Jogar como música não era privilégio do Brasil apenas em campo. Os compositores nacionais também agitavam a galera quando o assunto eram canções para embalar a torcida nas Copas do Mundo, antes ou depois de uma conquista. Em meio aos cinco títulos do Brasil, as músicas ficaram tão imortalizadas quanto os títulos.
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O descrédito da torcida para a Copa de 1958, na Suécia, fez com que a alegria só se refetisse nas partituras depois que o zagueiro Bellini levantou a Taça Jules Rimet pela primeira vez, após os 5 a 2 sobre os donos da casa na final.
De autoria de Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Sobrinho e Victor Dagô, A Taça do Mundo é Nossa embalou o clima de um Brasil novo nos esportes, superando o trauma do Maracanã em 1950, na derrota para o Uruguai. A música já tinha sido distribuída às rádios na semifinal contra a França.
O sucesso da canção foi tanto que a letra foi ligeiramente modificada para a conquista no Chile, ocorrida quatro anos depois, na decisão diante da antiga Tchecoslováquia. Saía de cena o verso “lá no estrangeiro” e entrava “desta vez no Chile”, assim como “Ganhou a taça do mundo” dava lugar “Ganhou o bicampeonato”.
Para quem não sabe, os irmãos Maugeri (Neto e Sobrinho), com experiência na produção de jingles publicitários, também compuseram outra marcha bastante conhecida dos santistas: Leão do Mar, feita especialmente para o título paulista de 1955. No caso de A Taça do Mundo é Nossa, Wagner Maugeri era o filho de Maugeri Neto, então criança, a quem o pai deu os créditos.
O bicampeonato em 1962 também deu Frevo do Bi, composto pela dupla Braz Marques/Diógenes Bezerra e cantado por Jackson do Pandeiro. Só no primeiro verso (“Vocês vão ver como é Didi, Garrincha e Pelé/Dando seu baile de bola”) já se vê a força. E em todos os sentidos. O Rei, porém, se machucou e só disputou o primeiro e parte do segundo jogo da campanha.
Canções tricampeãs
Das mãos de outro jinglista (Miguel Gustavo, com música de Raul de Souza) saiu a letra de outro tema cantado até hoje: Pra Frente Brasil. A origem foi um concurso organizado antes do título pelos patrocinadores dos jogos da Copa do Mundo do México, em 1970.
A canção é de uma eficiência tão grande, por ir direto ao ponto e chamar as pessoas para torcer, quanto o belo futebol daquela Seleção, que derrotou a Itália. O uso natural pelo regime militar e o início do projeto do chamado “Brasil grande” também marcaram a canção.
Mais específica daquela conquista, a bela Sou Tricampeão, dos craques Marcos e Paulo Sérgio Valle e imortalizada pelo grupo Golden Boys, não se perde por isso, por também conter ideias universais sobre a paixão pelo futebol: “Agora, só tenho a Copa em minha mente/Só vejo escrete em minha frente/Torci, sofri, mas afinal ganhei do mundo”.
Futebol feio, músicas perfeitas
Em 1994, nos Estados Unidos, a publicidade também foi responsável por um dos hits daquele Mundial, quando o Brasil novamente derrotou a Itália, mas nos pênaltis.
Se o futebol não era tão vistoso quanto 24 anos antes, a cerveja Brahma fez bonito, ao usar atletas (Romário, Raí, Zinho, Bebeto e o então jovem Ronaldo Fenômeno) para dar forma a O Hino da Torcida nº 1 em comerciais, levados ao ar a partir do final de 1993, mas com um conceito anterior: de chamar a marca de número 1.
A música, feita por Cláudio Carillo e Sérgio Augusto Sarapo para a agência Fischer & Justus, ganhou algumas atualizações por causa da taça. Trocou-se, por exemplo, o final. Torcendo para a nossa Seleção/Fazer de novo do Brasil/O número 1 virou Agradecendo à nossa Seleção/Por ter feito de novo do Brasil/O número 1.
Coração Verde e Amarelo, de Tavito e Aldir Blanc, é outra que entrou no imaginário popular. A música foi composta para a Rede Globo e segue sendo aproveitada pela emissora, com diferentes arranjos. Quem não cantou pelo menos a segunda estrofe “Eu sei que vou/Vou do jeito que eu sei/De gol em gol/Com direito a replay/Eu sei que vou/Com o coração batendo a mil/A taça na raça é Brasil” não gosta de futebol ou não estava neste planeta.
Conhecidos e anônimos
Em 2002, as canções que se sobressaíram ligadas ao Mundial da Coreia e no Japão, quando o Brasil ergueu o troféu após superar a Alemanha, foram sucessos das paradas da época, casos de Festa, cantada por Ivete Sangalo e composta por Anderson Cunha, e Deixa a Vida me Levar, interpretada por Zeca Pagodinho e feita por Serginho Meriti e Eri do Cais.
Curiosamente, chegou a ser feito o Hino do Penta, de autoria da dupla Izzo Rocha e Vilson Santos, mas nada divulgado. Talvez porque tenha sido composto para a Copa de 1998 e naturalmente arquivada em função da derrota do Brasil para a França, embora a gravação circule por aí.
Perdemos, mas ganhamos
A eliminação diante da Itália, no Mundial de 1982, na Espanha, doeu no coração dos brasileiros e de quem gosta do bom futebol. Além das imagens das lindas jogadas de Zico, Sócrates e Falcão, ficou a composição Povo Feliz, também chamada de Voa Canarinho, por ser o verso mais importante. Um raro momento de quando se jogou por música, mas o resultado não veio.
Nas arquibancadas de Sevilla e Barcelona, sedes das partidas do Brasil, a música era entoada constantemente pelas bandinhas formadas por torcedores. O filme oficial da Copa, inclusive, mostra a cena nas ruas, registrada antes do segundo jogo da campanha, contra a Escócia.
A canção, feita por Memeco e Nonô do Jacarezinho, transformou em cantor o lateral-esquerdo Júnior, outro dos convocados, e em campeão, mas de venda de discos. Foram 726 mil cópias comercializadas do compacto simples (para quem não sabe, aquele disquinho de vinil com uma música de cada lado), sendo mais de 300 mil com um mês e meio.
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