É difícil estabelecer o ponto exato na história da humanidade no qual se separou a sexualidade da ideia de autorrealização. O que a arqueologia comprova é que, na pré-história e na Antiguidade, não foram poucas as culturas que uniram o sexo a práticas místico-religiosas para elevar o espírito. Em culturas onde não havia tantas especialidades e nem o nível de desenvolvimento científico que temos atualmente, eram os esotéricos que acumulavam as funções que hoje damos a um sem número de especialistas que atuam, de forma direta ou indireta, com a sexualidade humana.
Depois de anos e anos de repressão e de conflito com a religião, não é de se estranhar que a ressurgência dos estudos sobre a sexualidade acontecesse em meio à comunidade médica. Foi com o fundador da psicanálise, Sigmund Freud, e o seu conceito de libido que resgatamos o papel da sexualidade para o bem-estar psíquico e emocional do indivíduo. Mas engana-se quem acha que durante o período dominado pelos tabus religiosos não se fizeram estudos sobre a relação entre o sexo e a consciência.
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Longe das igrejas, aqueles que questionavam dogmas sempre estudaram a sexualidade. Sob o véu de ordens secretas e seitas restritas a iniciados, o sexo teve amplo espaço de discussão entre os estudiosos de magia e de ocultismo. Buscando referências no Tantra e suas influências no Hinduísmo, Budismo e Taoísmo, os ocultistas ocidentais conectaram os hemisférios do globo para organizar esse conhecimento em prol do bem-estar e do desenvolvimento psíquico. Assim surgiu a conexão entre os Chakras, os centros por onde circula a energia vital tântrica, e a Cabala, sistema cuja origem remete ao esoterismo judaico.
Seguindo princípios do Hermetismo, os magos ocidentais também estabeleceram correspondências entre linguagens simbólicas, como a Astrologia e o Tarô, com o desejo e a resposta sexual humana. Assim, encontramos diversos conceitos sobre o uso da sexualidade como meio para expansão da consciência em um conjunto de autores ligados às ciências ocultas. Em meio a nomes ligadas à Ordem Rosacruz, como Pascal B. Randolph, à Teosofia, como Helena Blavatsky e Ida Craddock, e autores oriundos da Ordem Hermética da Aurora Dourada, como Dion Fortune e Israel Regardie, as bases da magia sexual são firmadas em uma abordagem que é multidisciplinar por excelência. Mais tarde, o controverso ocultista inglês Aleister Crowley desenvolve seu próprio sistema mágico-sexual e retrata estágios do ato sexual em seu Tarô de Thoth, enquanto o seu contemporâneo, Austin Osman Spare, desenvolve o conceito de “nova sexualidade”.
Interessante é observar que esse resgate de conhecimentos milenares, ocorrido sobretudo entre os ocultistas do século XIX, propagou conceitos que somente receberiam atenção da ciência anos depois. Em um período muito anterior a Alfred Kinsey, considerado o pai da Sexologia, publicar seus relatórios, os magos já propagavam a necessidade da descriminalização de práticas como a masturbação e a homossexualidade. Também muito antes de William Masters e Virginia Johnson escreverem sobre a resposta sexual humana, os místicos já haviam relacionado estados de consciência a estágios do desenvolvimento sexual, sensações e fluidos corporais. Mesmo sem o viés científico sobre a fisiologia de hormônios e neurotransmissores, os conceitos baseados em polaridades e arquétipos da magia sexual são de grande valia para trabalhar melhor a sexualidade em homens e mulheres.
Falar então sobre a necessidade de uma abordagem holística para a sexualidade é olhar o indivíduo como um todo. É perceber as conexões entre corpo e psique em um nível profundo, facilitando o caminho terapêutico para aqueles que buscam mais prazer e uma vida afetiva mais feliz. Significa também utilizar os benefícios do embasamento científico da Sexologia moderna em associação a técnicas milenares para expansão da consciência, integrando assim os elos que ficaram dispersos ao longo da história para gerar resultados mais efetivos.
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