O filme era daqueles de quinta, que esquecemos no minuto seguinte após o subir dos créditos. O plantão, esse é inesquecível. De repente, uma informação “importante e preocupante demais”, como disse a jornalista Monalisa Perrone na ocasião. O avião da Chapecoense, que levava atletas, comissão técnica, dirigentes, convidados e jornalistas, caiu nas proximidades de Medellin, na Colômbia. Foram 71 mortos. E muitas lembranças – há cinco anos, completados nesta segunda-feira.
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Que dia terrível foi aquele, e os que se seguiram também. As informações desencontradas sobre o número de vítimas, as causas do acidente. As histórias de cada vítima. De quem escapou por pouco do infortúnio, por estar machucado e não poder disputar a final da Copa Sul-Americana, caso do uruguaio Martinuccio. Do filho da dona Ilaídes, o goleiro Danilo, que foi retirado do local com vida, mas morreu a caminho do hospital. E nós aqui, atônitos. Pensando em como contar tantas dores.
Dores que também foram de colegas. De ídolos, como Mário Sérgio, um ex-jogador de trato refinado com a bola e um baita comentarista. Ou de Deva Pascovicci, narrador que conheci durante o Mundial de Clubes, no Japão. Discreto, quase tímido. Era torcedor do Santos. Seu nome está lá, nas cabines da Vila Belmiro para sempre. Como o espírito do Índio Condá.
O mundo conheceu a Chape. Sua trajetória ascendente, de um time do interior de Santa Catarina que, em poucos anos, atingiu o olimpo da bola no continente. Hoje, está rebaixada à Série B do Brasileiro, com muito por fazer.
E as famílias das vítimas? Muitas seguem à espera de indenização, seja do próprio clube, seja da seguradora do avião – aquele que teve uma “precisa “ pane seca, para economizar o dinheiro das taxas pelo pouso para reabastecimento. Sobraram camisas, alianças, celulares, uma Bíblia – como a do zagueiro Neto, um dos sobreviventes.
Ele, Alan Ruschel, Jakson Follman, o radialista Rafael Henzel, e dois comissários de bordo da LaMia. Todos ganharam nova chance de Deus – Henzel, que escreveu um livro sobre a experiência, perdeu a vida, veja só, num infarto enquanto jogava bola. É deles o legado de representar um sonho desfeito numa montanha colombiana.
As cenas do velório coletivo na Arena Condá, as despedidas das famílias, seguem vivas mesmo depois de alguns anos. A solidariedade do mundo da bola também é inesquecível. Pouco mudou na rotina das viagens dos clubes pelo continente. Tocando a vida adiante, como a dona Ilaídes, a quem tive a chance de entrevistar ano passado. Fez da sua dor um combustível para ajudar outras mulheres que perderam os filhos. Uma mulher gigante. E tudo começou naquele plantão no meio da madrugada.
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