Quando falamos sobre “desacelerar” o ritmo de vida, envolveremos inúmeros aspectos que podem ser percebidos no cenário mundial. Podemos associar alguns conceitos como alimentação consciente (“slow food”), consumo minimalista ou mesmo o termo “quiet luxury” (elegância e sofisticação através da descrição). Outro ponto importante, parece ser a prática do home office, que nos mostra os benefícios/ganhos de evitarmos horas de trânsito como parte da jornada de trabalho. Também, a larga expansão do mercado PET que promete acalmar nossos temperamentos e confortar nossos sentimentos – quem aqui resiste a um vídeo de gatinho sabichão ou de um cachorrinho brincalhão? – melhor que muito calmante.
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Enxergo nisso tudo, um tipo de contracultura que propõem mudanças nas atitudes dos seres humanos, onde as pessoas estão constantemente expostas a estímulos rápidos e intensos. Quem puxa esse movimento são todos aqueles que percebem e lutam contra o ritmo impositivo que a chegada da tecnologia/Internet trouxe para nosso cotidiano. O segmento musical passa então a contribuir com esse movimento cultural, onde os artistas e ouvintes buscam uma experiência auditiva mais tranquila, contemplativa e menos acelerada. Isso pode se manifestar de várias maneiras:
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#Tempo mais lento: Muitas músicas associadas a essa tendência têm um ritmo mais lento do que os gêneros musicais mais populares, como a bossa nova, pop ou rock melódicos, música para meditação e o movimento Lo-Fi, que já foi tema desta coluna. Isso permite que os ouvintes relaxem e absorvam a música de forma mais contemplativa.
#Instrumentação minimalista: Muitas vezes, as músicas que aderem a essa tendência apresentam uma instrumentação mais simples e minimalista. Isso pode incluir o uso de instrumentos acústicos, como violão, piano ou instrumentos de sopro, em vez de uma produção pesada com muitas camadas de sons eletrônicos.
#Letras introspectivas: As letras das músicas que seguem essa tendência muitas vezes exploram temas mais introspectivos e contemplativos, como amor, solidão, autoconhecimento e espiritualidade. Isso contribui para a atmosfera relaxante e reflexiva da música, enquanto propõe reflexão sobre a correria do dia a dia.
#Ambient e música ambiente: Gêneros como ambient e música ambiente são especialmente associados a essa tendência, pois são projetados para criar atmosferas relaxantes e imersivas, muitas vezes usando sons eletrônicos e texturas sonoras em vez de uma estrutura musical tradicional.
Por que esse movimento é tão necessário?
A tendência da sociedade por desacelerar o ritmo de vida é uma resposta ao mundo moderno caracterizado por uma constante pressão por produtividade, competição e uma inundação de estímulos digitais. Algumas das razões e manifestações dessa tendência incluem:
>Saúde Mental: inclui práticas como meditação, mindfulness e atenção plena, que promovem um ritmo mais tranquilo e uma maior consciência do momento presente.
>Equilíbrio Trabalho-Vida: é necessário reavaliarmos nossas prioridades e a valorizarmos mais o tempo livre, os relacionamentos e as atividades de lazer. Isso muitas vezes implica em reduzir horas de trabalho excessivas e evitar a cultura do “sempre estar ocupado”.
>Consciência Ambiental: inclui práticas como consumo consciente, redução do desperdício e uma maior conexão com a natureza, que muitas vezes estão associadas a um ritmo de vida mais lento e menos frenético.
>Valorização da Qualidade sobre a Quantidade: reflete uma preferência por momentos significativos, relacionamentos autênticos e atividades que proporcionam uma sensação de realização e satisfação genuína, mesmo que isso signifique diminuir o ritmo.
Embora seja um processo gradual e variável dependendo do contexto cultural e individual, “abrandar o passo” está se tornando cada vez mais evidente como uma resposta saudável às pressões do mundo contemporâneo. E a música pode desempenhar um papel significativo em apoiar a tendência de desacelerar o ritmo de vida de várias maneiras:
– Promoção do Relaxamento: Músicas com ritmos suaves, melodias tranquilas e harmonias calmantes têm o poder de induzir um estado de relaxamento e tranquilidade. Ouvir esse tipo de música pode ajudar as pessoas a diminuir o ritmo, reduzir o estresse e encontrar momentos de calma em meio à agitação do dia a dia.
– Estímulo à Reflexão: Letras introspectivas e profundas podem inspirar os ouvintes a refletir sobre suas vidas, valores e prioridades. Músicas que exploram temas como autoconhecimento, amor, natureza e espiritualidade podem incentivar uma pausa para contemplação e ajudar as pessoas a se reconectarem consigo mesmas e com o mundo ao seu redor.
– Fomento à Conexão Social: A música também tem o poder de unir as pessoas e fortalecer os laços sociais. Ouvir música em conjunto, seja em um concerto ao vivo, em uma festa com amigos ou simplesmente compartilhando playlists, pode criar momentos de conexão e camaradagem, promovendo um senso de comunidade e pertencimento que são essenciais para o bem-estar emocional.
– Exploração de Novos Ritmos e Sons: Ao experimentar gêneros musicais menos convencionais, como música ambiente, jazz, música clássica ou world music, os ouvintes podem expandir seus horizontes musicais e descobrir novas formas de apreciar a arte sonora. Essa exploração pode abrir portas para experiências musicais mais profundas e significativas, incentivando uma abordagem mais contemplativa e menos frenética em relação à música.
– Incorporação em Práticas de Mindfulness: A música também pode ser integrada a práticas de mindfulness e meditação, ajudando as pessoas a se concentrarem no momento presente e a cultivarem uma maior consciência sensorial. Ouvir música de forma consciente, prestando atenção aos detalhes sonoros e às sensações que ela evoca, pode ser uma ferramenta poderosa para acalmar a mente e acalmar os sentidos.
Para encerrar, a música tem forte participação na tendência de desacelerar o ritmo de vida, proporcionar momentos de relaxamento, estímulos à reflexão, elevar a conexão social e do pensamento criativo, que são essenciais para o bem-estar físico, emocional e espiritual.
“Sem a música, a vida seria um erro” – Friedrich Nietzsche
Vida longa ao som bom (em um bom som).
Até a próxima sexta-feira.
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