Se tem uma coisa que eu amo são os filmes sobre jornalismo. Já gostava de xeretar sobre os bastidores do universo da notícia bem antes de escolher essa profissão pra mim. E sinto que os enredos dos filmes nos anos 80 e 90 estereotipavam demais a vida de um jornalista.
Aproveite descontos exclusivos em cursos, mentorias, eventos, festas e muito mais assinando o Clube 40EMAIS agora! Além disso, ganhe descontos em lojas, restaurantes e serviços selecionados. Não perca tempo, junte-se ao nosso clube!
Era quase uma caricatura: sempre fumando, bebendo depois do trabalho, desorganizado, com uma vida amorosa desestruturada, trabalhando muito e com salário miserável (essas duas últimas características, infelizmente, não mudaram). Não me imaginava assim, enquanto jornalista, mas via os filmes sonhando com os meus dias de deadline (fechamento da edição) ou uma bela entrevista exclusiva.
E apesar dos clichês todos, vejo e revejo vários filmes com essa temática, não só por fazer parte da minha vida, mas por entender que a imprensa sempre teve e terá papel preponderante nas grandes transformações da sociedade.
Sem falar que muitos longas são eletrizantes, nos colocando naquela atmosfera vibrante da busca pela notícia. É isso que vivemos acompanhando 24 horas na rotina do editor Henry Hackett (Michael Keaton), no delicioso O Jornal, de 1994. O filme tem todos os elementos clássicos do universo jornalístico: caos, conflitos, corre-corre, feeling da notícia e o confronto moral entre o prazer no que se faz ou o retorno financeiro.
Sem falar no talentoso elenco, além de Keaton: Glenn Close, Robert Duvall e Marisa Tomei. Entre a apuração de uma denúncia bombástica, o convite para o emprego dos sonhos, a mulher prestes a parir e o dever moral no jornalismo, tudo é retratado num ritmo frenético, com muito humor e toques de críticas ao próprio jornalismo e sua sede por tragédias.
Pra mim, umas das cenas mais divertidas, e tensas ao mesmo tempo, é quando Hackett lança a clássica frase “parem as máquinas”, para interromper a impressão do jornal e produzir uma nova capa, com a manchete de sua história devidamente apurada. Sem romantizar a profissão, quem já viveu numa redação – como eu –, tem até arrepio ao ouvir essa frase!
Ainda na linha de comédia, um tanto que escrachada, dá pra se divertir com O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy, de 2004, que traz Will Ferrell no papel do protagonista, um apresentador líder de audiência. O elenco ainda conta com três comediantes que eu adoro: Christina Applegate, Paul Rudd e Steve Carell, tudo ambientado na estética icônica e colorida dos anos 70.
É daqueles filmes que mostram reportagens absurdas, até satirizando o papel da imprensa, mas que você se pega rindo! Até porque, a rotina de um jornalista pode mesmo passar esse ar de absurdo, meio tragicômico, seja pelo malabarismo que precisa fazer para dar conta das demandas do trabalho ou pela eterna busca do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Mas quando esse ofício rende um bom resultado, pode até mudar os rumos de um grupo de pessoas ou de uma nação. E neste quesito, Todos os Homens do Presidente está no topo da minha lista, indiscutivelmente. O filme, de 1976, narra os bastidores do caso Watergate, que provocou a renúncia do presidente dos EUA, o republicano Richard Nixon, em 1974.
É baseado no livro do jornalista Bob Woodward, do jornal Washington Post, interpretado pelo brilhante Robert Redford. Com o colega Carl Bernstein (Dustin Hoffman), Woodward investiga o assalto à sede do Comitê Nacional Democrata, no Complexo Watergate.
Já pensou no peso de contar uma história dessas, sabendo do peso de acusar o presidente dos EUA? Eu imagino que deve ser uma sensação indescritível conseguir mais do que registrar a história como jornalista: fazer parte dela!
Se você prefere roteiros como esse, que narram fatos reais, precisa ver Spotlight – Segredos Revelados, de 2015. Conta o trabalho investigativo de jornalistas do jornal Boston Globe que apuraram denúncias de crianças abusadas por padres católicos e o acobertamento da Igreja.
O grupo, batizado de Spotlight, passa meses nessa apuração, mas consegue reunir documentos que comprovam os casos de pedofilia. O que chama atenção é justamente o senso de justiça que permeia os profissionais, após ouvir os relatos das vítimas e o estrago que os abusos fizeram na vida de cada família. Eles vão além de exercer a profissão, driblando a burocracia e confrontando a justiça dos homens com a divina.
Por fim, The Post – A Guerra Secreta, dirigido pelo genial Steven Spielberg, que acelerou esse projeto para que o lançamento, em 2017, fosse um recado direto da imprensa à candidatura de Donald Trump, agora ex-presidente dos Estados Unidos.
Com Tom Hanks e Meryl Streep nos papéis principais, o filme detalha a batalha dos jornalistas do Washington Post, no início dos anos 70, para conseguir publicar documentos secretos do pentágono sobre o envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã. Reflete sobre o conflito entre manter a liberdade de imprensa e os interesses econômicos de uma empresa jornalística.
Esses são alguns dos meus filmes sobre jornalismo preferidos, mas vou deixar aqui uma lista com mais opções, para você assistir e descobrir o papel e a força da imprensa na nossa vida!
Íntimo e pessoal – jornalismo com romance, deu muito bom pra mim! Trilha sonora que eu ouço até hoje e um final no melhor estilo separem os lencinhos.
A história verdadeira – baseado em fatos reais e que aborda questões ética no jornalismo, é bem surpreendente.
Uma Repórter em Apuros – mistura humor, drama, conflitos e o medo constante na cobertura do Afeganistão após o 11 de setembro.
O diabo veste Prada – mostra a rotina em uma grande revista de moda, e tem as divas Meryl Streep e Anne Hathaway como protagonistas. Vejo mil vezes e não me canso!
Dossiê Pelicano – aborda uma investigação perigosa sobre os mandantes do assassinato de juízes da Suprema Corte americana. Julia Roberts e Denzel Washington no elenco.
Conspiração e Poder – outra história verídica, simplesmente sensacional e com Robert Redford e a maravilhosa Cate Blanchet como protagonistas. Vale pesquisar na internet sobre Mary Mapes, a personagem de Blanchet!
Jogo do Dinheiro – eletrizante, aborda a briga pela audiência na televisão.
Zodíaco – mostra que o faro pela notícia nem sempre está só no repórter.
Frost/Nixon – a famosa entrevista do ex-presidente americano Nixon, anos após a renúncia, ao jornalista britânico David Frost.
Philomena – narra a busca de uma mulher pelo filho que fora adotado, ainda bebê, e como um jornalista se debruça nessa investigação. Lindo, sensível e comovente.
MAIS NESSA COLUNA
Leia Também
|
Vê se tu consegue assistir a ‘O Mensageiro’, que parte de uma história real. Um jornalista da Califórnia descobre que o governo dos Estados Unidos está usando dinheiro do tráfico de crack pra financiar a derrubada do presidente da Nicarágua.
Tá na minha lista, vou ver!