Buenossss.
Na coluna anterior, falei sobre as questões que envolvem a composição musical e salientei o meu início, aos quatorze anos. Pobre de mim, devo dizer, pois lembrei de um cara que escreveu aos quatorze anos esses versos:
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‘Oh, tristeza, me desculpe,
Estou de malas prontas,
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro,
Já raiou o dia,
Vamos viajar’ ……..
Começar cedo por começar cedo, Mozart compôs sua primeira obra aos seis. Gênio. Mas o Paulo César Pinheiro é nosso, é do Brasil. Como o outro Paulo César, o de Faria:
‘Tinha eu quatorze anos de idade
Quando meu pai me chamou,
Perguntou-me se eu queria
Estudar filosofia,
Medicina ou engenharia,
Tinha eu que ser doutor’ ……..
Incríveis, esses caras.
Bueno, acontece que esses ‘Paulos’ me remetem a uma pessoa que amo de muita paixão, irmã que a vida me deu, que bom: Elenira Ribeiro. Mulher guerreira, pessoa maravilhosa, ela canta, toca piano, violão e ainda compõe:
‘O tempo é medida abstrata de espaço,
O tempo é romeiro, juiz e palhaço,
Às vezes passado, às vezes presságio,
Está sempre presente e é sempre esperado’ ……..
Conheci Elenira no final dos anos 90, quando das gravações do disco ‘Cavalo de Praia – Sambas da Ilha’, porém, como sempre digo a ela, devo ter desfilado – pela primeira vez, em 1973 – na ‘minha X-9 querida’, cantando um samba seu e de seu parceiro/amor, Zelo. 90,3% de certeza. Elenira é da ala de compositores da escola, pessoa muito conceituada. O Paulo César de Faria citou-a nominalmente em uma entrevista para a Folha de SP. Que demais, essa Elenira. Como a admiro.
Aliás, falando em admiração e irmão que a vida me deu, me vem à mente outro nome: Cláudio Honorato. Caracas, o que dizer de Claudião? Parceiro de tantas histórias, de tantas viagens, de tantos sons. Excelente pessoa, percussionista das antigas, de primeira linha, toca muito.
Conheci Cláudio no início dos anos 90, através do seu irmão mais velho, o ‘Honoratón’, tocamos juntos pela primeira vez em um ‘churras’ na sede náutica do clube Saldanha da Gama, eu puxei um samba de João Bosco, Cláudio diz que foi de propósito, para testar se ele era mesmo bom, mas eu juro pra vocês que não foi. Naquela época, na verdade, eu havia, por diversas razões, quase desistido da carreira de músico, mas acabei retornando pro som e um dos grandes culpados foi ele.
É, ainda há muitas e muitas histórias com o Cláudio, com a Elenira, mas preciso ser conciso, fazer o que, senão a coluna não acaba nunca. Rararará. Aliás, necessitaria de umas duas colunas inteiras ou mais pra cada uma dessas pessoas.
Olha, eu tenho outros irmãos que a vida deu, são muitos, grazie a Dio, alguns já não estão mais entre nós, desafortunadamente. Mas vou falando deles pelas próximas colunas. Pega nada.
Inté, besos a todes.
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Que delícia de texto. É sempre muito bom homenagear os irmãos que a vida nós dá porque o sentimento que nos une são os mais verdadeiros. Também tenho alguns e não me esqueço deles nunca……
Grande Negron! Parabéns pelo padrão de músicas, de amigos, pelo seu currículo musical, persistência, amor pelo que faz. Abs do amigo Carlinho Honorato.
A história da música em Santos, nos últimos 40 anos, contada em prosa e verso.
Que ótimo ver retratadas nesta coluna dois ícones que já fazem parte da História da Música da Baixada Santista. Em tempos digitais onde quase não há memória pois os fatos duram segundos, mencionar itens ou pessoas se torna um reforço para a permanência da Cultura. Falar de Elenira é conhecer uma entidade do samba do lugar (Santos) que já foi considerado o segundo carnaval do país. E, discretamente, Cláudio Honorato se tornou incrível percussionista ao acompanhar sua alma gêmea, Luiz Cláudio de Santos (o autor desta coluna) pelos botecos da vida. Parabéns ao trio(músicas e colunista).
Grandes, Luiz Cláudio, Elenira e Claudio. Três grandes artistas brasileiros. Três baitas músicos da Baixada Santista. Sou muito fã dos três. Parabéns pela coluna, Luiz, tá muito bacana. Curtindo muito ler sobre todos esses talentos que conheci através de você. Que venha a próxima. Besos
”só li verdades” hehehe
no final das contas acabou sendo pouco uma coluna quinzenal hein? Haja história pra contar de toda uma vida! Orgulho sempre!