Buenossss.
Pois é, é como sempre digo: a Música me levou a lugares que jamais imaginei e proporcionou situações idem. São milhares de histórias, ‘causos’, alegres, tristes, loucos, quase nunca ‘normais’. Porque, vou lhes dizer, esse pessoalzinho da arte é tudo doido, cara, difícil achar alguém que ‘bata bem’. Rararará. Brincadeirinha, claro.
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Então.
Me dei conta desse lance da Música exatamente quando tocava, certa feita, num happy hour na cobertura do edifício da FIESP, que fica na Avenida Paulista em SP, um dos cartões postais da cidade, todo mundo conhece. No intervalo entre uma e outra canção, entre um uísque e outro, me deu um estalo, daí virei-me pro outro músico com quem tocava e proferi as seguintes e ‘sábias’ palavras: ‘Cara, você se deu conta de onde estamos? Nós, os dois ‘duros’, estamos simplesmente no topo do ‘dinheiro’ da América Latina’. Rimos.
Enfim.
Em coluna anterior, na qual prestei homenagem ao querido Honoratón, falei sobre meu trabalho no porto de Santos. Certa madrugada, me apresentei para o trabalho num navio de origem alemã, mas com a tripulação filipina. Para quem não sabe, o povo filipino tem grande tradição na história das navegações e atualmente, por ser um país pobre, as grandes companhias contratam essa mão-de-obra mais barata do que teriam de pagar a um tripulante alemão, no caso. Pois é.
Fui recebido pelo chefe da equipe de vigilância, de nome Jorge Cravo, que imediatamente veio a mim e disse: ‘Luiz, o pessoal tem, ali na sala de estar, um esquema de som e gostariam de aprender músicas brasileiras, você poderia mostrar alguma coisa pra eles?’, no que respondi: ‘Mas, e o meu trabalho aqui no portaló?’ e ele: ‘Fique tranquilo, deixe comigo’.
Adentrei a estrutura do navio e, realmente, na sala de estar da tripulação estava montado um verdadeiro ‘palco’, com microfones, bateria, baixo, teclados, etc. e tal. O Jorge apresentou-me para o filipino, gente boa – mas esqueci o nome dele – e esse me apresentou um violão e um dos microfones. Afinei o ‘bicho’ e mandei de cara uma ‘Garota de Ipanema’, creio que a mais famosa canção brasileira no exterior, uma daquelas que deveriam ser o hino nacional, sempre digo, e ele se amarrou.
Começou a cantar a versão em inglês e fizemos um dueto. Fui então cantando algumas bossas, alguns sambas, alguns filipinos foram chegando para assistir, alguns outros, de passagem, davam uma paradinha para olhar.
Dali a pouco chegou o que tocava bateria, já formamos um trio. Dei uns toques pra ele (quem diria, eu, que não sou nenhum expert em bateria) de como era a batida do samba e assim foi. Aí chegou o rapaz do baixo e formamos o ‘Quarteto da Madrugada’ ou o ‘Down Quartet’. Rararará.
Acompanhei algumas do repertório deles, tocamos ‘My way’, imortalizada na voz do espetacular ‘the old blue eyes’, Mr. Francis Albert Sinatra.
E assim foi-se a madrugada, até de manhã, num navio alemão atracado no porto de Santos, entre cervejas e som. Voltei pra casa meio ‘bebs’ e feliz.
Essas são duas historietas de milhares de histórias da vida de um músico, irei contando sempre que possível.
E enquanto houver alguém que queira me ouvir, claro.
Inté.
Besos a todo(a)s.
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Eu quero mais histórias, apesar de ser contadora de histórias, amo ouvi-las. A tradição oral tem de ser mantida.
Duas histórias cujo termo de ligação poderia ser a contradição. De acordo com o relato, talvez a platéia endinheirada da primeira história visse os músicos como um pano de fundo. Tanto faz se tocando esta ou aquela canção. Já no segundo episódio, eram empobrecidos tripulantes interessados em outra perspectiva através da música. Diria que no caso inicial as pessoas apenas escutaram, pois deveriam de estar entretidas com os seus respectivos negócios. Já noutro caso, o fenômeno do ouvir, quando se presta a atenção ao outro. E aqui nesta parte a Música como fator social.
Paulo Cézhar Luz – 22/05/2022
Muito legal, Luiz!!!! Coisas da vida!!!!