Começo afirmando que gostei muito da festa, mas dava para melhor. Minha anedota da noite foi: “Essa não é festa para uma bala inteira”. O público é mais de boa, conversador e sem caras emburradas, num tom de descontração contagiante e amigável (nisso a galera foi nota 10). Porém, o som é quebrado, repleto daquelas conhecidas paradinhas e insistentes chamadas à nossa euforia; digo que cansa esse tanto de “pare e siga” repetitivos – eu que venho de uma escola sonora mais vibrante e ritmo sequenciado, acho difícil para o público manter-se nos trilhos e conservar energia para durar a festa toda. #EmMinhaOpiniaoClaro
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Os DJs (num geral) optaram por sonoridades potentes e ricas no grave que eu adoro, porém com muitas paradas no ritmo, seguidos de gestos dos DJs pedindo a pista por novos momentos de empolgação. Não quero dizer que o que tocou foi ruim, as músicas criaram boa conexão com a pista, mas por favor, a noite toda nesse repeteco de morde forte, acalma, sopra e depois morde forte mais uma vez – isso acaba cansando o corpo, a energia recua e não à toa, lá pelas tantas a parte externa estava cheia de pessoas sentadas por onde conseguiam – até os trilhos viraram bancos improvisados.
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Se a alma da festa diz DANÇAR É A RESPOSTA, precisa calibrar esse batimento cardíaco, pois dançar só era possível nos picos de som, que eram curtos. Faço uma ressalva sobre os sets de Curol (minha atração preferida da noite) que mostrou muita sonoridade dela que não conhecia; bateu mais forte em nós com um grave muito bem ajustado e me vi surpreendido com uma pista totalmente conectada a figura dela em ação (foi lindo). Também, trago atenção ao DJ Leo Barcellos que foi representar a dupla Silver Panda – ele criou uma linda sequência de trance que pelo registro do meu contador de passos, foi quem mais me colocou para dançar.
Festa boa, mas das boas mesmo, constrói som contínuo, onde cada DJ nos ensina sobre frequência cardíaca e calibra nossas células numa mesma batida. Diferente do que senti nessa pista, que mais se assemelhou a uma ARRITIMIA. Valorizo a ideia de uma locomotiva sonora que não para por nada; ela pode até diminuir enquanto sobe uma colina ou faz uma curva acentuada, mas ela não desperdiça sua força freando. Tenho predileção pelos sons com constância, que nos entrega aquela rotina de trem para enfrentar as barreiras da vida.
Também devo dizer que o bar é pensado para quem consome álcool, mas para mim sobrava Coca Cola e água – qual o problema com a água de coco e o Gatorade? Mas sei lá, eu estava nessa primeira viagem e me vi deslocado de minhas manias e gostos, portanto resolvi embarcar na vibe que foi proposta. Mas o estacionamento à R$ 100,00, como justifica?
O pretinho básico dominava a moda no cenário. Traje oficial, que de tão presente dá um tom de torcida organizada ERRORR – e o som transmite essa mensagem, pois criar aquela sensação de que estamos num mesmo desfile de uma escola de eletrônico, que caminha até a apoteose num mesmo beat. Tenho que dizer que o astral é de sintonia, com a pista conectada ao pacote de imagens incríveis que são projetadas e a sonoridade cheia de picos de empolgação (como falei acima). Uma integração bacana, que arrisco dizer que talvez seja a festa mais eclética que eu já tenha ido, onde a interação com as tantas mudanças de música eram visíveis nos pulos e braços erguidos. A pista não perdeu brilho da alegria, como se festa estivesse incrível e eu que fosse o chato de galocha. Quem sabe seja isso mesmo.
Ruback (acrônimo para Are You Back?) é a dupla que rege a festa. Assumiram a pista às das 03:00h às 05:00h e fizeram um som igualmente potente, um tipo de “trance evolutivo orgânico” (inventei agora), mas também repleto de paradas. Mas as projeções foram tão bem alinhadas com o som da dupla, que admirei feliz o conjunto da obra. Na sequência chega a outra dupla Omnya (que conheço de Spotify), mas resolvi sair com meia hora de set, pois vi que não acrescentaria muito mais e minha cota da noite fechou.
O trabalho de luz cenográfica e da projeção de imagens estava incrível. O amparo do equipamento técnico da casa elevou e muito essa experiência sensorial tremenda.
Quanto a política de “Não Celular” valeu a experiência social, mas que fique claro que essa a turma resistiu até às 02:30h da madruga, quando em uma irradiação coletiva de energia humana correu pela pista e várias pessoas sacaram seus celulares ao mesmo tempo, arrancaram os adesivos das lentes e passaram filmar o apogeu da apresentação de Silver Panda. Daí em diante parece que a inibição de filmar foi deixada de lado.
Mas acho importante falarmos deste detox digital que pode melhorar nossa diversão. Eu mesmo me coloco nesse cesto, pois em vários momentos me vi tentado a levar a mão ao bolso e tirar o celular para captar uma imagem, filmar uma apresentação ou mesmo captar aquela alegria do público em cada comemoração entre as mudanças de música. Mas como a bateria do aparelho estava em baixa, resisti e não usei o aparelho durante a noite toooodaaaa (eu consegui) e digo que foi tão bacana, que por isso eu devo ter me ligado tanto ao cenário, perceber tantos detalhes, ao ponto de entender a festa poderia melhorar ainda mais, afinal não tinha água de coco e Gatorade. #AlokaDaAguaDeCoco
OBS: As imagens que você vê aqui nessa matéria, foram captadas pelo colega Nelson Presbiteri, que atua na equipe da casa e gentilmente me cedeu para publicação. Obrigado Nelson não só pelas imagens, mas também pela alegria de dividirmos essa pista entre amigas e amigos geniais.
Vida longa ao som bom (em um bom som).
Até a próxima.
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