Tirei as férias para visitar antigos lugares. Aqueles que frequentei na minha infância. A casa onde morei. A escola onde estudei. Bares e restaurantes que ficaram na minha memória. Com seus menus inesquecíveis e doces sabores, que não reencontrei jamais.
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Amargo engano! Ninguém volta ao mesmo lugar. O tempo e as águas do rio não param de passar… Mudamos nós. O entorno mudou. A casa reformou. Melhorou? Deteriorou? O tempo passou… Nada mais se encaixa naquela lembrança imersa em carinhos e apreço. Resta o endereço.
O primeiro impacto foi rever a casinha onde eu morava. Tão menor do que imaginava! Ou eu que, pequena demais para as paredes e portas gigantes, subia e descia, maluca e alpinista, nos batentes e nas estantes? Achei a casinha tão descorada. Cinza. Mal pintada. Sem flores na entrada. Numa avenida enorme. Tão diferente. Cadê a terra batida? A garotada atrevida? Brincando com os pés imundos? Só carros passando, pisando bem fundo. Procurei uma mãe. Uma cachorra… Uma vizinha… Bati palmas. Ninguém vinha. Em nada parecia a casa onde eu vivia.
A seguir, fui ao colégio. Quase não encontro. Muro alto. Portão alto. Medo de assalto! E o colégio, envelhecido, lá dentro. Estadual, se desfazendo. E o recreio acontecendo… Pedi pra entrar. Não tinha o bedel. Nem o passa anel. Nem a velha cantina. Salas sem giz. Quadra vazia… Saí dali, como se eu nunca tivesse entrado. Tentando me reencontrar.
Sigo para tomar um bom vinho num daqueles restaurantes antigos, sentir no mosto, o gosto do passado e quem sabe, rever velhos amigos… E não havia mais nenhum. – O bar do Silvio, fechou? – Faz uns 30 anos! O velhinho avisou… E os salames e provolones despencaram das prateleiras da alma sobre mim! Pesados como a dura realidade.
Não dá mais pra voltar ao mesmo lugar… Voltemos para o sonho. Lá, esses lugares mágicos, intactos, ainda têm de estar!
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Eu tô amando ler os seus textos domingo de manhã. Uma delícia!!