Lá estávamos nós na estrada de novo. Agora, pra assistir o que, salvo reviravoltas, teria sido o último show em Sampa da turnê final dos veteranos mascarados do KISS. Será? Ao menos é o que os próprios dizem, como indica o nome da tour mundial: End of The Road. Bom, na dúvida, fomos conferir, já que eu estive na primeira apresentação da banda no Brasil, algumas décadas atrás, no Morumbi. Era um garoto ainda e uns cabelos a mais. Desta vez, foi a de número quatro.
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No último sábado de abril, para ver o show, o esquema foi um pouco diferente. Sempre íamos de ônibus, num comboio de cinco, seis, sete ou até oito veículos, recheados de gente com as identificáveis camisas pretas e apetrechos da tribo: colares, braceletes, botas, enfim, tudo o que um roqueiro gosta de usar, não necessariamente apenas nestas ocasiões.
Dessa vez, a Simone, minha esposa, permitiu-nos um pequeno luxo: hospedar-se no aconchegante hotel ‘colado’ no Allianz Parque, a arena do Palmeiras, onde a banda tocou. Isso, um dia antes da apresentação, sexta-feira. Alviverdes que somos, havíamos ficado no mesmo local para acompanhar a fatídica decisão do Mundial contra o Chelsea, numa logística semelhante. Melhor deixar pra lá.
O show em si, claro, é a apoteose, mas temos uma atração especial pelas horas que antecedem a subida dos astros ao palco. Nestes momentos, pelas ruas, no entorno, há um clima de afinidade recíproca entre os camisas pretas. Cumprimentos, mesmo sem conhecer a pessoa, inevitáveis esbarrões com pedidos de desculpas e cordialidade até na hora da fila. Não tem essa de furar para tomar o lugar do outro. Não. Na verdade, o processo é inverso: quem está num posto mais privilegiado oferece passagem, sem chiadeira de quem está na parte de trás. Tipo, jogo de uma torcida só.
E uma coisa muito legal é fazer o esquenta: um bom boteco para umas geladas, um petisco para forrar o estômago e… pronto, entrar literalmente em campo para vibrar como numa partida. Mas ao contrário do futebol, que depende do placar, num show de rock não há espaço para a frustração. Lado a lado com milhares de pessoas, você está ali para a catarse. O som é altíssimo, mas vou levar em conta um diagnóstico positivo da fonoaudióloga que me acompanha.
Como não sou um crítico musical, tarefa que deixo aos especialistas, estava ali porque me gusta mucho o som hard, como é o do KISS. Cantar em coro, ao vivo, as clássicas Detroit Rock City e God Gave Rock & Roll To You é uma experiência fantástica, bem como se emocionar com a balada Beth. Ou ainda ver as performances de Gene Simmons em God of Thunder e Paul Stanley dando o tom final da festa com Rock and Roll Al Nite.
Guardadas as devidas ressalvas, os caras, beirando ou já na casa dos 70 anos, fizeram um show como se estivessem em início de carreira, com malabarismos, sobrevoos controlados no palco e uma sinergia fantástica com o Allianz completamente lotado – o público foi estimado em 65 mil pessoas. Voltamos para casa com a sensação de que os acordes não cessavam, pululando pelo imaginário por mais alguns dias. A banda pode até parar, como vem dizendo. Nós, não. Continuaremos a ouvi-los. E, quem sabe, na fila de espera para mais uma turnêzinha, a “derradeira” que seja.
Fotos: Mário Jorge e página oficial do KISS no Facebook
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