Tarde quente. A Rua da Liberdade fervilhava feito um vespeiro. Ele, recém- aposentado, não esquentava como o tempo. Não estava preso a mais nada. Nem emprego, nem mulher ou namorada. Mas alguma coisa ele ainda procurava. ÚLTIMO TOQUE
Aproveite descontos exclusivos em cursos, mentorias, eventos, festas e muito mais assinando o Clube 40EMAIS agora! Além disso, ganhe descontos em lojas, restaurantes e serviços selecionados. Não perca tempo, junte-se ao nosso clube!
Entrava e saia das lojinhas, subindo e descendo as ruas artérias que alimentavam o coração da cidade. O centro comercial de tantas glórias, tinha uma espécie de circulação extracorpórea. Indo e vindo de ambulantes, pedestres, pedintes e suas histórias…
Primeiro pensou em comprar roupas e calçados. Desistiu no ato. Não precisava mais de sapatos. Nem de ternos ou gravatas e nós apertando o pescoço. Poderia viver de moletom e um tênis velho que durasse até o osso.
Não queria livros. Nem relíquias em vinil. Tinha tecnologia suficiente para baixar o que bem entendesse nas redes. Também não queria nada esportivo. Seu time, em baixa. Barriga, em baixa. Pressão, colesterol e triglicérides em alta. O melhor era correr. Para um médico assim que possível. Talvez, no ano que vem!
Queria se dar um presente. Entrou rapidamente numa lojinha de importados e comprou um despertador. O melhor e mais barulhento que havia. Pagou cem pratas e foi pra casa.
Na véspera do novo ano. Colocou-o para despertar as cinco em ponto. Compromissos não tinha. Nem peru para colocar no forno. Era o Reveillon do abandono…
Queria o prazer imensurável de acordar no velho horário de trabalho e interromper o alarme maldito e diário e que destruía sua mente e o labirinto.
O alarme tocou. Esticou as mãos e deu o último toque. Definitivo, no torturador suíço. Virou-o contra a parede… e foi dormir numa rede.
MAIS NESSA COLUNA
Leia Também
|