Se eu pudesse, matava a Vera

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vera

Já faz quarenta minutos que tento escrever, mas a amiga da Vera, que completa idade nova no próximo sábado, não me deixa. Eu não conheço a amiga da Vera. Nem conheço a Vera. 

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Mas a Vera mora no prédio ao lado do meu, nossas varandas são vizinhas, alguns andares pra cima ou pra baixo, pouco importa. Eu tô na rede, tentando escrever. E a Vera, ao telefone, tentando reservar um restaurante com feijoada no sábado, aniversário da amiga. Ela fala alto. E eu já to meio alto. Culpa dos negronis.

A Vera já ligou para uma meia dúzia de lugares. Tem feijoada de quarenta e de sessenta. Eu gosto de feijoada, frequento algumas. Não recomendo as de quarenta. Feijão ralo, orelha, língua e pé. Farofa dessas prontas e nada de torresmo. A Vera quer um lugar com espaço kids. E música ao vivo. E eu quero paz, mais um negroni e inspiração. 

Tenho alguns lugares na cabeça, mas desses da feijuca de quarenta. Que eu não recomendo. Tem que escolher Vera. Ou sua amiga quer comer uma boa feijoada, ou quer sambar e despachar a molecada pra piscina de bolinhas. Tudo no mesmo lugar não rola.

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E nada do meu texto. Pelo menos, não o que me propus a escrever. A ideia era falar da minha trajetória, de como cheguei na escrita. Mas agora a Vera tá mandando áudio pro Marcelo – acho que é uma festa surpresa pra amiga – falando dos prós e contras de todos os lugares pra onde ligou. Porque a Vera é dessas, ela telefona. Agora ela vai colocar no grupo e todos decidem. 

Se fosse a varanda da minha frente, eu desaconselharia as feijoadas de quarenta. A menos que a turma quisesse mesmo era sambar. E, pensando bem, a Vera me ajudou a entender que a minha trajetória com a escrita é permeada de Veras. 

Desde os bancos da escola, eu reservo aquele tempinho que sobra no dia pra escrever. Curioso né? Dedicar apenas a quirela praquilo que você mais ama fazer. Mas sempre foi assim. Foram duas décadas acreditando que ser produtivo e feliz era fazer aquilo que, ao final do dia, me dava a sensação de exaustão. E não de prazer. 

E quando eu resolvia dedicar meu tempo à escrita, apareciam as Veras. E elas estão por toda parte. Nas varandas, na tevê, no Instagram, nos textos dos outros e até na tela em branco, me dizendo: hoje você não tá inspirado, deixa pra amanhã. Pensando bem, a Vera deveria se chamar boicote ou autossabotagem. E pensando bem de novo, nós somos mais íntimos do que eu revelei no começo desta crônica.

Conheço muito bem a Vera e a amiga dela. E todos os amigos que estarão na feijoada. Só não entendi porque não estou no grupo de WhatsApp. Talvez porque todos ali me conhecem bem e sabem que o que eu queria mesmo era passar o sábado na rede, escrevendo e repondo o copo de negroni. 

Mas as Veras …as Veras são a minha perdição. E elas falam alto. E atrapalham a minha escrita. Acho que vou deixar esse texto pra amanhã. E vou avisar a Vera que, mesmo com feijoada rala, pé, orelha e língua, deveríamos ir na de quarenta. 

Porque sem samba, sem samba não dá, Vera. 

 
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Diego Brigido

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Jornalista e bacharel em turismo, com especialização em marketing estratégico e gestão de turismo e hospitalidade, com dezoito anos de experiência na Baixada Santista É editor-chefe da Revista Nove e do Guia Comer & Beber e colunista de Turismo e Gastronomia da Revista Mais Santos. Aquariano e inquieto, se aventura nas crônicas e poemas e está às vésperas dos 40.

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