Não é fácil escutar o silêncio. Descansar numa pausa. Deitar a alma e o pensamento. Ouvir o que a natureza anda dizendo… ouvindo
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Tenho conversado com o vento. Ele tem gemido nos últimos tempos. Um uivo faminto, de lobo eólico que chega rodopiando as folhas, tirando as telhas das casas e sacudindo as almas em desassossego. É urgente silenciar por dentro. Ouvir os sons mais ternos, menos violentos.
O som da brisa calma balança as folhas do coqueiro… É preciso estar atento. A água do rio desliza entre as pedras, gotejando e refrescando a alma por dentro. São plufs leves e perfeitos. Ouvi-los, exige silêncio…
Os bichos também falam. Os insetos pequenos rodopiam ao redor da lâmpada, zunindo até cair. Melhor não insistir. São loucos ou tontos no seu girar sem fim. Melhor ouvir os pássaros cantando livres no jardim…
A natureza tem sons sutis. Disque-disques. Chiadinhos. Zum zunz, tiriris. Voz das abelhas, zabelês, besouros e bichos esquisitos que conversam no ar. Outros na terra, se metem a gorjear. Os ouvidos treinados conseguem escutar os sustenidos ao longe e as notinhas semi-fantasmas no ar…
O poeta carece do oásis do silêncio. Por fora e por dentro, para ouvir o que a sua alma canta e o que sussurra o seu coração. Solitude não é solidão!
Pois é quando cessa a fala que a alma ouve o mais lindo canto… da natureza, poetando.
Zum… zum… zum… o outono chegou!
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