A música tem essa capacidade mágica de ressignificar até os momentos mais cotidianos. Ela é uma inspiração constante, uma força vibracional que atinge nosso físico, nos ensina ludicamente e toca o que temos de mais humano.
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Outro dia, enquanto tocava Dancing Mood, de Delroy Wilson, pelos meus incríveis fones de ouvido – daqueles que deixam a música viva, mas não abafam o mundo à minha volta – conduzia minha mãinha em seu ritual noturno para dormir. Cada gesto era uma coreografia ensaiada: levantá-la do sofá, acompanhá-la até o banheiro, esvaziar a bexiga, conferir a calcinha descartável, trocar as roupas. Movimentos precisos, como numa dança delicada, cheia de significado.
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Na minha mente, enquanto ajudava com a limpeza, aplicava o colírio nos olhos, entregava os remédios e finalmente a colocava na cama, tudo se transformava em um balé entre eu e ela, com cuidado e amor. Antes de apagar a luz, um desfecho que sempre me emociona: “Obrigado pelo seu carinho comigo. Meu amor por você é maior que o universo”. Naquele momento, Dancing Mood ganhou um significado especial – a trilha de uma coreografia que encerra com uma declaração emblemática.
Outro dia lembrei de quando mãinha disse que adorava que enquanto ela cozinhava e eu ainda mulecote, enchia a casa com as músicas que tocava no aparelho de CD do quarto. Ela me disse mais de uma vez, o quanto ela admirava a meu gosto por música e que a casa era mais bonita enquanto ouvíamos música juntos. Sem que percebesse, ela foi minha primeira plateia – a audiência inaugural do DJ que me habita.
Gente que sente a música merece aplausos. É como se, pelo que escutam, revelassem uma parte essencial de si. Passei a confiar nesse critério subjetivo, ainda que sem comprovação científica, para entender as personalidades alheias. Até agora tem dado certo. E valorizo muito o que os streamings mostram do meu “ano sonoro”: cada humor, cada comemoração ao entardecer, cada trânsito enfrentado, cada louça lavada ou caminhada – tudo embalado por músicas que me ensinaram mais um passo ou me inspiraram um pensamento melhor.
Não sou de “músicas de fossa”, salvo quando quem canta é dos bons. Meu ano tende a ser preenchido por trilhas que elevam o astral e estimulam aprendizados. Afinal, se é para refletir sobre as coisas importantes, que seja com leveza e celebração das pequenas conquistas que construímos ao longo de um ano inteiro.
Desde que comecei a bancar minhas fitas cassete TDK, ainda jovem, criei o hábito de montar compilações musicais para presentear pessoas especiais. Então, lá iria eu pensar como caber a sonoridade que eu desejava aquela pessoa, em apenas 45min de cada lado. Meu desafio era uma diversão para minha mente, como faço até hoje, “desejando playlists” para pessoas, lugares, momentos. E não é falta de modéstia dizer: mando bem pra caramba. #VcsQueLutem
“Uma música vale um livro”, li certa vez em um sebo da minha terra natal. Acho que hoje eu atualizaria assim: Se uma música vale um livro, uma playlist vale uma série da Netflix – com 16 temporadas e material extra dos produtores, contando mil histórias para você acordar pra vida.
No fim, a música é essa trilha sonora invisível que dá cor, ritmo e significado aos nossos dias. Seja nos pequenos gestos de cuidado, nas lembranças de uma infância sonora, ou no presente, criando conexões com o mundo, ela está sempre presente, como uma companheira fiel, embalando nossas danças cotidianas e nos ensinando a viver de forma mais plena.
Vida longa ao som bom (em um bom som).
Até a próxima.
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