Estou de mudança.
Já comecei a arrumar as coisas. E desarrumar os hábitos. Os velhos. Tem muita tralha espalhada por aqui ainda, mas, aos pouquinhos, tudo estará no seu lugar.
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O que não me serve mais, fica. E o que já me serviu demais também. Afinal, é preciso abrir espaço para o novo. Estou de mudança e, talvez, esta seja a mais demorada das minhas mudanças. E a mais temerosa.
Muita coisa acumulada nessa casa bagunçada. Muita coisa sem sentido ocupando espaço. No armário e no peito.
Que me desculpem os vizinhos, pois sei que esta mudança tá fazendo barulho. Aqui dentro também. O barulho do caos que busca a ordem. O novo é sempre barulhento. E o velho, por vezes rabugento. E resistente.
A mudança não me assusta, o tamanho da casa nova sim. Não quero que seja grande, pra não me perder de novo em meio à bagunça. Uma varanda com plantas e uma rede; uma escrivaninha com uma boa luminária — a visão, assim como eu, já não é a mesma — e uma cadeira confortável, para que eu possa repousar as palavras; uma cama que me abrace, para que eu possa repousar as angústias. Pra mim, tá de bom tamanho.
Cada ser é, em si, um universo. E organizar um universo, convenhamos, não é tarefa fácil. Mas, vez ou outra, é importante realinhar os planetas que orbitam em nós para que o sol volte a ser contemplado. É o que tenho feito. Ou, pelo menos, tentado.
A minha mudança é em busca de um novo sentido, de um novo sentir. E eu sei exatamente pra onde quero ir, mas tenho muitas dúvidas sobre os caminhos. E medo, claro. A vontade é de encontrar um atalho, mas sinto que preciso enfrentar a jornada. Acolher as dores e sentir o cheiro das flores.
Eu mudei aos vinte e poucos e aos trinta e poucos também. De casa, foram seis mudanças, de mim, já nem sei. Mas essa não é aquela mudança da experimentação, do novo a ser desbravado. Essa é a mudança praquele lugar em que eu sempre quis estar, mas nunca pude bancar. Ainda não sei se posso, mas as malas já estão prontas.
A viagem vai ser longa, vou em boa companhia. Tenho comigo as palavras.
Estou de mudança, me perdoem a poeira que sobe e os atropelos que ficam. Algumas coisas levo comigo pra que eu nunca me perca de mim. Tem coisa que vai, tem coisa que fica e tem coisa que chega. Mudanças são mesmo assim.
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