Qual o último filme que você viu no cinema? Eu não me lembro de ter entrado numa sala de projeção nos inocentes meses anteriores ao início da pandemia, em 2020. Mas, ainda tenho nítida a sensação do primeiro filme do qual me recordo ter visto na telona: Branca de Neve e os Sete Anões. Tudo era gigantesco pra mim: o copo do refrigerante que a gente ganhava na Sessão Coca-Cola, as fileiras de assentos, a tela, o som…
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Lembro que estava com meu pai, ele que me levava sempre na Sessão Coca-Cola do Cine Iporanga, que hoje dá lugar a um shopping. De lá pra cá, foram muitos filmes, em todos os cinemas de Santos e o da Praia Grande também. Da fase da infância, veio a adolescência, e a minha primeira vez saindo sozinha, sem os pais, foi pra ir ao cinema assistir De Volta para o Futuro 2, aos 13 anos, no Cine Indaiá. Como eu me diverti!
Tá certo que eu e minha amiga fomos com o dinheiro contadinho. Era pra passagem de ônibus, pro cinema e um lanche. Mas a gente quis porque quis comprar uma guloseima ali dentro do cinema e, claro, pagamos mais caro. No final, voltamos a pé pra casa, caminhando pela avenida da praia e rindo da nossa façanha independente!
Na sequência vieram as sessões com meus primos e minha irmã, Heloiza. Meus primos, Ricardo, Raphael e Rúbia, moram em São José dos Campos e, na infância e adolescência, passavam as férias com a gente, em Santos. Éramos cinco afoitos pela autonomia, ainda que eu tivesse de tomar conta da caçula, Rúbia, o que eu amava fazer!
Nessas aventuras, quase sempre íamos de táxi, porque pegar ônibus era quase uma excursão! Mas sempre valia a pena, seja pelos perrengues ou pelo filme mesmo. Quando nós assistimos Pesadelo Final: A Morte de Freddy, em 1991, saímos do cinema em choque, tamanho o realismo das imagens. E aterrorizados…
O sexto filme da franquia Hora do Pesadelo tinha uma novidade: no trecho final, aparecia o aviso na tela para colocarmos um rústico óculos 3D de papelão e celofane colorido. Gente, sério, era demais! A personagem que da filha do Freddy fazia um movimento usando a luva assassina dele, funcionava como um teste pra gente, que estava no cinema, sentir a reação ao efeito. Minha prima gritou e pulou da cadeira várias vezes!
Também tem aquela fase em que o cinema vira programa pra se fazer com o date. Mas, ao contrário de muitas amigas e amigos, eu queria ir pra ver o filme mesmo! Eu sempre mergulhei na história, se eu estivesse gostando, claro, e só parava de prestar atenção quando o filme acabava.
Lembro de ter visto o filme Questão de Honra, em 1992, com um namoradinho, que era bem mais velho que eu, aliás. Fiquei impactada com o jogo sujo da Justiça Militar americana e revoltada com aquela pressão toda que resultou na morte do soldado Santiago. E o esse sujeito que me acompanhava lançou: nossa, nada a ver esse filme!
As lembranças mais fortes, no entanto, são os filmes que vi com meu eterno namorado, meu marido, Lu. A gente ama cinema e, durante o tempo de noivado, a gente só conseguia se ver pra ir ao cinema e, detalhe: nas sessões da manhã, que eram para crianças!
Ele morava em São Vicente, eu em Santos. Ele trabalhava em horários diferentes e a solução era curtir o cinema no shopping. Aí começou nossa paixão pelas animações, vimos várias. Pensa nos pais vendo um casal, sem crianças, morrendo de rir no cinema? Era a gente!
Agora, nunca vou esquecer as sessões no cinema com Lucas e Lara, meus filhos. A primeira vez de cada um, os filmes que mais amaram, os que se emocionaram, os que não queriam ir embora da sala. Toy Story, Valente, Minions, Festa no Céu, Moana, Pets … Ah, tanta recordação boa e de filmes que adoramos rever em casa.
Mas, veio a pandemia e, bem antes dela, um cardápio de filmes pra gente curtir em casa, na hora que quiser e com quiser ao lado. E, confesso, eu estou adorando essa comodidade e a segurança de não me preocupar com alguém sem noção sem máscara ou sintomas leves de covid bem ao meu lado.
Sim, a gente sente falta do ritual todo de ir ao cinema, da pipoca caindo no colo, dentro da roupa. Da mão melecada com a pipoca doce. Do canudo entrando no olho, enquanto tenta ler a legenda e beber a coca ao mesmo tempo. De tudo isso…
Mas, enquanto isso, vamos tentar transformar a sala de casa no mesmo espaço de memórias afetivas que uma sala de cinema. Pelo menos, por enquanto!
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