artigo que “Nelson Motta soube levar o espírito leve de quem veio da bossa nova aos humores de cada época”.
Ao explorar essa rica seleção de obras, fica evidente a pluralidade e a vitalidade da música brasileira, que continua a se reinventar e a emocionar gerações. De interpretações teatrais e históricas a inovações sonoras que dialogam com o futuro, cada artista mencionado aqui nos convida a mergulhar em um universo de criatividade e sentimento. Que essas indicações sirvam como porta de entrada para novas descobertas e, principalmente, para uma conexão mais profunda com a arte que nos cerca. Afinal, a música, em todas as suas formas, é um poderoso reflexo de quem somos e do que sonhamos ser.
Vida longa ao som bom (em um bom som).
Até a próxima.
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