Nas tardes quentes e alegres no meu quintal, eu falava com os gatos e cachorros. Às vezes, com os passarinhos que descansavam em cima do muro, observando as brincadeiras e preparando o próximo voo…
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Eram conversas simples. Mínimas. Sobre bolinhas e bichinhos. Pelos escovados e petiscos. Com os pardais, os assuntos eram mais complexos e esvoaçantes. Nuvens. Ninhos. Varais. Telhados vizinhos… Eu sentia o que eles sentiam. Imaginando na alma, sem qualquer tradução. Poder da emoção!
Eu também falava com as estrelas. Pedia que cortassem os céus. Na maioria das vezes, elas obedeciam. Até a lua, branca e nua, eu fazia cruzar de um lado ao outro do meu telhado. Demorava algumas horas. Um bocado. Mas eu conseguia…
Outras vezes, impedida de brincar, eu mandava a chuva parar. Tinha comigo um mantra poderoso e familiar. E a chuva me obedecia. Pingo a pingo, diminuindo. Até estancar. Eu sabia os poderes que eu tinha. Sem Hogwarts, nem varinhas. Poderes de Magia!
Como o poder de curar. Com remedinhos caseiros. Feiticeiros. Infalíveis para a minha boneca, pálida, sarar. E o poder de libertação. Com uma capa improvisada e uma espada na mão…
Mas foi na adolescência que ganhei o maior de todos. O poder do amor! Bastava olhar em seus olhos e começar a flutuar. Espelho de nossas almas, saíamos dos nossos corpos para nos encontrar.
Veio, então, o tempo maduro. Por vezes, duro. Com dissabores que não sei mais como transformar. Perdi certos poderes. Da leveza. Do voo. Do encantamento… Mas ainda falo com gatos, cachorros e pardais. A diferença é que eles, agora, não me compreendem mais…
E neste esvaziado pacote de poderes que ganhei quando criança, apenas um não posso perder jamais… O da esperança!
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