A hora de aposentar a cegonha e o pé de alface


cegonhaHouve um tempo no qual a cegonha e o pé de alface povoavam a mente das crianças como subterfúgio para que os adultos pudessem fugir de qualquer pergunta que questionasse como viemos ao mundo. E isso se mantinha até que as crianças acabassem descobrindo o próprio corpo de maneira traumática. Ainda na época das nossas avós, não eram raras as histórias das meninas que achavam que estavam morrendo quando chegava a primeira menstruação.

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Ao longo da história da humanidade, a forma como lidamos com o sexo foi mudando de acordo com a evolução dos costumes e as diferenças na cultura. No Oriente da Antiguidade, por exemplo, a tradição mandava que as mães ensinassem às suas filhas a exercitar a musculatura pélvica a partir dos sete anos, em uma espécie de treinamento sagrado para o ofício de representar a deusa ou a grande-mãe na Terra. Como parte das práticas relacionadas ao Tantra, o conjunto de exercícios pélvicos era prescrito como um hábito tão rotineiro quanto o da higiene diária. Hoje, essa mesma rotina de exercícios – popularizada recentemente com o nome de Pompoarismo – ainda é tratada como tabu até entre mulheres adultas no Ocidente, tamanha é a nossa dificuldade de falar sobre tudo o que permeia a sexualidade humana.

Mas será que existe uma fórmula pronta para abordar o assunto com as crianças? É de se esperar que diferentes famílias tenham formas diversas para educar seus filhos, mas algumas recomendações de práticas já validadas pela experiência servem para todos: quanto mais conseguirmos encarar o sexo como algo natural, melhor. Assim, evoluir o assunto de forma gradual, de acordo com a idade e o amadurecimento das crianças, é sempre o melhor caminho.

Podemos, por exemplo, falar um pouco sobre o corpo e a anatomia das genitais assim que ensinamos às crianças a tomarem banho ou a se vestirem, ou seja, na intimidade e desde cedo. Assim, explicar sobre as diferenças corporais entre meninos e meninas sai como um assunto natural, presente no cotidiano. Posteriormente, falar sobre a menstruação – algo comum a todas as mulheres – fica muito mais fácil. Mais tarde, com o avançar da idade, abre-se espaço para temas como reprodução e prevenção à gravidez, que precisam ser discutidos antes de acontecer o interesse sexual propriamente dito.    

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É também nesse contexto do que é natural e íntimo que, com o passar do tempo, poderemos observar o processo de desenvolvimento e a curiosidade das crianças. Claro que os pais também devem tomar cuidado com conteúdos impróprios: os filtros para sites de conteúdo adulto devem ser ativados nos computadores e celulares aos quais a criança tem acesso. Isso significa respeitar as etapas do desenvolvimento psíquico e sexual das crianças para um amadurecimento saudável.

Mas o importante é que os pais e demais pessoas do convívio da família sejam referência e fonte de informação confiável. Por isso, estimular o diálogo é tão importante desde o começo desse processo. Isso fará com que o desenvolvimento afetivo-sexual da criança seja um processo natural e saudável o que, logo, formará um adulto mais feliz.

Assim, com a chegada da puberdade e o efeito dos hormônios sexuais, fica muito mais fácil para que se tenha um espaço seguro para o diálogo. Ao contrário do que muitos ainda podem pensar, é nessa fase que os filhos sentem mais a falta de alguém maduro para servir de apoio emocional. Na adolescência, com a vida afetivo-sexual apenas começando, é que os efeitos da formação adequada na infância serão ainda mais notados e decisivos. Ainda que tenhamos que respeitar o espaço para a intimidade de cada indivíduo, lembre-se de que é sempre bom que seu filho saiba que pode pedir a sua orientação ao invés de buscar informação de fontes pouco confiáveis.  

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Virginia Gaia

Virginia Gaia é sexóloga com abordagem holística, astróloga, taróloga e estudiosa de mitologia e religião comparada há mais de 20 anos.

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