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À beira-mar
Nesta noite de ano-novo,
Nesta festa de Iemanjá
Pra prestar nossa homenagem
De coração
Ao grão-mestre dessa ordem
Venerável da canção
Brasileiro de Almeida
De ouro e marfim,
Curumim da mata virgem
Antonio Carlos Jobim.
Ê, babá, ê, babá, ê,
Antonio Carlos Jobim’.
Vocês sabem de quem são esses versos? Não? Eu digo: são do nosso imortal (uhu) Gilberto Gil, em mais uma de suas lindas canções. Porque na história da música brasileira e mundial figuram nomes que são de uma magnitude quase sacra. E um deles é Tom Jobim.
Eu sempre digo que a música que faço é resultado de uma verdadeira miscelânea doida de sons e influências, mas no final das contas chego a um quarteto básico: Chico, Caetano, Gil & Milton. Ao ouvir e seguir esses quatro caras incríveis cheguei àquele movimento da nossa hoje tão maltratada M. P. B. que aconteceu cinco anos antes de eu nascer e que mudou para sempre a minha vida musical: a Bossa Nova.
Pra falar de Bossa Nova, temos de falar do espetacular baiano João, do injustiçado Johnny, da fundadora Nara, de Lyra, de Menescal, de Mendonça, de Billy, de Aloysio, de Baden, de Oscar, de Bôscoli, de Mendes, de Mariano, de Airto, de Deodato, de Banana, de Donato, de Vinicius, bom, de Vinicius já falei. E ainda faltam nomes: a divina Elizeth, Dick & Lúcio, Eça, Sérgio, Telles, caracas, vai faltar espaço. As influências de Debussy, Satie, Ravel, Ary, Dorival.
Mas o papo é o Tom, cazzo (perdoem o palavrão).
Escrevi em uma coluna passada que algumas canções deveriam ser o hino nacional. Por exemplo: imaginem a nossa seleção de futebol perfilada no gramado antes do início da peleja, os jogadores com a mão no peito cantando ‘Garota de Ipanema’ a plenos pulmões. Não seria lindo? Ah, seria, sim.
Também em coluna passada eu disse que ninguém retratou o amor como Vinicius de Moraes. Pois agora digo que ninguém retratou o Brasil como Tom Jobim. Antonio Carlos Brasileiro. Ele virou nome de aeroporto e rua e estátua no Rio de Janeiro, mas acho pouco. Tom deveria ser ensinado nas escolas, para que todes crescessem sabendo quem foi esse grande homem, como sabem quem foi Pedro Álvares Cabral.
Uma das canções mais geniais que ouvi na vida é dele e de Newton Mendonça, a também internacionalmente consagrada ‘Desfinado’. É uma verdadeira aula de música. Isso, sem falar em ‘Samba de uma nota só’, outra aula.
Mas falar de Brasil não é pra qualquer um e esse era um dom do Tom, entre outros. Nas canções, no viver, Tom era brasileiríssimo: ‘Casa de sombra, vida de monge, quanta cachaça na minha dor’. Cara, precisamos resgatar a nossa brasilidade, urgente. ‘Esse Rio de amor que se perdeu’.
O ano era 1996. Estava em Osaka, Japão. Um querido amigo, japonês, que trabalhava na casa de espetáculos onde a gente se apresentava e que carinhosamente chamávamos de Leandro, certo dia chegou pra mim e me deu de presente um caderno enorme. Ele teve a paciência, comum aos orientais, de tirar cópias de um dos famosíssimos ‘Songbooks’ do talentosíssimo Almir Chediak, que lhe fora dado também de presente por algum outro músico brasileiro e encaderná-las com uma linda capa azul. Imaginem se não cheguei às lágrimas. Ele sabia da minha admiração pelo maestro Tom e me fez esse carinho.
E é isso que era Tom. Era carinho.
Inté.
Besos a todes.
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Que texto! Cada dia mais me encanto com suas histórias. Parabéns!
Obrigado.
A cada crônica você supera o seu trabalho de pesquisa da MPB.
Obrigado.