Rafael Motta: Fatos, a vacina contra o negacionismo

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negacionismo

Antes de qualquer coisa: vacine-se logo que chegar sua vez. Caso tenha contraído covid-19 antes ou durante o período da imunização, consulte um médico sobre a melhor data para tomar sua dose.

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Agora, sim, a discussão política — ou politiqueira — do assunto. É difícil saber de outros países onde o projeto de governo, que inclui o desejo da reeleição, consista em estimular o desprezo pela vida humana. Ainda mais improvável é descobrir outra nação onde esse discurso faça sucesso e seja repetido, sem contestação, por gente que, até há tão pouco tempo, parecia usar bem o cérebro.

Pois essa quase certa exclusividade brasileira é uma carta de alto valor no baralho eleitoral de 2022. Dará para levar o jogo mesmo que os efeitos da pandemia e da lerdeza em vacinar por completo a maioria da população ainda estejam sendo sentidos às vésperas da disputa presidencial (e serão, pois os efeitos de crises duram mais que os da bonança; é duro conquistar e repentino perder).

E por que o negacionismo tem potencial para gerar votos? Porque os partidários da confusão construíram e espalharam a mentira segundo a qual o aumento do desemprego, dos preços e da pobreza se deve às medidas de contenção do vírus. Eles se somam aos farsantes que exageram efeitos colaterais da vacinação e deixam de dizer que isso não é nada perto do perigo de adoecer.

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Foi preciso reagir a essa falsidade com fatos internacionais: nos países com vacinação mais adiantada, a vida vai voltando ao que era. O uso da máscara, símbolo mundial de prevenção, deixa de ser obrigatório em lugares como os Estados Unidos — este, campeão de mortes e que, se os números atuais persistirem, será alcançado pelo Brasil em dois meses; tomara que não nem nunca.

Ainda comparando os dois países: em 1º de janeiro, a média móvel semanal de mortes (o total de óbitos em uma semana, dividido por sete) norte-americana era de 2.620 por dia, e a brasileira, de 703. Na segunda-feira (21), o Brasil tinha 2.051 mortes diárias (quase o triplo) e 11% da população imunizada totalmente. Os Estados Unidos, 296 óbitos (menos 89%) e 45% com vacinação integral.

Esses e outros números do coronavírus estão no link https://ourworldindata.org/covid-deaths. Mais uma prova de que a economia pode crescer quando a saúde melhora está nesta reportagem do jornal The New York Times, em português: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/06/numero-de-pedidos-de-demissao-bate-recorde-nos-eua.shtml

Mas é preciso reconhecer que essas informações verdadeiras não chegam a tanta gente porque não são simples de digerir. Deve-se simplificar o que é real e distingui-lo do errado. Contextualização não é o forte de uma sociedade atropelada por uma onda de supostos fatos e mentiras indiscutíveis que são toleradas porque, afinal, são úteis para prejudicar adversários em potencial.

Quem, então, é o “inimigo” a combater, para os partidários do negacionismo encarnado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido)? O governador João Doria (PSDB), que não esconde sua vontade de concorrer ao Planalto usando a vacinação como trampolim nacional. Vacinar é positivo, mas também serve à politicagem, que Doria fez já em 2018 ao colar sua imagem à de Bolsonaro.

Explorar essa aparente contradição é uma tática que ganha força à medida que a CPI da Covid se estende. Como foi dito no artigo anterior, é uma comissão desnecessária (já se conhecem os culpados pelo atual estado da pandemia) e inútil (ninguém responderá por nada), além de ter personagens viciados (há senadores pelos quais pôr a mão no fogo é ala de queimados na certa).

Acompanhar o noticiário sério é fundamental para saber o que políticos fazem e o que não deveriam fazer. Por exemplo, a compra de vacinas indianas por valor 1.000% acima do anunciado pela fabricante (https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/06/22/interna_politica,1279153/governo-bolsonaro-comprou-vacina-indiana-1000-mais-cara.shtml). 

**Este texto não, necessariamente, reflete a opinião do 40EMAIS.

Fotos colunistas rafael motta - 40EMAIS Rafael Motta, nascido em Santos e jornalista formado em 2000, trabalha desde 1993, aos 14 anos, em veículos de comunicação da Baixada Santista e de alcance nacional (portanto, já está nos 40 e mais). É editor assistente de Cidades do jornal A Tribuna e autor dos livros ‘Tarquínio – Começar de Novo’ (Editora Leopoldianum, 2012, biografia) e ‘Catorze – A Via-Sacra de Erasmo Cupertino’ (Edição do Autor, 2020, ficção). Acredita que o exercício da política pode melhorar a democracia, pois está ao alcance de todos: não é preciso ter mandato para agir politicamente. E pensa que os políticos pagos com o nosso dinheiro devem satisfações à sociedade. Quando não nos dão explicações, devemos buscá-las. Um caminho é analisar o que fazem, para entender seus objetivos.

 

 
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